13. NA VINGANÇA

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Filósofo, critico, poeta e compositor alemão, Friedrich Nietzsch – revolucionário de uma época com palavras eternizadas – não equivocou—se ao proferir as seguintes palavras:

'' O verdadeiro homem quer duas coisas: perigo e jogo.  Por isso quer a mulher: o jogo mais perigoso''

Tobias  Nash  não necessitava de vasta compreensão para encaixar seu querer nessas palavras, Emilia Field  era a pior droga que seus lábios, tato e corpo haviam provado, como a tentação de um vinho ao seu paladar, aquela mulher havia se tornado para seu corpo – uma bebida rara no corpo de mulher – uma adversária perigosa, astuta e ácida, sempre disposta a batalhas, mas uma coisa aquele homem tinha certeza, ela jamais venceria a guerra.

Em uma rígida linha tensa seus ombros se armaram, o maxilar rígido, olhar fixo nos números acima de sua cabeça, inalou sem pressa o ar presente naquela pequena caixa de chumbo.

Sua necessidade por aquela mulher estava se tornando maior que seu ódio, ou talvez possui—la fosse a vingança necessária para satisfazer aquele sentimento, pouco importava concluir o que sentia, a muito os sentimentos em seu interior se mesclavam, percorrendo uma oscilação inapropriada a sanidade de qualquer ser humano, afinal Field  era sua insanidade, a mulher que mais havia desejado em sua vida – e ainda desejava— mas a que mais odiava. E ela também o odiava, mulher alguma jamais havia ousado apertar suas bolas sem remorso algum, contudo não deixou de notar que aquele ódio era confuso até para ela.

Friamente, encarou o fosco reflexo na porta diante de si, inexpressivamente buscou seus próprios olhos, escurecidos, a figura de um cretino não o espantava, afinal a muito esquecerá o que era a sobriedade de sentimentos.

— E quando pretendia me contar sobre seu encontro com Tomas? — tomado por uma completa fúria encarou os espantados olhos castanhos diante de si, encarando uma vez mais a fotografia em sua mão, a imagem perfeita de um ex casal que se reencontrara na última férias de verão, a qual ele não acompanhara sua namorada — Ou pretendia não fazê—lo? — deduziu diante do silêncio da jovem diante de si, pressionando com força o firme papel entre seus dedos.

— Foi só um encontro nada de mais — Emilia justificou apressada, em um tom embargado de emoções — Casualmente ele também se encontrava em Sevilla e marcamos algo — garantiu, buscando soar naturalidade em seu tom — Não significou nada — oscilando seus ombros, embargou seu tom com sinceridade.

— Não significou nada? — revirando os olhos, a risada irônica que escapou pelos lábios de Tobias  quebrou o silêncio — Não sou idiota, Emilia — rosnou amargando seu tom e enrijecendo sua expressão — Se esse encontro não tivesse significado nada você teria me contado — disparou, amassando o papel entre seus dedos e atirando com força contra o piso de madeira — E não permitido que descobrisse sozinho — enrugando as expressões em torno de seus lábios e olhos, memorou o momento em que acidentalmente encontrou aquela fotografia escondida entre as páginas de um livro que pertencia a Emilia.

— Apenas queria evitar uma discussão — abaixando os ombros, suspirou toda a frustração de seus atos equivocados — Porque realmente, não teve nenhuma importância para mim esse encontro — garantiu encarando o piso sob seus pés, buscando de relance a expressão de Tobias .

— Não acredito — deu de ombros, maneando negativamente a cabeça, com a decepção estampada em seus olhos.

Apaticamente seu miocárdio palpitava, com dor a cada movimento que se espalhava por seu corpo, o sentimento de traição nublava seu interior, a lembrança do sorriso de Emilia ao lado de Tomas era como um pesadelo que não evitava em incentivar sua imaginação ao cogitar cenas piores que eles abraçados para congelar o momento em uma foto – naquele momento algo em seu interior se quebrou.

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