· Andrew narrando ·
Claro que aquela base gigante não teria apenas quartos, cozinha, sala de comando e essas coisas. Haviam muito mais. Quando cheguei aqui, imaginei que seria algo mais aberto, com mais janelas e luminosidade, mas não... eu acho que deve ser mais seguro assim, desse jeito nenhuma câmera de segurança nos detectaria, mesmo estando distante do resto da população. Não era isolado, mas também não chamávamos muita atenção. Enfim, hoje Floyd me mostraria o laboratório. Eu faria faculdade de engenharia se não tivesse me metido nisso tudo, engenharia ou medicina, sempre me interessei por ambos. Meus tios tinham orgulho de mim, pelas notas altas e por ficar indeciso entre engenharia ou medicina. Já fui o número 1 em uma prova nacional de matemática, mas isso apenas por um ano até me passarem, devem existir pessoas mais inteligentes que eu e eu entendo isso. Me perguntava como Amberly sabia de umas coisas, já que ela não teve muito estudo por estar ocupada sobrevivendo, acho que ela sabe por experiência.
Esperava ansiosamente do lado de fora do quarto para que Floyd viesse começar o "tour", se podemos chamar isso de tour. Acho que eu já cheguei a entrar no laboratório uma vez, mas não lembro quando foi... eu deveria me lembrar? Não sei, pelo menos agora me apresentariam de vez.
Mil maravilhas me esperavam, mas tinha uma única coisa que eu não tirava da cabeça... o que havia naquela sala que entrei acidentalmente ontem. Achei um violão se era o que estavam se perguntando, achei numa sala ao lado. Amberly gostou de me ouvir tocar. Acho que durante todo esse caos uma melodiazinha não deveria fazer mal, só para acalmar um pouco os nervos.
Meus dedos deslizavam suavemente pelas cordas, tinha saudade disso e de ficar com dor na ponta dos dedos um tempo depois de tocar, mas essa dor passa. A melodia era tudo que me importava naquela hora, não pensava em nada além de estar sentado em minha cama decorando cifras de uma revista que comprara uns dias antes. Também toco outros instrumentos como: violino, piano, bateria, e baixo. Meu instrumento favorito sempre foi a bateria, gostava das batidas, eu controlava o tempo da música quando tocava ela. Mas a pior parte era afinar a bateria. Eu tinha uma banda no inicio do ensino médio, se chamava Dragon Slayer em homenagem à aquele anime de carinhas que matam dragões. Compus algumas músicas, meio ruins, mas dava pra apresentar em público. Os membros eram Jerrica, a guitarrista, Cristine, a vocalista, Adam, o tecladista, e eu, o melhor baterista do ensino médio de Nova York. Ou era assim que eu me considerava.
Mas isso não importa agora, Floyd se aproximava com seu jeito sério, mas depois que você o conhece percebe que ele tem um bom coração, e conta várias piadas ruins. Ele me cumprimentou juntando nossas mãos e logo disse que começaria o pequeno tour pelo laboratório da base. Admito que estava ansioso e muito empolgado com isso, nunca conheci um laboratório de verdade além o da escola.
Amberly me chamou um pouco antes de eu sair, diz ela que queria só falar uma coisa, tenho até medo do que possa ser. Entrei de volta pro quarto, ela queria falar só comigo. Tive que deixar Floyd esperando, pedi mil desculpas.
─ Você poderia... sei la... voltar direto pra cá quando terminar? ─ Ela perguntou cruzando os braços, olhando nos meus olhos.
─ Claro, por que? ─ Perguntei.
─ Só... volta direto pra cá.
─ Ok, mas preciso ir. Não posso deixa-lo esperando pra sempre. ─ Dei um beijo na testa dela e saí. Floyd me esperava.
Fomos seguindo os mesmos corredores sem graças de sempre, como alguém conseguia morar ali por mais de um ano pelo menos? Bom, eu até consigo, mas é muuuito chato. Aqui a noite é muito mais assustador que de dia, a luminosidade dos dois é a mesma, mas a sensação do dia é melhor. O teto solar funcionava melhor de dia, acho que é por isso que a noite as luzes piscam, mas também tinha o gerador de energia. Devem ter pessoas que nasceram aqui e nunca mais saíram daqui. Pensando nisso, não queria o mesmo pros filhos de Amberly. E ainda não caiu a minha ficha que eu seria tio, melhor eu dar o meu melhor.
Quando chegamos la, Floyd foi me mostrando as máquinas e o que faziam ali. Havia um outro cara, Haymond o nome dele, ele ajudava e criava umas coisas ali, tipo o braço direito de Floyd. Diz ele que perdeu o braço direito em um moedor de carne, mas difícil acreditar. Não cheguei a falar muito com Haymond, ele também não puxou assunto, mas não preciso ficar conversando com todo mundo por ali.
─ Eu e Hay estamos trabalhando num projeto, mas está sendo difícil de completar, só se chamássemos Tony Stark para nos ajudar, o cara é genial ─ ele contava enquanto mostrava o objeto. No meio era circular e nas pontas haviam uma parte que ajuda a segurar o aparelho. ─ Precisamos só de uma enorme fonte de energia pra fazer funcionar.
─ O que isso faz? ─ Questionei enquanto olhava uns certificados na parede, alguns de Floyd, alguns do meu pai e por aí vai.
─ Se conseguíssemos terminar, o plano é fazer um impulso tão grande que consegue derrubar qualquer um que esteja na frente, mas precisamos de uma grande fonte de energia, como um reator arc. ─ Ele impulsionava a parte que ajudava a segurar para dentro do meio circular, mostrando como deveria funcionar. Mas por não ter uma fonte de energia, nada aconteceu.
─ Interessante. Tem mais algo em que esteja trabalhando? ─ Perguntei.
─ Por enquanto apenas isso, os materiais são escassos, nada que achamos é muito útil ─ ele dizia desacreditado. ─ Pelo menos temos um pouco pra impressora 3D.
─ Vocês têm uma impressora 3D? ─ Empolguei, nunca tinha visto uma de perto.
Ele me mostrou a impressora, sem criar nada por causa do material escasso, e mostrou umas das coisas que criara com ela, uma delas era uma miniatura dos ombros até a cabeça de Kratos, o protagonista de God of War. Joguei bastante jogos durante a adolescência, Alan Wake é um dos meus prediletos junto com God of War, ano passado também joguei The Walking Dead, um jogo ótimo que merece uma continuação.
Floyd contava um pouco sobre suas experiências de vida. Ele tinha uma filha que morreu aos 7 anos por causa de uns policiais que atiraram contra ele, sua filha e sua esposa. O racismo, infelizmente, continua aumentando de acordo com os anos. Lyvia Duke teria 15 anos agora, se não fosse pelos oficiais. Ele e sua esposa acabaram se divorciando um anos depois da morte dela. Fiquei com pena pelos dois, nunca imaginaria aquilo com alguém próximo. Ele também perdeu o braço direito, como mencionado anteriormente, com o moedor de carne. Haymond fez um novo de metal logo depois que se juntou a resistência. Os dois têm uma mente brilhante.
Eu queria ficar ali com Floyd, ter algum propósito em meio aquilo tudo. Eu sei que Amberly precisava de mim, a vergonha e o medo dela não a deixava sair daquele quarto. Talvez o medo da decepção de Trent ou o medo de ser julgada por engravidar tão cedo, como ser chamada de Puta ou qualquer coisa do gênero. Eu ainda vou tirar ela de lá. Mas ela estava acostumada a ser quem manda, mas esse não é um lugar onde se resolve a partir de sua reputação como boa ladra.
─ Posso arrumar um lugar pra você aqui, garoto ─ parecia até que ele tinha lido minha mente. ─ Parece empolgado, seu pai também me disse que era o melhor em física.
─ Era eu quem passava cola pro resto da turma ─ ri fraco ao lembrar da vida de estudante. ─ Eu ficaria honrado.
─ Ótimo, podia começar a procurar algo bom para uso amanhã.
─ Ok, pode contar comigo. ─ Abri um sorriso de orelha a orelha.
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I Think We're Alone Now - Temporada 1 (CONCLUÍDA)
AcciónPRIMEIRA TEMPORADA DA SÉRIE I Think We're Alone Now PLÁGIO É CRIME! Inspiração: Manto e Adaga (2018) e The Gifted (2017) No ano de 2013, Amberly VanCite, uma garota que acaba de fazer 18 anos, se vê numa situação precária, dependendo do furto para s...