29. Tempo

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— Eu disse que ia gostar da visita, Jungkook. — Minhee comentou, rindo. — Até depois e por favor, não façam barulho. Há pessoas aqui.

Não consegui dizer nada obviamente. Já que depois de todo aquele turbilhão de emoções pelos quais passei, não imaginava sua presença. Nem mesmo de Yoongi. Ver Nayeong em meu trabalho — uma visita sua — era algo que jamais havia passado pela minha cabeça.

Mas, vê-la ali, com os olhos lacrimejados e chamando por mim, me acordou para algo. Provavelmente para a vida e para a saudade que eu estava sentindo de si.

Eu sorri. Logo depois que Minhee fechou a porta, Nayeong se aproximou. Os passos calmos, as lágrimas escorrendo pelas bochechas gordinhas e avermelhadas.

— Jungkookie-ssi..— A voz de Nayeong estava trêmula e a cada pequena tentativa de tentar dizer algo, ela desistia. Seus lábios abriram levemente para que algo pudesse ser pronunciado, porém, em meio ao caminho, Nayeong desistia. E em sua nova tentativa, a vi desistir por completo.

Seus ombros se encolheram e suas mãos foram à frente de seu corpo. Totalmente perto de mim, parada em minha frente, ela não disse uma única palavra.

— Nana-ssi..— Sua cabeça aos poucos se ergueram e seus olhos bonitos me encararam novamente. A boca tremendo, até ela entregar-se ao choro e cair de joelhos em minha frente. Os braços repousados sobre as minhas coxas e cabeça encostada na junção de minhas pernas.

Respirei fundo, olhando sua posição e massageei seus cabelos, permitindo que ela chorasse baixinho. Eu não poderia fazer muita coisa, estava fora de cogitação qualquer coisa que eu pudesse vir a fazer.

Sempre seria de acordo com o tempo. Somente ele saberia o que aconteceria e tudo se encarregaria dele. Eu me encontrava com as mãos atadas como sempre.

— Agora você consegue falar?

— Não consigo, Jungoo. — Aos soluços, me respondeu. Seus dedos seguraram com mais força a minha calça, e ali ela continuou. Um suspiro baixo escapou de mim e logo toquei seu braço, dando duas batidinhas.

— Saía do chão, venha até aqui, amor. — Segurei-a pelo braço direito, puxando-a levemente. Logo, obedecendo ao meu comando, Nayeong levantou-se e subiu em meu colo, de frente para mim.

Com uma perna de cada lado e a cabeça repousada em meu ombro esquerdo, Nayeong ficou. Soltando soluços baixos e lamúrias fraquinhas. Suas mãos estavam enfiadas dentro do terno, e seus dedos acariciavam minhas costelas.

— Jungkookie?

— Sim?

Seu rosto se afastou levemente, e ela me encarou.

— Tá bravo comigo? — Mordeu os próprios lábios, e eu me encontrei sem saber o que dizer.

Do fundo de todo meu coração, eu realmente estava bravo com ela? E principalmente com ele? Eu conseguiria esse feito de ficar bravo com os meus namorados? Dentro de todas as minhas pequenas análises feitas, conclui que não.

Contudo, acenei positivamente para si. Não sou fácil assim.

Seus olhinhos se encheram de lágrimas e um tapa eu senti ser dado contra meu ombro.

— Como você pode ser assim? — Sua voz parecia ainda mais fina, e eu logo eu cruzei os meus braços. Ainda me resta um pouco de orgulho, e bom, por mais que boa parte minha desejasse ceder, a outra parte desejava se manter firme e forte.

As coisas não eram assim tão fáceis, e tanto ela quanto Yoongi sabiam que não. Eu poderia muito bem dizer como me sinto, ser sincero e totalmente paciente quanto aos sentimentos dos dois e a tudo que aconteceu. Porém, nesta história toda, senti meu coração se quebrar em tantos pedaços; que não acho que eu seja capaz de falar o quanto doeu.

PASSION | JJK&MYGOnde histórias criam vida. Descubra agora