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Pov Aaliyah

Voltamos pra casa eu, Jack e Corbyn no carro dele e Daniel, Jonah e Zach no de Danny. Fico em silêncio o trajeto todo, minha cabeça ainda um turbilhão de emoções e pensamentos. Os meninos não tentam puxar assunto comigo, respeitando meu tempo.

Chegando em casa, Zach diz que está com fome. Já era tarde e o garoto não comia desde o almoço, não podia julga-lo. Enquanto eles discutem se vão pedir pizza ou sushi, eu ando até as escadas sem dizer nada, esperando que não me notem. Eu estava sem fome e só queria ir dormir.

Mas Daniel me para no meio do caminho.

- Liyah, espera... - ele fala e me olha preocupado. Ele abre a boca novamente para dizer algo mas nada sai, então ele apenas me abraça apertado. Preciso me controlar para não desabar em lágrimas ali nos braços dele. - Sei que não deve querer conversar agora, mas qualquer coisa é só me chamar, tá bem? - ele sussurra e eu faço que sim com a cabeça.

Ele beija minha cabeça e se afasta só o suficiente para me olhar nos olhos, depois ajeita meu cabelo atrás da orelha e sorri fraco.

- Obrigada, Danny. - me esforço para sorrir também e ele me beija rapidamente.

- Eu te amo. - ele diz com a voz embargada.

- Também te amo, Dan. - passo minhas mãos por seus braços e seguro suas mãos por um momento, depois me viro e subo as escadas, sem olhar para ele, pois temia que se eu visse seu rosto triste não conseguiria segurar o choro.

Entro em meu quarto e me sento em minha cama. Não consigo mais controlar as lágrimas e elas começam a escorrer por meu rosto. Apoio os cotovelos nos joelhos e cubro meu rosto com as mãos.

Tento reunir forças para levantar e ir tomar banho quando escuto alguém bater na porta e limpo o rosto rapidamente.

- Não estou com fome, Danny, eu só vou tomar banho e ir dormir. - digo tentando controlar a voz de choro.

- Não é o Danny. - Jack diz abrindo um pouco a porta e colocando o rosto para dentro. - Posso entrar?

Faço que sim com a cabeça e ele entra, sentando ao meu lado na cama. Ele coloca o braço em meus ombros e eu deito a cabeça no seu.

- Sei que esse momento deve estar sendo muito difícil, Ally - ele diz em um sussurro - mas se você quiser, eu posso fazer panquecas pra você. Sempre me ajudam quando estou triste.

Rio fraco e concordo com a cabeça.

- Eu adoraria umas das famosas panquecas do Jack Avery.

- Tudo bem, vou lá fazer. - ele se levanta e aponta para mim - Não saia daqui!

Ele sai do meu quarto e eu vou até o banheiro, tomando um banho rápido. Depois, coloco um pijama confortável e me deito em minha cama.

Alguns minutos depois, Jack abre a porta e entra com uma daquelas bandejas de café da manhã com dois pratos de panquecas, xarope de bordo e talheres.

- Café da manhã na cama às dez da noite só com Jack Avery. - ele diz, fechando a porta com o pé e tentando não derrubar a bandeja toda no chão.

Rio baixinho e me sento na cama, deixando um espaço para ele ao meu lado. Ele coloca a bandeja na minha frente e pega um dos pratos, se sentando na cama comigo.

- Tive que dar uma das minhas pro Zach - ele disse revirando os olhos. - Aquele garoto é um saco sem fundo.

Rio e concordo com ele, pegando o xarope de bordo e colocando nas minhas panquecas. Depois pego o garfo e como um pedaço.

- Melhor panqueca do mundo. - digo, ainda com a boca cheia.

- Cadê os modos, Ally? - ele diz em um tom de reprovação. - Não pode falar de boca cheia.

- Diz o garoto que vive fazendo isso! - retruco e dou um tapinha em seu ombro.

- Ai! - ele grita e coloca a mão onde eu bati.

- Que dramático, nem bati de verdade. - digo rindo e volto a comer minhas panquecas.

Ficamos um tempo em silêncio até que ele pega seu celular e diz, animado:

- Ally, tem essa série que eu sei que você vai amar... - ele clica em um episódio. - Se chama How I Met Your Mother. Confia em mim, você vai amar! E se falar que Friends é melhor tá sujeito a tijolada, porque uma não tem nada a ver com a outra.

Só consigo rir de tudo que ele falou e espero o episódio carregar. Era o primeiro episódio, Marshall planejava pedir Lily em casamento e Ted começava sua busca pela mulher da vida dele...

- Como assim?! - digo no final do episódio. - Jurei que aquela já era a mãe.

- Calma, faltam nove temporadas pra isso. - Jack diz, rindo. - Mas você gostou?

- Eu amei. A Lily é minha favorita, já vou dizendo.

- Quer ver mais um episódio? - ele pergunta e eu concordo, então ele coloca o segundo episódio. Acabamos vendo até o quinto, quando Daniel bateu na porta do meu quarto.

- Liyah, posso... - ele diz ao abrir um pouco a porta e espiar dentro do quarto. - Ah, oi Jack. Achei que estivesse dormindo.

- Não, a gente tava vendo How I Met Your Mother, mas eu devia ir dormir mesmo. - Jack diz, olhando às horas no celular. - Boa noite, Ally. - ele sorri para mim e sai do quarto, levando a bandeja com os pratos para a cozinha.

Daniel entra no quarto e se senta onde Jack estava.

- Danny, ele só estava tentando me animar... - começo a falar mas ele me interrompe.

- Eu sei, Liyah, tá tudo bem. - ele sorri e segura minha mão. - E sou grato a ele por isso. Mas então... você quer conversar?

Respiro fundo e faço que sim com a cabeça. Me aproximo dele e aperto sua mão.

- Eu ainda não sei como eu me sinto. Ontem quando fui dormir, eu ia ter um filho, mas agora isso não vai mais acontecer... - sinto meus olhos de encherem de lágrimas novamente e um nó se formar na minha garganta. - É tão estranho, sabe? Eu estava com todos esses planos e expectativas, e agora nada disso faz mais sentido. O que eu faço agora, Danny?

Ele me abraça e eu me permito chorar em seu ombro.

- Eu também me sinto assim, Liyah. - ele diz baixinho - Eu já imaginava como seria trazê-lo pra casa e vê-lo crescer... - escuto sua voz falhar - Gostaria de poder fazer algum tipo de mágica e fazer tudo melhorar, mas não posso. - ele me abraça mais forte - Sei que isso é clichê, mas vamos ter que esperar que o tempo ajude e melhore, né?

Faço que sim com a cabeça e me solto de seus braços. Olho para seu rosto e estico uma mão para limpar suas lágrimas.

- Eu sinto muito, Danny. Ele era seu filho também, afinal... - digo em meio as lágrimas e ele coloca sua mão em meu rosto também.

- Eu sei, Liyah, sei que sente. - ele sorri fraco - E quanto ao que você vai fazer agora, você pode fazer qualquer coisa que quiser. Não deixe que isso te impeça de nada. Você não estará sendo egoísta se seguir sua vida, sabe?

Sorrio e concordo com a cabeça.

- Você pode ir estudar. - ele continua. - Pode estudar música em, sei lá... Paris! Ou você pode viajar, pode vir com a gente na tour e conhecer o mundo todo! - seus olhos azuis começam a brilhar e seu sorriso contagiante faz meu coração se aquecer.

- Todas ótimas opções, Danny, obrigada. - beijo seus lábios rapidamente. - Pode dormir aqui hoje? Não quero ficar sozinha.

- Claro. - ele diz me beijando mais uma vez.

Me ajeito na cama virada para a parede e ele passa os braços por mim, segura as minhas mãos e beija minha cabeça.

- Eu te amo.

- Eu também te amo. - digo e fecho meus olhos, logo adormecendo ali onde era possivelmente o lugar mais seguro no planeta para mim.

Not Just Friends || Daniel SeaveyOnde histórias criam vida. Descubra agora