Capítulo 9

897 60 20
                                    

Era incrível como uma simples noite bem dormida fazia total diferença, eu amanheci renovada.

- Bom dia, Lagartixa. Velou meu sono a noite toda é? - Perguntei debochada.

- Não sei porque o chefe não dá logo um fim em você, vadia! - Disse nervoso.

- Deve ter me achado mais útil que você. Avisa seu chefinho que eu quero tomar banho, e preciso de roupas.

- Está me achando com cara de empregado seu agora?

- Se eu tivesse liberdade de ir e vir eu mesma o avisava.

Antes que o homem pudesse responder William adentrou o quarto, exalando masculinidade. Era terrível o impacto que aquele filho da puta causava em mim.

- Acordou, querida?

- Não, estou dormindo ainda, não vê? - Perguntei impaciente.

- Afiada como sempre, nem parece a inofensiva de ontem.

Eu estava tentando manter a noite de ontem o mais afastado possível de minha cabeça, mas era óbvio que ele tinha que me lembrar.

- Eu não estava inofensiva, apenas cansada. Aproveitando que vossa excelência está aqui, eu quero tomar banho e preciso de roupas.

- Maite, você é minha prisioneira, não minha filha a quem eu devo dar regalias.

- Então eu tenho que tomar banho e ficar pelada?

- Aí vai de você, pode ter certeza que meus capangas não irão se importar.

- Ótimo, assim será.

- Eu vim aqui te dar uma boa notícia, mas como sempre você me recebeu com 5 facas na mão.

- Poderia ser no sentido real mesmo, já até sei onde eu colocaria cada uma em seu corpo.

- Mesmo você não merecendo vou te dizer. A operação foi um sucesso, o país só sabe falar nisso, o prefeito envenenado, e quem é a loira assassina misteriosa. - Contou rindo.

- Que maravilha, ou eu sou presa por um agiota desgraçado ou eu sou presa pela polícia, qual será pior?

- Garanto que as celas do presídio são muito piores, 10 mulheres para um banheiro, sem cama para dormir, a comida é fedida e nojenta. Você com essa carinha de Santa do pau oco vai ser abusada por elas em 2 minutos.

- Como você é um ordinário! E pelo menos a comida sendo ruim ou não eu terei algo para mastigar, pois aqui até agora não recebi nem um pedaço de pão duro.

- Tem razão, você mandou muito bem ontem. Lagarto, arrume um café decente para nossa mais nova colega de trabalho.

O homem apenas revirou os olhos enquanto estava saindo.

- Mais uma vez que você pensar em revirar os olhos diante uma ordem minha garanto que será a última.

- Desculpa, senhor. - Falou e saiu quase correndo.

- Se a situação não fosse tão crítica seria engraçado ver um bando de brutamontes como esses te obedecendo como cadelinhas.

- Eles sabem do perigo, já você ainda não percebeu.

- Se a missão de ontem tivesse dado errado, mas por algo que nem fosse por minha culpa, você teria me matado?

- Sem pensar duas vezes, se a polícia te pega você iria contar tudo o que sabe, um risco que eu não posso correr.

- Como que você comete tantos crimes e ainda não foi pego?

- No fundo eles sabem que eu sou o culpado, mas eles não irão fazer nada enquanto não tiver uma prova que declare isso com todas as palavras. Porque, eles tem consciência que se eu for preso vou matar cada integrante da família de cada um dos envolvidos na minha prisão, até não sobrar nenhum pra contar história.

A maneira fria e calculista de como falava em matar pessoas como se fossem míseras formigas me dava náuseas, e um calafrio. A qualquer momento poderia ser eu, a qualquer segundo uma arma bem posicionada poderia estourar minha cabeça.

- Aqui seu café da manhã, vadia. - Disse Lagarto aparecendo no quarto com uma bandeja em mãos.

O cheiro da comida fez meu estômago roncar, peguei a bandeja de suas mãos e me sentei na cama para começar a comer. Realmente tinha de tudo do bom e do melhor, café, leite, suco de laranja, bolo, pães, mussarela, presunto e uma bolachinha de nata que derretia na boca.
Enquanto eu comia William saiu do quarto, e voltou alguns minutos depois com algumas peças de roupas em mãos, todas estavam com etiquetas o que mostrava ser nova, como alguém poderia conseguir tudo o que quisesse em questão de segundos?

- Arrumei essas roupas para que você possa tomar banho e se trocar.

- Tá bom. - Ele me encarou com a testa franzida, de certo pensou que eu iria agradecê-lo.

Logo fez uma semana que eu estava naquele inferno, eu não havia feito nada que desagradace William, por isso ganhei um "passe livre" dentro da casa, agora a Lagartixa já não ficava de espreita em meu quarto e eu podia andar sem ter alguém na minha cola 24h, obviamente que eu não podia sair nem na calçada, ou ter acesso a telefones, rádios e computadores.
Era mais ou menos meia noite quando acordei com cede, caminhei até a cozinha e depois de beber um copo de água eu ia voltando para meu quarto, quando ouço gritos de William, seu quarto provavelmente era a prova de som o que só deixava escutar se estivesse muito perto do cômodo e como eu estava passando na frente dele para ir até meus aposentos consegui ouvi-lo. Na hora passou pela minha cabeça que um de seus capangas estaria lhe matando, até porque não é nada difícil odiar aquele homem, sorrateiramente eu abri a porta e a cena que vi me desconcertou.

O AgiotaOnde histórias criam vida. Descubra agora