28. CRETINO ENCANTADO

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Príncipe Cretino Encantado

O ódio é o prazer mais duradouro. Os homens amam com pressa, mas odeiam com calma.

Ódio, Tobias  Nash, jamais teve sua mente tão perturbada com aquelas palavras, aquela frase que ele não se recordava a quem pertencia, mas certamente – apostava todas as suas fichas— que havia sido ditas por Byron – um homem peculiar, poeta sem escrúpulos e sem pudor ao amar – não tinha devoção por ele, mas tão pouco deixava de apreciar sua libertinagem descritas em palavras e vividas tão vorazmente.

Incrivelmente o ódio estava deixando de ser um prazer duradouro – odiara Emilia Field  – por longos sete anos e alguns meses, odiara aquela mulher com a mesma devoção com a que amará. Se tornará um sobrevivente, mas tudo estava mudando. Estava cansado de fingir sentir o que não sentia.

Não podia negar o que sentirá na noite passada. Mesmo sentado diante daquela mesa perfeitamente posta – com bela louça – acompanhado de dois convidados que não diria ser sua primeira escolha: Alba e Alfredo. Sabia que não podia negar que a noite passada se revelará uma vez mais importante, onde se deu conta que aquela bela megera dos olhos castanhos estava— definitivamente – tomando mais e mais de si.

E foi no momento, que encontrou Alex e ela quase se beijando, que passou a entender menos a si e mais a ela: seus temores, receios, preservação e atitude. E a realidade se abriu diante de seus olhos, quando se deu conta que estava sofrendo com as consequências de suas escolhas – escolhas de sete anos atrás— não de dois dias atrás.

Dias após aquele acontecimento – após dias a odiando –  percebeu finalmente que o ódio realmente não existia mais e o que restava era a necessidade de estar com ela quase todo o tempo – com ou sem sexo – queria seu cheiro em suas roupas, seu toque contra sua pele, seus lábios colados. Queria tudo daquela mulher. A ponto de sentir a necessidade de se preservar, pois ao querer estava disposto a dar. Daria qualquer coisa que Emilia lhe pedisse.

E como a sete anos atrás, sentia—se um insano – mais insano ainda – pois aquela mulher não saia de sua cabeça – fosse em forma de ódio, obsessão, desejo ou qualquer outra definição – lá estava ela.

Era doentio, a relação deles havia deixado de ser um amor de adolescentes, para se tornar algo doentio – simplesmente pelo fato de não ser normal. Onde finalmente ele entendia as atitudes daquela mulher que lhe roubava as noites de sono: autopreservação. A mesma autopreservação que estava jogando pela janela ao abraça—la na noite passada, ao semanas atrás decidiu ser menos o que havia se tornado e mais quem deveria ser – ou quem sentia vontade de ser quando estava com ela – não havia deixado de ser um cretino. Mas afinal até Byron amou – mesmo sendo sua própria irmã – porque ele, não poderia ser um cretino que desejava sua ex namorada ou a mulher que a muito quis destruir.

Porém como encarar o medo de descobrir o que sentia – ou dizer em voz alta – quando nada de bom poderia sair daquilo, quando uma vez mais ele poderia ser deixado derrotado e ela partir vencedora.

Definitivamente os sentimentos não eram justos e os temores eram os piores conselheiros – realmente seria mais fácil matá—la ou prende—la em uma masmorra – mas não podia, tinha que a compartilhar com todos, deixando vivo seus pesadelos, que existiam mais por suas inseguranças do que pela segurança dela.

Porém o temor – problema – não era sentir, viver naquela confusão, pagar por seus pecados, era como dar palavras ao seu interior. Como declara—los em voz alta? Afinal Emilia era uma fujona nata, diante da primeira instabilidade, perigo, temor e se disse que talvez estivesse sentindo a necessidade de aquele trato durar mais do que o combinado – porque era o que realmente queria – ela não hesitaria em sair correndo.

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