08. PRELÚDIO

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— Está mais irritada do que de costume – averiguo o homem de cabelos castanhos e olhos verdes atentos na mulher ao seu lado.

Ignorando aquelas palavras, os olhos castanhos de Emilia se concentraram nos números acima da porta do elevador, inspirando o ar por suas narinas, o expirou entre seus lábios, ignorando a presença do homem ao seu lado, ávida apertou uma vez mais o botão vermelho na parede revestida de mármore.

Impaciente tencionou os músculos de seus ombros, engolindo a amarga saliva no interior de sua boca, sentia—se exausta, considerava sua manhã longa o suficiente que não pestanejaria em decretar seu fim naquele momento.

— Não gostou de relembrar os velhos tempos? – inquiriu Nash – Porque duvido que tenha problemas em contar mentiras— a ironia tomou o tom de suas palavras – Afinal já contou tantas – resmungou em meio a uma fraca risada amarga.

Revirando os olhos, Field direcionou seu olhar para o corredor a esquerda, um curto caminho, que escondia a porta que dava passagem para as escadas, tentada a mudar sua rota, mordeu o interior de seu lábio inferior.

Exausta!

Contudo a exaustão era tanta, que não creia ter forças suficientes para completar os lances de escadas até o último andar, voltando a encarar o número em cima da porta do elevador.

Será que quebrou?

Questionou seu consciente diante daquela maldita demora ou seria a presença daquela serpente diabólica que tornava o tempo torturantemente longo, longo o suficiente para dar a sensação de eternidade.

— O silêncio não é a melhor arma – advertiu roucamente.

—Melhor que usar minhas garras para arrancar suas bolas — rangeu os dentes em um tom audível, ignorando o suspiro do homem ao seu lado.

—Vou começar a achar que está com ciúmes – anunciou, evidenciando em seu tom certa satisfação.

Sério? Quer iniciar outra batalha nessa manhã?

Grunhiu seu consciente, reunindo forças em cada canto de seu corpo, tragando a saliva no interior de sua boca, comprimiu com força suas pálpebras.

—Você ficava com essa mesma expressão quando estava se remoendo de ciúmes por dentro – recordou, aproximando seus lábios da orelha feminina ao seu lado.

—Sério? – disparou ignorando qualquer sensação que aquelas palavras acariciando sua orelha pudessem ter causado – Não foi suficiente? – encarrou irritada aqueles olhos verdes – Já não se divertiu o bastante colocando eu e a Nora em uma mesma sala? – girou seus calcanhares, expandido suas narinas ao inalar o ar – O que mais necessita recordar? – seus ombros se tornaram eretos e rígidos.

Cretino!!

Seus dentes rangeram, diante do sorrio diabólico em que os lábios daquele homem se curvaram, com as íris brilhantes.

— Por você apenas sinto asco, Tobias – Emilia disparou diante do silêncio em meio a um suspiro –E acredite não há nada que você possa fazer para me atingir – advertiu, contemplando a mudança de tom daquelas íris verdes – Pode me colocar em uma sala com todas as mulheres que passaram por sua vida – sugeriu – Ou tentar me fazer recordar de tudo que vivemos – seguiu dando de ombros – Usar suas belas palavras, que certamente devem funcionar com todas as mulheres – seus lábios se curvaram em um sorriso irônico – Contar quantas mentiras quiser perante os jornalistas ou me acusar por todos os crimes que me ache merecedora – ressaltou – Que nada vai me atingir – suas narinas tragaram o ar.

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