Capítulo 20

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Uma semana havia se passado, eu pensava e pensava em maneiras de ajudar aquelas pessoas e Eugênio a fugirem, mas eu não sabia como. Ferir William para isso estava fora de cogitação, porém tenho certeza que ele não exitaria em me ferir quando eu conseguisse libertar seus "prisioneiros".
Consegui descobrir que além de William, Lagarto também tinha a chave do portão principal.
Já era tarde quando saí do quarto para comer algo na cozinha, e quando passo na frente da sala que os capangas gostavam de ficar vejo a Lagartixa com um copo de Whisky na mão, fumando um charuto e com os olhos distantes.

- Oi, posso entrar?

- Você virou a chefe agora mesmo, né? - Falou dando de ombros sem nem me olhar.

Então eu apenas segui e me sentei ao seu lado, mas em uma distância segura.

- Pensando em que?

- Em pedir demissão.

- Demissão? Como assim?

- Ir embora daqui, tenho uma grana guardada e vou viajar, comprar uma casa na praia talvez.

- Por que? Parece que você gosta do seu serviço.

- Não é gostar, quando comecei foi por uma questão de sobrevivência. Depois eu só me acostumei, e entendi que o patrão faz justiça, só que do modo dele. E quem sou eu para julgar o que é certo ou errado?

- O que vocês fazem é desumano. - Falei pegando um copo e me servindo da bebida também, fazia muito tempo que eu não colocava nada de álcool na boca.

- Nós não obrigamos ninguém a vir pedir dinheiro, todos que pediram foi por livre e espontânea vontade e vocês sabiam o que aconteceria caso não pagassem. Então como eu vou culpar o William? Quer que a profissão dele acabe? Pois então não venham pedir grana.

- A pessoa chegar ao ponto de procurar um Agiota, tem ideia do quão desesperada ela tem que estar? E nisso vocês se aproveitam, torturam, matam...

- Desespero não é desculpa, se o William não mete bala ninguém pagaria ele, nós não somos um banco que se não pagar a gente pode ir lá e penhorar sua casa ou seu carro.

Eu não respondi, até porque eu nem sabia o que dizer. No fundo ele até tinha razão.
Apenas ficamos os dois em silêncio, ele bebeu uns 5 copos a mais, deu uma última tragada no charuto e pela primeira vez me encarou.

- Eu vou embora porque gosto de você, te ver ao lado de William me faz subir um ódio muito grande, e eu sou grato demais ao patrão por tudo que ele fez por mim e não quero fazer nenhuma besteira, não quero machucá-lo.

E então ele encostou na cadeira e em poucos segundos já estava dormindo.

O AgiotaOnde histórias criam vida. Descubra agora