Entre os gélidos e bagunçados lençóis – que roçavam em seu corpo desnudo — Emilia envolveu entre seus braços o cálido corpo ao seu lado, sentindo o calor daquela bronzeada pele, deslizou a face sobre o tórax liso e pouco musculoso, sentindo—se segura com aqueles braços em torno de seu corpo – a arrebatando de qualquer realidade.Todos diziam que seria dolorosa sua primeira vez, a pior experiência de sua vida, porém sentia—se em êxtase, dedicando toda sua atenção para o musculo que batia incansavelmente próximo ao seu ouvido – tum tum tum – era um som descompassado e acelerado, mas a felicidade em seu interior tornava aquele som singular a melodia mais romântica já ouvida em toda sua vida.
Sabia que jamais esqueceria aquela caricia em suas madeixas – quase um cafune— relaxando todo seu dolorido corpo – não havia sentido a dor pintada por todos, mas não havia deixado de senti—la – porém a certeza que aquele era seu lugar— seu lar— era maior e preenchia seu interior em uma felicidade que juraria se possível transbordaria, pois o grito de alegria já estava entalado em sua garganta e expresso em seus lábios curvados.
Seu olhos tombados sobre aquela pele entre seus dedos, o silêncio, apenas a tranquila respiração de ambos, a penumbra da Lua, que invadia sem permissão a fenda entre as cortinas, tornava a imagem mais tranquila possível – detalhes já cravados em sua mente – a satisfação da certeza que no dia seguinte o aroma de seu amado ainda estaria impregnado em seu corpo a fazendo recordar sua ausência, mas sorrir diante das recordações.
— Diga algo — Tobias suplicou suavemente, como se a falta de palavras o perturbassem.
Alargando seus lábios, Emilia apenas elevou seu olhar, apoiando seu queixo onde a segundo sua cabeça repousava – analisou – com cuidado os cintilantes olhos verdes – que brilhavam com mais intensidade na penumbra— que a admiravam, tendo a certeza que aquela noite jamais seria substituída por um sentimento de arrependimento.
— O que você quer que eu diga? — sorrindo, desenhou com a ponta do dedo indicador o duro queixo diante de seus olhos.
— Não sei — arfando o ar, proferiu com delicadeza — Se a machuquei? Como está se sentindo? — preocupou—se, afagando o desnudo ombro sob seus dedos — Qualquer coisa que queira dizer — suspirou desconfortável, encarando os olhos castanhos atentos a si.
— Qualquer coisa? — estreitando os olhos, manteve a curvatura apenas de um canto de seus lábios.
— Qualquer coisa — assentiu prontamente, enfatizando as palavras com um suave movimento de sua cabeça apoiada sobre o travesseiro.
— Sendo assim — suspirou melancolicamente o ar, abaixando o olhar, sentiu o corpo embaixo do seu se tornar tenso, tamborilando a ponta de seus dedos sobre a cálida pele, formou uma linha rígida entre seus lábios voltando a encarar certo receio nos olhos verdes daquele jovem — Eu amo você, Tobias Nash — sorriu radiante diante de sua confissão e o suspiro aliviado de seu namorado.
— Eu também amo você, Emilia — garantiu, pousando os lábios sobre os cabelos da menina entre seus braços.
Encarando o reluzente anel em seu dedo — a mulher de cabelos castanhos contido em um coque casual – memorou aquele momento de sua vida, inspirando o ar carregado, sentia—se estranhamente contraditória, afinal a um pouco mais de seis anos atrás havia se entregado a Tobias Nash e certamente naquela época, ter aquele anel em seu dedo –seria— sentiria a plenitude da felicidade.
Mas sete anos se passaram
Vociferou seu consciente – sete anos – onde tudo mudou e lá, sentada na gélida cadeira de metal, entre uma senhora idosa que fazia barulhos estranhos com a boca – certamente brincando com sua dentadura – e uma criança inquieta, que jogava um irritante jogo.
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Duas vezes Você [✓]
RomanceQuantas vezes uma pessoa tem o direito de invadir a sua vida e destruir tudo? Emília Field tem a resposta para essa pergunta na ponta da língua: 2x ou duas vezes. Duas vezes é o número exato que teve Tobias Nash como protagonista em sua vida. Her...