15. PRETENDENTES A SAPOS

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Entre os gélidos e bagunçados lençóis – que roçavam em seu corpo desnudo —  Emilia envolveu entre seus braços o cálido corpo ao seu lado, sentindo o calor daquela bronzeada pele, deslizou a face sobre o tórax liso e pouco musculoso, sentindo—se segura com aqueles braços em torno de seu corpo – a arrebatando de qualquer realidade.

Todos diziam que seria dolorosa sua primeira vez, a pior experiência de sua vida, porém sentia—se em êxtase, dedicando toda sua atenção para o musculo que batia incansavelmente próximo ao seu ouvido – tum tum tum – era um som descompassado e acelerado, mas a felicidade em seu interior tornava aquele som singular a melodia mais romântica já ouvida em toda sua vida.

Sabia que jamais esqueceria aquela caricia em suas madeixas – quase um cafune— relaxando todo seu dolorido corpo – não havia sentido a dor pintada por todos, mas não havia deixado de senti—la – porém a certeza que aquele era seu lugar— seu lar— era maior e preenchia seu interior em uma felicidade que juraria se possível transbordaria, pois o grito de alegria já estava entalado em sua garganta e expresso em seus lábios curvados.

Seu olhos tombados sobre aquela pele entre seus dedos, o silêncio, apenas a tranquila respiração de ambos, a penumbra da Lua, que invadia sem permissão a fenda entre as cortinas, tornava a imagem mais tranquila possível – detalhes já cravados em sua mente – a satisfação da certeza que no dia seguinte o aroma de seu amado ainda estaria impregnado em seu corpo a fazendo recordar sua ausência, mas sorrir diante das recordações.

Diga algo Tobias suplicou suavemente, como se a falta de palavras o perturbassem.

Alargando seus lábios, Emilia apenas elevou seu olhar, apoiando seu queixo onde a segundo sua cabeça repousava – analisou – com cuidado os cintilantes olhos verdes – que brilhavam com mais intensidade na penumbra—  que a admiravam, tendo a certeza que aquela noite jamais seria substituída por um sentimento de arrependimento.

O que você quer que eu diga? ­sorrindo, desenhou com a ponta do dedo indicador o duro queixo diante de seus olhos.

Não sei arfando o ar, proferiu com delicadeza Se a machuquei? Como está se sentindo? preocupou—se, afagando o desnudo ombro sob seus dedos Qualquer coisa que queira dizer suspirou desconfortável, encarando os olhos castanhos atentos a si.

Qualquer coisa? estreitando os olhos, manteve a curvatura apenas de um canto de seus lábios.

Qualquer coisa assentiu prontamente, enfatizando as palavras com um suave movimento de sua cabeça apoiada sobre o travesseiro.

Sendo assim suspirou melancolicamente o ar, abaixando o olhar, sentiu o corpo embaixo do seu se tornar tenso, tamborilando a ponta de seus dedos sobre a cálida pele, formou uma linha rígida entre seus lábios voltando a encarar certo receio nos olhos verdes daquele jovem Eu amo você, Tobias  Nash  sorriu radiante diante de sua confissão e o suspiro aliviado de seu namorado.

Eu também amo você, Emilia garantiu, pousando os lábios sobre os cabelos da menina entre seus braços.

Encarando o reluzente anel em seu dedo — a mulher de cabelos castanhos contido em um coque casual – memorou aquele momento de sua vida, inspirando o ar carregado, sentia—se estranhamente contraditória, afinal a um pouco mais de seis anos atrás havia se entregado a Tobias  Nash  e certamente naquela época, ter aquele anel em seu dedo –seria— sentiria a plenitude da felicidade.

Mas sete anos se passaram

Vociferou seu consciente – sete anos – onde tudo mudou e lá, sentada na gélida cadeira de metal, entre uma senhora idosa que fazia barulhos estranhos com a boca – certamente brincando com sua dentadura – e uma criança inquieta, que jogava um irritante jogo.

Duas vezes Você [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora