Emilia Field fitou, uma vez mais, naquela manhã seu reflexo no espelho do elevador, amaldiçoando a imagem refletida, deu as costas, levando seus olhos atentos, mas distraídos devido as explanações de seu consciente, aos números dos andares a sua frente, indo para o último andar. Ignorando as pessoas que entravam e saiam, pessoas aleatórias com sorrisos gentis, que apenas eram capazes de arrancar um suave movimento de seus lábios acompanhados de um inclinar cordial de sua cabeça. Incomumente, aquela era uma das manhãs em que maldizia o fato de ser a herdeira dos Field 's, carregar aquele império em suas costas, quando o peso de sua própria história era demasiada carga, para alguém que não poderia ter rompantes de raiva ou alterações de humor, como qualquer mulher de sua idade, lhe cabendo apenas a elegância do silencio.Em comum acordo seu consciente e inconsciente a puniam naquela manhã, uma punição que iniciara—se na madrugada quando regressou a seu apartamento, após fugir sorrateiramente de seu carrasco; contudo se fazia difícil contestar, ou buscar desculpas para aquelas diabólicas punições que a faziam recordar sua fraqueza no passado e seu maldito ato altruísta, uma atitude que a fizera omitir a seu pai o motivo do fim de seu relacionamento com o filho dos Nash, uma omissão dolorosa, mas que objetivou manter a amizade entre as famílias, mas uma decisão que no presente gerava uma mordaz autopunição.
Enquanto as portas do elevador se abriam e fechavam, pessoas entravam e saiam, sua covardia despertava, a necessidade de solidão crescia e o arrependimento por haver abandonado o leito tão cedo, sem ao menos haver dormido alguns minutos aumentava com as ganas de se esconder do mundo.
Contudo alcançou seu andar antes que pudesse permitir ser tomada por aquele sentimento de fraqueza, podendo tão logo alcançar a figura de sua jovem secretária, Natalia, uma jovem de cabelos negros presos em um rabo, pele clara, que encontrava—se visivelmente mais tensa que o habitual.
—Bom dia, Natalia – saudou, sem cessar seus passos em direção a sua sala
—Emilia – a seguiu proferindo seu primeiro nome, uma vez que Emilia detestava as formalidades devido a sua posição, sendo que a diferença de idade entre ambas era mínima.
—Diga – ordenou agarrando a fria maçaneta entre seus dedos.
Ignorando o momentâneo silencio de sua secretária, empurrou a leve porta de madeira, arregalou seus olhos ao fitar o interior de sua sala, eram distintas as maneiras que possuía para formular questionamentos sobre o que seus olhos estavam vendo, contudo preferiu certificar—se que era real, que realmente sua sala estava tomada por buques de flores, em suas variadas espécies e em quantidade incontável, que praticamente impossibilitava qualquer caminho com facilidade até sua mesa.
—Mas.....— deixou escapar por seus lábios, abrindo caminho em meio as flores – O que... – suspirou incrédula em um tom decrescente, sem ser capaz de formular uma indagação com clareza ou educada o suficiente para não conter nenhum palavrão.
''Que porcaria é essa ?'', seu consciente gritava, enquanto era tomado de questionamentos malcriados devido ao desgosto de tal surpresa.
—Tentei avisar – suspirou temerosa a secretária, por não haver sido capaz de barrar a entrada dos homens responsáveis por abarrotar a sala de flores.
Incrédula, Emilia pousou suas pastas sobre o único lugar livre, sua cadeira, em silêncio agarrou um cartão branco depositado em meio as sépalas da orquídea laranja sobre sua mesa, receosa e em silencio, reconheceu a caligrafia no papel, imediatamente acompanhou com os olhos as palavras.
''Tenho o que tanto esperava desde que te conheci, eu nasci para ti ''
Alex
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Duas vezes Você [✓]
Любовные романыQuantas vezes uma pessoa tem o direito de invadir a sua vida e destruir tudo? Emília Field tem a resposta para essa pergunta na ponta da língua: 2x ou duas vezes. Duas vezes é o número exato que teve Tobias Nash como protagonista em sua vida. Her...