Andrew
Depois que deixei Amberly sozinha, eu e Janet saímos para conversar enquanto andávamos pelos corredores. Ela me pediu pra ficar de olho na Amberly. Disse que era difícil pra uma pessoa perdida como ela entender tudo isso. Janet dissera o que Amberly tinha passado nos últimos anos, a vida dela não tinha sido tão simples como explicara. Me sinto um idiota por não ter ido atrás dela quando pequenos, apesar de que eu era muito novo para entender também. Relacionamento aberto, vício em drogas, roubo, foram algumas coisas feitas por Amberly, listadas por Janet. Coisas que eu nunca faria na vida, ela já fez muito mais nova.
O único problema era que, no meio dessa conversa, comecei a ter uma sensação de tontura. Minha cabeça girava, ouvia vozes que não sabia de onde vinha, não conseguia ouvir nada em volta. Via Janet mexer a boca tentando falar comigo, preocupada, mas eu não ouvia nada que ela dizia. Tampei os ouvidos numa tentativa de fazer as vozes pararem, mas elas continuavam na minha cabeça. Sentei encostado na parede, sem conseguir ficar em pé direito, enquanto Janet tentava me ajudar com seus desconhecidos poderes.
As vozes aumentavam de volume, quase achei que iria ficar surdo, e enquanto Janet mexia na minha cabeça, uma voz feminina se destacava. Poucos segundos depois acordei sentado em uma espécie de leito hospitalar improvisado. Janet me fizera desmaiar.
Minha cabeça apenas doía agora, as vozes haviam sumido. Estava curioso para saber o que havia acontecido. Meu pai e Janet conversavam do outro lado da enfermaria e logo perceberam que eu tinha acordado. Os dois vieram até mim, Janet com um olhar preocupante e meu pai decidido no que ia fazer. Não queria nem imaginar no que eles haviam conversado.
─ Chame Amberly ─ meu pai ordenou e Janet logo saiu.
─ Por que precisa dela? ─ questionei, mas ele não deu ouvidos.
Ele parecia não parecia se preocupar tanto, e isso me lembrava de quanto ele não se importou com o dia do acidente. O que restou da família da minha mãe morreu naquele dia, a mulher que ele amava. Sua filha a beira da morte pareceu não grande coisa. Ele só se preocupava com esse lugar. Eu entendo que muita gente precisa desse lugar pra viver e que ele gosta de ouvir o "muito obrigado" das pessoas. Mas quem precisou de ajuda naquele dia, ele não deu importância alguma. Deixou a própria filha para morrer.
Janet surgiu com Amberly ali um pouco depois. Amberly estava descabelada e com a mesma roupa que usara ontem, só que amassada. Ela não pareceu ligar muito para a aparência e veio logo me ver. Fiquei muito feliz vendo que agora ela se preocupa comigo, tanto quanto eu por ela.
─ Não ligo para como estou, apenas digam o que aconteceu ─ ela disse rápida e direta. ─ Não estou afim de ficar no mesmo ambiente de certas pessoas ─ ela cruzou os braços.
─ Janet vai conectar vocês mentalmente ─ meu pai informou.
Amberly olhava confusa. Sei que ela não quer fazer isso só por sua expressão facial, que estava plenamente indignada. Eu também não queria que ela fizesse isso, não queria que ela tivesse mais uma coisa na cabeça.
─ Eu vou conectar os dois. Um vai poder ler a mente do outro e os dois vão sentir o que o outro está sentindo, fisicamente e mentalmente ─ Janet explicava. ─ Vão poder compartilhar seus poderes e ficará mais fácil de usar a Fenris. Com isso, Andrew vai parar de ouvir vozes, mas ainda vou investigar do por quê elas surgiram ─ Amberly olhava para um ponto fixo pensando, enquanto absorvia as palavras de Janet.
Com isso, concluo que os poderes de Janet são muito mais complexos do que uma simples telepatia. Ainda não entendi em como ela descobriu que Amberly teria trigêmeos, talvez ela também soubesse se seriam meninos ou meninas, ou os dois.
─ Amberly, você senta ali ─ Janet apontou para uma cadeira ao lado de onde eu estava.
Fechei os olhos, não queria nem ver e nem saber como funcionava. Deu pra sentir Janet na minha mente, era um desconforto esquisito de explicar. O peso que senti na cabeça foi passando e, cada vez mais, fui sentindo que meus pensamentos foram ficando mais leves. Talvez o plano fosse que, dividindo nossas mentes, a energia se dividiria em nós, ficando mais leve.
Quando fui ver, já havia acabado. Amberly reclamava da voz que ela ouvia, mas que foi sumindo aos poucos, reclamava de que agora ela não teria privacidade. Insisti que nunca olharia na mente dela. Nunca mesmo, nem sei como faz isso.
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I Think We're Alone Now - Temporada 1 (CONCLUÍDA)
AcciónPRIMEIRA TEMPORADA DA SÉRIE I Think We're Alone Now PLÁGIO É CRIME! Inspiração: Manto e Adaga (2018) e The Gifted (2017) No ano de 2013, Amberly VanCite, uma garota que acaba de fazer 18 anos, se vê numa situação precária, dependendo do furto para s...