14. JUNTOS

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Juntos – na alegria, na saúde e no amor.

Juntos  — na guerra, na desconfiança e na vingança.

Irritada — a mulher de cabelos castanhos e pontas loiras presas em um rabo lateral que repousava sobre seu ombro direito, trajando um vestido branco de algodão, com o cós elástico estilizado e irregular, saia rodada e corpo plissado pelo franzido do decote, cobrindo até o meio de suas coxas, completando a extensão de suas pernas com belos saltos rosa escuro – fitou a bela paisagem, através da vidro que alcançava o piso ao teto– a cidade de Madrid – a localização do apartamento de Leticia proporcionava uma estonteante vista, perfeita para passar os últimos minutos do ano.

Tombando os olhos sobre sua taça – ignorou os demais convidados que animadamente caminhavam ao seu redor pela sala que possuía alguns moveis como obstáculo, bem com o incomodo barulho de estouro de fogos de artificio pelo estrelado céu da cidade — sentindo a gélida brisa que circulava entre as janelas abertas da cobertura daquele prédio, arfou com desgosto o ar quando de relance seus olhos alcançaram a aliança de diamante posta em seu dedo.

Como o odeio, Tobias 

Grunhiu seu consciente, pois aquele homem estava jogando consigo, como uma serpente silenciosa dava seus botes, lhe proporcionava desejos inconfundíveis, mas mostrava que era apenas uma peça a mais de seu jogo – isso havia ficado evidente a praticamente duas semanas atrás – duas semanas sem vê—lo – semanas em que se aferrou no trabalho, enquanto Tobias  viajava, para seu alivio ou tormento, afinal naqueles dias pouco conseguiu comer, ou dormir e o pouco que conseguiu sempre acabava sendo interrompida por sonhos eróticos com seu noivo. E cada noite mais intenso que o anterior a ponto de alguns dias despertar com a sensação em seu corpo de um orgasmo real.

Em queda

Aturdida, sentia—se em queda, quase despencando na manhã do dia vinte cinco, praticamente uma semana atrás, recordou, estreitando a atenção de seu olhar contra as pequeninas bolhas que emergiam no interior de sua taça.

— Assine aqui — apontou o jovem em direção a lousa digital entre sua mão.

Obediente, Emilia não pestanejou ao desenhar sua assinatura sobre aquela tela de vidro, rapidamente a devolvendo ao jovem, praticamente um adolescente. Recebendo uma quadrada e baixa caixa de papelão, fechada com um evidente laço vermelho.

— Obrigada — curiosa, agradeceu, cerrando a porta, sentiu a curiosidade percorrer seu interior.

Retornando pelo silencioso caminho de seu apartamento, receosa pousou a caixa sobre o balcão de mármore da cozinha, agarrando o pequeno cartão marfim entre seus dedos, afastou a parte que escondia as letras escritas sobre o papel.

Peo os vehos Tempos.

Feiz NαTαℓ!

                                                tobias

Uma singular risada irônica escapou por seus lábios como um sussuro, motivada por seu nervosismo, surpresa e receoso. Tragando a saliva por sua traqueia, arfou o ar entre as narinas, buscando afastar aqueles inapropriados sentimentos.

Corajosa, agarrou a tampa, afastando em uma velocidade que impedisse qualquer covardia. Surpresa deparou—se com um papel seda, escondendo um objeto.

Assoprando o ar entre seus lábios, ignorou o reboliço de seu estomago, certamente se não houvesse sido despertada de um sonho erótico com aquele homem, não estaria naquele estado inconstante e temeroso, como se algo em seu interior pudesse ser quebrado.

Duas vezes Você [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora