05. O PACTO

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Emilia Field  não ignorou o impacto que acometeu seu corpo assim que aqueles olhos verdes fixaram—se nos seus, sentia—se extasiada, a figura do onipotente Tobias  Nash  havia se quebrado e a real faceta do cafajeste que tanto conhecia estava visível a quem quisesse ver.

Contudo não conteve o asco, enquanto atentamente seus olhos castanhos observavam aquele homem se desvencilhar da mulher que pouco parecia se importar com sua presença.

—Não – garantiu Tobias  Nash, recompondo—se, mas não sendo capaz de ocultar todos os vestígios de seu quase ato sexual, como os cabelos bagunçados, lábios com resquícios vermelhos, camisa branca amarrotada, gravata cor de vinho desalinhada em torno de seu pescoço e algo peculiar em seu rosto, que não parecia ser resultado daquele amasso, um vermelhidão, quase roxo em torno de seu olho esquerdo. – Por favor, Marcela, nos deixe a sós – solicitou rispidamente, voltando a trajar a máscara do homem onipotente com olhos de serpente.

—Tobias  – pestanejou em um tom arrastado, a mulher de cabelos loiros, pele morena, busto avantajado, roupa justa, mas amarrotada, um fato que buscava sanar ao alisar as mão sobre sua saia, que chegava ao meio de suas coxas, porém um ato inútil.

Era ridícula aquela cena, os pulmões de Emilia já começavam a lhe falhar, um sinal que sua paciência estava por se esvair por completo, era prazeroso desafiar Tobias  Nash, mas não era confortável presenciar atentamente aquele momento nauseante.

—Por favor, Marcela – solicitou em um tom áspero, enquanto seus olhos estava fixos nos da mulher parada em sua porta – Já discutimos o necessário e garanto que o Nicolás vai ordenar que o recursos humanos dê as melhores recomendações para você arrumar outro emprego – afirmou, fitando pôr fim a mulher loira parada a seu lado.

—Obrigado – agradeceu Marcela, com um largo sorriso nos lábios.

Em um ímpeto a mulher de cabelos loiros, agarrou entre suas mãos a face do único homem presente naquela sala e selou seus lábios sem permissão, com repulsa, sentindo a náusea crescente em seu interior, Emilia encarrou o chão, enquanto um suspiro de impaciência escapou por suas narinas.

—Te amo – quase gritou Marcela.

O cenho direito de Field  se arqueou, seus lábios se comprimiram, se não fosse a fúria que ainda percorria suas veias e apenas havia aumentado com aquela cena, já haveria abandonado aquela sala e proibido qualquer aproximação de Tobias  Nash, mas foi incapaz de ceder a tal sanidade.

O ar expirou por suas narinas, assim que seus olhos alcançaram os saltos da mulher caminhando em sua direção, a encarou, encontrando uma faceta de superioridade assim que passou a seu lado, um gesto que obrigou seus olhos a se revirarem.

Honestamente, os critérios de Tobias  haviam mudado, ou melhor caído, a ponto de quase não ter critérios com relação as mulheres que levava a cama. Contudo preferiu guardar tal constatação, assim que seu castigo caminhou em direção ao pequeno bar de carvalho envernizado no canto da sala.

—Suponho que essa seja a antiga secretária – concluiu em um tom agudo enquanto fechava a porta, não havia sentido ciúmes, apenas asco, todavia as ganas de esbofetear aquele homem formigavam em sua mão, pois o odiava e se odiava por um dia haver estado e desejado estar em seus braços, tal qual aquela mulher.

—Sim – assentiu secamente, enquanto ocupava a atenção de seu olhos no copo que enchia com um liquido incolor a sua frente – Aceita beber algo? – perguntou calmamente, como se nunca houvesse lhe enviado uma flor, ou sido flagrado naquele ato libidinoso, ou quase libidinoso.

—Apanhou do namorado dela? – inqueriu com um sorriso provocativo nos lábios

Adorava! Amava! Provocar a serpente de olhos verdes, até aquele dia não havia surgido a oportunidade, mas parecia que sua semana prometia melhorar e certamente sairia daquela sala vitoriosa.

Duas vezes Você [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora