– E o sonho dela era que essa aliança estivesse em seu dedo, ela nunca se conformou com nosso termino – concluiu, observando o desviar da atenção da mulher ao seu lado— Então me permita realizar o sonho de minha mãe – pediu – Mesmo que de mentira— ponderou o homem de cabelos castanhos alinhados e olhos inexpressivamente verdes.Sem piedade seu consciente rememorou aquelas palavras, enquanto estáticos seus olhos pousavam sobre o anel em seu dedo, com as mãos repousadas em seu regaço, ignorou os constantes murmúrios ao seu redor.
Culpa!
A implacável culpa não a abandonava desde a noite em que Tobias deslizara aquele anel em seu dedo, já se fazia duas noites, sentia—se ridícula diante daquele sentimento, como também por estar incomoda ao mentir aos mortos. Afinal Esmeralda Nash em muitas oportunidade havia feito o papel vazio em sua vida, o de mãe, pois sua avó materna, com certa idade, pregava ainda ensinamentos do século passado, incumbindo assim Esmeralda faze—lo, como a acompanhar para comprar o primeiro sutiã ou discutir o assunto que tanto Germano havia fugido, a primeira vez de uma garota.
Após sua partida para Londres a encontrou algumas poucas vezes, sendo recebida com o mesmo carinho por aqueles delgados braços, mas Emilia sempre buscou fugir quando em meio a uma conversa o nome '' Tobias '' era proferido, com essa mesma necessidade de fuga negligenciou seus sentimento, evitando voltar para Madrid assim que seu pai lhe avisou sobre a morte do casal Nash em um acidente automobilístico, exatos dois anos após a partida de sua avó, porém não deixou de sentir a dor com a mesma intensidade ou mais do que se fizesse presente no ritual fúnebre.
Tragando a saliva, sentiu o ar lhe faltar, seus pés se inquietaram, uma vez mais se via sobre o efeito de sua fobia, contudo em um lugar que não apresentava saídas de emergência. Agarrando o fino corpo de sua taça, ingeriu o gélido e alcoólico liquido buscando afogar o inapropriado sentimento de culpa por mentir a alguém que a amava.
Com o canto superior dos olhos fitou o casal a sua frente que animadamente conversava, Leticia e seu advogado, Miguel Angeles, um homem de estatura mediana, cabelos negros, olhos azuis, pele morena, sorriso contagiante e gentil. Mesmo ainda não compreendendo como havia aceitado participar daquele almoço no Casacruz, lá estava, sendo testemunha do início do fim do casamento de seus amigos.
–Malditamente – suspirou entre os dentes – Aquela mulher é única – revelou, abaixando os ombros derrotado – A pior droga que já provei – suspirou.
Arfando o ar entre seus lábios, tombou novamente o olhar contra seu intocável salmão branco com molho barbecue de lentilhas, uma das especialidades do Casacruz, ignorando o requintado ambiente, com paredes de madeiras, tons de marrom com vermelho nos moveis, sentiu—se uma vez mais a duas noites atrás, onde acidentalmente vira Leticia atravessar o salão furiosa e curiosa aproximou—se da porta a procura de Federico, mas os gritos diminuíram suas passadas a impedido de alcançar a soleira da porta e ser avistada.
– Aquela mulher é única – revelou, abaixando os ombros derrotado – A pior droga que já provei – suspirou.
Incansavelmente seu consciente buscava lógica, sensatez e qualquer racionalidade naquelas palavras, bem como a razão por elas haverem sido gravadas em sua mente, em incansável repetição diabólica.
Com apatia recebeu aquelas palavras incompreensíveis, pois era certo que Tobias Nash era um homem diabólico, sem sentimentos além de ódio, porém aquelas palavras a conduziam em direção a um caminho incomumente lógico, pois a junção daquelas letras soavam com perfeição racionalidade em um conotação sexual.
–Que lastima – a interrompeu melancolicamente – Estava ansioso para voltar a ouvir você gemendo meu nome – a provocou curvando seus lábios em um sorriso.
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Duas vezes Você [✓]
RomanceQuantas vezes uma pessoa tem o direito de invadir a sua vida e destruir tudo? Emília Field tem a resposta para essa pergunta na ponta da língua: 2x ou duas vezes. Duas vezes é o número exato que teve Tobias Nash como protagonista em sua vida. Her...