Duas vezes Você [✓]

17. BRINDE AO DESASTRE

Desastre

Existem desastres bons e maus, aqueles que iniciam algo ou dão fim a tantos outros, mas na vida de uma mulher de negócios, noiva de um homem que odeia, a palavra desastre pode significar – a gota d'água – agora basta esperar para ver se será o fim ou o início.

A mulher parada em uma rua deserta de Barcelona, compreende bem como um desastre pode acabar com o dia ...

Escaldante, o Sol brilhava quase no alto de Barcelona, do quente asfalto a temperatura aumentava, o som dos pássaros eram a companhia perfeita para a parte descampada da região, conflitante com os afastados prédios em construção – que no meio daquela manhã estavam silenciosas – e o carro quebrado no meio daquele lugar parecia não incomodar a ninguém.

— Estou no meio do nada Francesca — irritada, recordou caminhando de um lado para o outro em frente ao automóvel parado — E a última coisa que quero saber é de seu jantar com o Diogo  — esbravejou, arfando o ar pelas narinas com fúria, completamente irritada devido à alta temperatura e o atraso que completava trinta minutos, do guincho.

— Nosso — recordou sarcasticamente, evidenciando a necessidade de culpa—la uma vez mais por serem obrigadas a participarem daquele desastre — Então sugiro que se acalme — resmungou evidentemente irritada e frustrada.

Fechando as pálpebras, inconscientemente, inspirou o ar inflando os pulmões, o expirando com calma entre seus lábios, em silêncio, recostou o corpo na lateral do carro, prendendo a atenção na descampada paisagem – gramado seco, alguns galhos que deveriam ser considerados como árvores que brotavam do árido solo, espaços de terras secas— mas uma vasta visão para parte da cidade, aquele era seu trajeto habitual do aeroporto para a cidade. Havia sido reconfortante os três dias restantes sem Tobias , que partiu naquela manhã mesmo – perturbadora – em que ela despertou em seus braços. Contudo – como previsto – a luz do dia trouxe a realidade e a distância alimentou o ódio, culpa de uma reportagem que estampara a capa da revista Celebrities, com Tobias  Nash  — o milionário com sorte nos negócios e no amor – em letras garrafais e douradas que se destacou na capa branca.

Como é ser noivo de uma mulher com um sucesso semelhante ou maior ao seu? Interessante (risos); Ambos temos gênios forte e isso pode parecer difícil, apenas defino como intenso, agressivo, desafiador e nada monótono. Mas é tranquilizante saber que não preciso me preocupar com a estabilidade financeira dela, nem o contrário, isso nos dá tempo para mais coisas. Afinal aquela mulher não consegue manter as mãos longe de mim. 

— Emilia? — o berro do outro lado da linha, fez com que a recordação do acontecimento do dia anterior se esvaísse de sua mente, pois não havia sido suficiente jogar aquele exemplar na lixeira para deixar de odiar aquele cretino.

— O que? — revirou os olhos em meio a um longo e demorado suspiro, inclinando a cabeça para trás, amaldiçoando os minutos naquele lugar.

— Você não está prestando atenção — reclamou em um berro indignado do outro lado da linha — Necessito de ajuda para fazer com que o Diogo  perca o interesse por mim — choramingou Francesca.

E eu para me livrar de Tobias  Nash  – curvou seus lábios ironicamente, devido à ausência de um plano ou a mera cogitação.

— Não seja você — sugeriu não pensando nas palavras — Afinal parece que ele adora seu gênio explosivo — apontou, maneando a cabeça, enquanto os lábios se movimentavam em desdém diante da lógica.

— Genial — gritou a mulher do outro lado da linha, obrigando Field  afastar alguns centímetros o aparelho de sua orelha, curvando as sobrancelhas, quase fechando os olhos diante a dor aguda em seu tímpano com aquele grito — Amei — diminuiu seu tom, aquele tom que delatava que estava planejando inúmeras coisas.