· Andrew narrando ·
Acordei alguém dando fortes batidas em nossa porta, sem fazer ideia do que estava acontecendo. Senti que Amberly também tinha acordado, mas finge que continua a dormir por preguiça. Esperei darem mais batidas para ver se era coisa da minha cabeça ou não, e não era, realmente tinha alguém batendo. Mesmo morrendo de preguiça, me levantei para abrir a porta, mas acabei me distraindo enquanto me olhava em frente ao espelho, meu cabelo estava uma completa bagunça. Amberly abrira os olhos, mas ainda prosseguia imóvel na cama.
─ Abram essa droga logo antes que eu arranque com minhas próprias mãos. ─ O tom de voz era familiar. Ouvi poucas vezes, mas já ciência de quem é. Ninguém mais, ninguém menos que meu pai, Trent, furioso pelo outro lado da porta.
Quando abri a porta, para liberar sua passagem, ele me empurrou com tudo para o lado usando apenas o ombro direito. Amberly levantou num pulo, confusa com o que estava acontecendo, até que ele a alcançou, agarrando-a tão forte que dava para ver marcas da ponta dos dedos dele em cima da blusa. Ela, sabendo que não tinha como escapar, deixou com que isso acontecesse, sem revidar, apenas paralisada, esperando o que vier. Desviei minha atenção e percebi Janet encostada na parede do lado de fora. Ela sabia que isso ia acontecer.
─ Por que não disseram que o FBI tá atrás de vocês? ─ me encarou por um tempo, até eu levantar do chão, e cravou os olhos em Amberly, que não tinha como fugir com nosso pai a encurralando contra a parede. ─ Ou que escondem a gravidez da minha própria filha?
─ Não é da sua conta. Se tivesse realmente ido atrás de mim no dia do acidente, eu não estaria assim. É sua culpa que eu sou assim. E ainda se sente na obrigação de saber tudo sobre mim. ─ enfrentava-o, antes dele prende-la contra a parede. Fui até lá e segurei o braço dele, numa tentativa de impedir que o pior aconteça.
─ Além disso, o governo está atrás dos dois e a recompensa é alta pra quem os achar. Se souberem que estão aqui, esse lugar vai ser destruído e tudo que fiz vai ser em vão. ─ explicava. ─ Vou dar uma chance. Mas depois de você ter essas crianças, vocês vão embora. Não quero mais ver vocês aqui.
─ Fala sério. ─ Amberly começou a rir de nervoso. ─ Se fosse pra ser assim, eu preferia nunca ter nascido.
─ Vocês foram um erro. Eu nunca pedi pra ter vocês. Sua mãe morreu por causa de vocês, e ela sabia. Vocês ainda acham que eu trocaria a vida dela pra vocês poderem nascer? Se vocês acharam, desculpa decepcionar. ─ dizia como se tivesse a verdade absoluta, e realmente tinha. Do mesmo jeito que Amberly, ele nunca quis isso. A diferença, é que ele não tem chance de morrer.
Ficamos num silêncio constrangedor. Prometemos entre nós que durante nosso tempo lá, ficaríamos escondidos do mundo exterior, assim evitaria do governo nos achar. Amberly teria menos treinos, ela teria que ficar mais tempo isolada, sob minha proteção. Janet continuava na porta, como se estivesse de guarda.
─ Daqui 6 meses, decidimos com mais cuidado o que acontece. ─ saiu pisando fundo, causando um eco pelos corredores.
Amberly veio correndo e me abraçou. Apesar de meu pai já ter ido, Janet continuava na porta em silêncio, com um olhar soando culpada. Ele deve ter suspeitado de algo que ela sabia e acabou contando. Não sei o passado de Janet com meu pai, mas sei que ela obedece bastante ele, todos obedecem. Depois de minha mente e de Amberly terem sido conectadas, pudemos nos encostar com mais facilidade. Ela começou a chorar baixo, com a cabeça apoiada em meu ombro. Ela quase tinha que ficar com as pontas dos pés para se apoiar em mim, por causa da diferença de altura, que era no mínimo uns 10 centímetros de diferença entre nós.
─ Ei. Tenta se acalmar um pouco, eu to aqui. ─ tentei reconforta-la.
─ Logo você vai embora também. E como eu fico? ─ indagou. A sensação que ela tinha, era que iriam larga-la em qualquer outro lugar, como já aconteceu no dia do acidente, só que dessa vez seria pior.
─ Eu nunca disse que ia embora. ─ garanti, enquanto passava a mão por seu cabelo, com pequenas mechas descoloridas por todo o cabelo. ─ Agora. Se você me largar, eu vou ficar bem puto. ─ Ela deixou escapar uma risada gostosa, em meio as lágrimas.
Prometi a mim mesmo que cuidaria dela até que ela pudesse seguir sua vida. Me empolgava pensando que, no futuro, ela seria uma grande mulher, e que tudo isso valeu a pena. Ela tem um futuro, todos temos, uns são apenas mais sortudos do que outros com dinheiro. Meu coração se apertava quando lembro que ela não tem todo o apoio que merece numa gravidez, apenas eu ou Janet, é muito pouco comparado a outras mulheres.
─ Andrew. ─ Janet chamava a minha atenção dizendo meu nome rapidamente e direto. ─ Preciso conversar com você. ─ Ela se retirou. Pedi para que Amberly ficasse um pouco sozinha e fui direto para onde estava. Paramos quando eu alcancei-a, não muito longe da porta do quarto.
─ Trent não tinha me dado opção, ele sabia que algo não estava certo. ─ Lamentou. Cruzou os braços enquanto olhava fixadamente para o chão, envergonhada do que havia acontecido. ─ Tente ser útil aqui, assim talvez Trent mude de ideia sobre vocês dois e os deixem ficar. ─ Ela sugeriu. Não era uma ideia ruim.
─ Obrigado Janet, vou fazer o meu melhor. ─ assegurei ─ Eu tenho que manter Amberly aqui, não sei para onde iríamos se ele nos expulsasse hoje.
─ Encontrariam um lugar. O que me preocupa é o que vai acontecer quando tiverem mais crianças pra cuidar. ─ Se preocupava.
Era realmente preocupante, ainda mais com frio, fome, sede, sujeira e poluição da cidade. Seria mais fácil colocar pra adoção, pelo menos evitaria o sofrimento com um teto sobre a cabeça. Eu faria o que fosse possível para proteger as pessoas de minha família, prometo a mim mesmo.
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I Think We're Alone Now - Temporada 1 (CONCLUÍDA)
ActionPRIMEIRA TEMPORADA DA SÉRIE I Think We're Alone Now PLÁGIO É CRIME! Inspiração: Manto e Adaga (2018) e The Gifted (2017) No ano de 2013, Amberly VanCite, uma garota que acaba de fazer 18 anos, se vê numa situação precária, dependendo do furto para s...