04. A MENTIRA

333 35 65
                                    




Inapropriadamente as pálpebras de Emilia se cerraram, um ato inconsciente, talvez em busca de ao voltar abri—las encontrar uma realidade distinta, contudo assim que suas finas pálpebras se afastaram aquela cena permaneceu intacta.

Seu estado era de exaustão, iniciar uma discussão não estava em seus planos ao retorna ao aconchego de seu esconderijo, todavia haviam invadido sua tranquilidade de maneira sorrateira, enquanto seu consciente travava uma batalha ao decidir se deveria sentir pena ou raiva, talvez os dois, mas não se fez capaz por optar por um.

—Alex – ouviu seus lábios proferirem em um tom afadigado.

—Eu sei – antecipou—se o jovem, agarrando—lhe as gélidas mãos, cerrando ao mesmo tempo a porta – Sei que me ignorou todo o dia – recordou – Não atendeu nenhuma das minhas chamadas – revelou sua insistência, esta ignorada por Emilia que propositalmente desligara seu aparelho telefônico naquele dia, não permitindo que Natalia lhe transferisse qualquer chamada relacionada com Alex ou seu pedido de matrimonio – Mas também sei que necessitava pensar – a arrastou até o meio daquele cenário romântico, sua sala – Pois a última vez que nos vimos foi difícil, contudo essa é minha forma de pedir uma segunda chance para nosso amor – suspirou ansioso— Eu não a esqueci – confidenciou com um brilho no olhar.

Em um ato protelatório, Emilia ganhou alguns segundos ao fitar mais detalhadamente a decoração em sua sala, não muito distinta do que havia visto ao cruzar a porta, exceto pelo ramalhete de rosas repousado em seu sofá ou as tampas de inox, sobre sua mesa de centro, que certamente mantinham o calor de alguma refeição.

—Por que não está usando a aliança? – questionou em um tom melancólico.

Retornando a sua sanidade, encontrando força escondida em seu interior, fitou seu dedo vazio, não hesitou ao encontrar aqueles olhos tomados por uma decepção, infelizmente deveria deixar a covardia de lado, a realidade havia lhe arrebatado e fugir seria insano e incorreto, bem como adiar o inevitável, mesmo ainda desconhecendo as palavras que estava prestes a proferir, mas que queimavam em seus lábios ao serem recordadas por seu inconsciente.

—Alex – suspirou, em um breve cerrar de pálpebras.

Buscando racionalidade e frieza arrancou suas mãos, não pestanejando em dar as costas a aquele homem, repousou sua bolsa no sofá, agarrando agilmente a pequena caixa de veludo vermelha que tanto a perturbara naquele fatídico, incomum e porque não bizarro dia.

Não se permitiu vacilar quando alcançou aqueles olhos marejados, como se previssem suas palavras, mas seus passos se tornaram hesitante, culpa de seu consciente que buscava piedade em suas rudez palavras futuras.

Optando pelo silencio, alcançou aquelas grandes mãos, pousando delicadamente a pequena caixa na palma daquele homem e cerrando os dedos dele entorno desta.

—Desculpa – lamentou – Não posso – sussurrou encontrando aqueles melancólicos olhos.

—Mas— pestanejou em um tom decrescente.

—Não – interpôs – Não posso – garantiu – Não o amo – infelizmente as palavras saíram mais ásperas do que o planejado, mas eram necessárias.

—Você não pode – chacoalhou a cabeça incrédulo – Uma chance apenas – implorou, alcançando aqueles olhos castanhos.

—Acabou – recordou, com suas entranhas embrulhadas por uma vez mais ser a vilã daquela história.

—Não – protestou – Não acabou – a encarou com um fio de esperança em seus olhos.

—Alex— suspirou, devido à exaustão daquele dialogo, retrocedendo alguns passos e cessando qualquer contato – Você foi impetuoso, agiu sem pensar, sem ao menos saber o que sinto ou quero – lamentou aquela precipitação com final trágico.

Duas vezes Você [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora