Quando ela chegou

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Diálogos em itálico significam diálogos em português quando no ponto de vista da Luz.

Quando no ponto de vista da Catra, vai depender do contexto e será indicado no próprio texto.

Quando no ponto de vista de outros personagens (Amity, Adora) significam diálogos em espanhol.

Nessa fic, a Catra tem 25 anos, a Adora tem 21, e Luz e Amity têm 15.

E obviamente, nessa fic não vai ter NENHUMA hot entre as Lumity, pq pelamor de deus né, elas tem 15 anos aqui e 14 no cannon, e eu e a Nalu somos ambas adultas, a gnt n ficaria confortável escrevendo isso, mas podem esperar hots Catradora q essas vão ter sim

A capa foi feita a partir de artes que nós comissionamos com a Lah. Não tô conseguindo marcar ela aqui, mas vocês devem conhecer, a autora de Mais Que Um Lance. Deixando claro de novo, NÓS PAGAMOS PELAS ARTES E TEMOS DIREITOS DE USO.

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2 de fevereiro de 2021.

Quando Luz Noceda desce daquele ônibus, depois de quase 20 horas dentro dele, a primeira coisa que ela faz é esticar os ossos. Ela alonga os braços, as pernas, as costas, tentando se livrar da sensação de dormência e não deixar o peso da mochila derrubá-la enquanto o faz, e em seguida, passa os olhos pela rodoviária da Barra Funda.

É muito maior que a rodoviária da Cidade do Leste, é a primeira coisa que nota. As placas com os terminais dos ônibus são pintadas em verde e laranja, e uma quantidade considerável de pessoas se amontoa num espaço atrás de grades também verdes, umas esperando seus ônibus, outras esperando amigos ou familiares.

Luz caminha de costas até o porta-malas, mantendo os olhos na multidão, concentrada, tentando encontrar sua prima, Clementina. Não a vê em lugar algum. Ela aceita suas duas malas do motorista, essas bem mais pesadas que a sua mochila, e com muito esforço consegue subi-las o degrauzinho da calçada. Estaria morta para carregá-las por aí se não fossem as rodinhas. "Onde está Clem?", se pergunta Luz, ansiosa. Ela tira o celular do bolso – um modelo velho, extremamente lento e com problemas de bateria. Os 34% restantes ainda devem durar uns 5 ou 10 minutos. Com dor no coração, Luz ativa a opção dos dados móveis e espera conectar. E espera. E espera. Finalmente, conecta – 21% de bateria restante. Várias mensagens chegam em seu whatsapp de uma vez, boa parte delas vindas de sua mãe, mas também há algumas mensagens novas na conversa com sua prima Clem. Luz se recosta à grade, esperando que o seu celular consiga abrir a conversa. 19%.


Clem

yo nanica

vou atrasar um pouco, coisa do trampo

prestenção

NÃO SAI DA PORRA DA FRENTE DO BUSÃO DE JEITO NENHUM

não fala com ngm e cuida direito da sua mochila, n vem chorar pra mim se roubarem tuas coisa dps


Luz responde com um emoji sorrindo e se deixa arrastar pela grade até o chão, mantendo sua mochila bem segura entre suas pernas e as alças das duas malas enroscadas num dos braços. Ela desliga o celular para economizar a bateria. Clem provavelmente a achará de qualquer jeito, certo? Já havia mandado para ela em qual plataforma o ônibus chegaria. Ela é esperta, e provavelmente não vai demorar tanto assim, com certeza é coisa pequena que ela tem para resolver no trabalho.

Dez, vinte, trinta minutos se passam. Os minutos logo se transformam na primeira hora e caminham lentamente e tediosamente na direção de uma segunda. O celular de Luz já morreu completamente pelo tanto de vezes que ela o ligou para checar se não havia alguma mensagem de sua prima, e não havia nada.

Do Outro Lado - (Catradora / Lumity)Onde histórias criam vida. Descubra agora