Capítulo 8: O Primeiro Dia

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Amberly

De manhã, levantei e chamei Andrew. Ele dormia enquanto eu o sacudia tentando acorda-lo. Esse garoto tem sono tão pesado que se um meteoro cair na Terra ele não acorda. Ainda me pergunto por quê mudara a cor do cabelo de um dia pro outro.

─ Não temos que acordar tão cedo ─ ele resmungou e colocou o travesseiro em cima da cara.

─ Eu não vou sair sozinha ─ peguei o travesseiro dele e comecei a bater nele.

Ele afundou a cara no colchão. Logo acendi as luzes e puxei o lençol dele de cima dele. Parecia a irmã mais nova que não tem nada pra fazer além de encher o saco, apesar de termos a mesma idade. Meu sonho sempre foi acordar alguém assim. Meus tios ficariam furiosos se eu fizesse e quando eu e Zayne conseguíamos um quarto em algum hotel, ficávamos uma noite e já saíamos na maior pressa. A essa altura ele já comprou qualquer apartamento com o dinheiro que conseguimos. Não julgo, se ele sumisse eu faria o mesmo.

─ Então fica no quarto ─ ele continuava a recusar com a cara enfiada no colchão.

─ O quarto é chato, vamos conhecer o lugar ─ eu disse enquanto puxava o braço dele.

─ Você vai arrancar meu braço fora ─ ele diz brincando.

─ Por favor, Andrew ─ soltei ele.

─ Ta bom, mas amanhã você vai me deixar dormir ─ ele diz se levantando.

─ Fechado ─ peguei uma escova e comecei a pentear o cabelo levemente.

Abri a porta e me deparei com o garoto que nos recebera ontem. Erik, Erik Michima, eu podia não me aguentar em pé ontem, mas eu lembro o nome dele. Cabelo meio desbotado no topo, que fazia um contraste com a raiz do cabelo, olhos castanhos e usava uma blusa preta. Perguntei o que ele fazia ali e ele apenas disse que veio ver como estávamos. A pedido de Trent, meu pai.

─ Pode ir ─ balancei a mão tentando espantar ele ─, ou vai ficar plantado aqui nos esperando?

─ Na verdade eu ia levar vocês até seu pai, mas ok ─ ele se virou e quando ia começar a se distanciar, o agarrei pela touca da blusa.

─ Então você fica ─ agarrava-o.

Ele riu baixo e continuou parado na frente da porta em frente a mim. Olhei pra trás e Andrew já vinha por trás. Ele demorou bastante pra levantar, penso em que horas ele tinha ido dormir. Se invadirem aqui, imagino que enquanto ele se troca tudo já estava acabado. Mas Andrew não deve ser assim.

─ Pronto? Achei que você ia ficar aqui e eu ainda teria que pegar um cafezinho pro querido acordar ─ abri um sorriso sarcástico.

─ Tenha paciência garota, desse jeito não vai virar adulta nunca ─ ele se virou para Erik. ─ Ouvi que vai nos levar até Trent.

Erik balançou a cabeça concordando e pediu para seguirmos ele. Enquanto andamos, ele falava sobre alguns cômodos daqui, para já nos localizarmos onde ficava o quarto. Era tecnicamente uma base se parar pra pensar. Um lugar bem grande. Pelo visto da para fazer um monte de coisas aqui. Erik constantemente olhava pra mim, sempre que terminava de falar sobre cada lugar. Andrew vinha logo atrás de ambos, ele não parecia estar com tanta pressa. Andrew é bem relaxado no geral, admiro isso nele.

Quando Erik chegara ao possível lugar onde nosso pai estaria, ficamos parados esperando que alguém atendesse a porta. Parecia que não havia ninguém, mas Erik garantia que ele atenderia uma hora ou outra. Andrew chegou um pouco depois de nós por ficar observando as paredes e os quadros pendurados nelas.

─ Ele não vai abrir ─ afirmei.

─ Paciência ─ Erik calmamente dizia.

Então uma mulher abriu. Ela tinha pele morena e era um pouco mais alta que eu, olhos cor de avelã se destacavam com o cabelo, que era castanho escuro. Ela me encarava sem expressão de cima para baixo até mudar o foco em Erik. Era um pouco desconfortável, e talvez estranho, uma pessoa como ela, que trabalha para meu pai, me olhando; na verdade era estranho quando qualquer um te olha de cima a baixo. Ela também olhou para Andrew da mesma forma que olhou para mim, mas quando eu vejo ele sendo observado nem parece ser a mesma sensação.

─ Esta é Janet Diaz. Ela nos ajuda bastante por aqui. Talvez tanto quanto Trent, mas ele não precisa saber disso ─ ela abriu um sorriso tímido. ─ Janet é bem ocupada, deve ser por isso que não tiveram nenhum contato com ela ainda ─ Erik olhou para Janet enquanto explicava, orgulhoso. ─ Diaz, esses são...

─ Amberly e Andrew VanCite, já estou ciente do ocorrido ─ Janet interrompeu.

─ É um prazer em conhecê-la ─ Andrew disse educadamente. ─ Trent está? ─ ele perguntou tentando olhar o que tem atrás da porta.

Janet ainda me olhava de cima pra baixo, como se tivesse pena de mim. Não apenas para meu rosto como pra minha barriga. Meu corpo gelou no mesmo segundo. Seu olhar me dava arrepios. Ela não parece tão assustadora quando você a olha pela primeira vez, depois que ela começa a te encarar como se soubesse todos os seus segredos você começa a achar desconfortável. Ela respondeu a pergunta de Andrew para parar de me olhar e fingir estar prestando atenção.

─ Trent está lá dentro. Não sei se está encantado com a presença dos dois, mas podem entrar se quiserem ─ ela abriu espaço para entrarmos depois de falar.

Então ali estava ele, o homem que eu quis esganar durante um curto período de tempo onde eu tinha apenas uma preocupação na vida. Meu pai, Trent, tinha equipamento, equipe, tecnologia, poderes pra me encontrar, e por que não fez isso? Não tinha como saber, apenas sabia que custou a vida dos meus tios de me protegerem. Meu pai olhava pra mim e olhava para Andrew surpreso. Seu olhar enojado mirado em mim fazia parecer que era pra que eu nunca tivesse sequer pisado ali.

─ Amberly, Andrew ─ ele escondia o rosto, em pé, enquanto observava uns papéis na mesa a sua frente. ─ Sejam bem-vindos a resistência ─ ele se vira revelando seu rosto.

Nem eu e nem Andrew respondemos alguma coisa, os dois precisavam de respostas. Talvez eu mais do que ele, não sei. Andrew era quem se parecia mais com Trent. Meu cabelo era bem parecido com o dele, a única diferença era que o meu era mais longo. Ele parecia autoritário, e foi essa a visão exata dele que ele quis nos passar.

─ Eu já sei, vocês precisam de respostas da minha parte ─ ele olhava para baixo, parecendo arrependido de algo.

I Think We're Alone Now - Temporada 1 (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora