Capítulo 43

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- Ela está grávida de gêmeos.

Se antes eu já estava maluca com a chegada desse bebê, agora então eu só faltava explodir em ansiedade.

- Meu Deus. - Murmurou William. - A gente não vai conseguir, dois é muito...

- Caralho amor... - Falei entre lágrimas e ele me abraçou. - A gente vai conseguir, claro que vamos. Seremos os melhores pais que essas crianças poderiam ter.

- Que doideira, doutor. - Disse Levy ainda meio extasiado.

- Imagino a emoção, pensa só, dois de uma vez.

- E já da para saber o sexo?

- É um casalzinho, um menino e uma menina.

Eu não sabia se eu chorava, se eu ria, se eu comemorava. Era um misto de sensações que eu já havia me conformado que nunca iria sentir na minha vida, e veja só agora.

- Meu coração não aguenta.

- Tem que aguentar, amor. Você vai precisar estar vivinha da Silva para quando esses pirralhinhos nascerem.

- Verdade. - Respondi rindo.

- Bom, era isso. Semana que vem eu volto para fazer novos ultrassons.

No decorrer dos outros dias eu me mantive ocupada, eu mesma me encarreguei de escolher os novos homens que iriam substituir aqueles que morreram lutando.
Era uma missão um pouco difícil, já que sempre apareciam ou gente barra pesada demais ou gente boa demais que apenas estava revoltada um pouco com a vida e já achava que pegar em uma arma lhe faria melhor.
Eu estava quebrando a cabeça tentando escolher mais um quando Lagarto entrou na sala e sentou-se na minha frente.

- Tá difícil aí?

- Você nem imagina o quanto, eu realmente pensei que seria mais fácil encontrar pessoas realmente qualificadas.

- A dica que eu dou é pegue meninos mais novos, eu mesmo comecei muito cedo, William me moldou a forma dele, isso é melhor do que pegar alguém já aí crescido que vai dar trabalho pra seguir as regras.

- Obrigada pela dica.

- Mas eu não vim aqui falar sobre isso, mas sim quero sacar meu fundo de garantia.

- Fundo de garantia? - Perguntei confusa. - Você não é registrado, ainda não inventaram a profissão cadelinha de agiota. - Falei brincando e ele riu.

- É sério, William garante uma quantia para nós quando decidimos ir embora.

- Você quer mesmo partir?

- Ver meus amigos todos mortos me fez querer mais ainda ir embora, podia ter sido eu no lugar deles, e sabe o que eu aproveitei da minha vida até agora? Absolutamente nada. Juntei uma grana boa, mas do que adianta se a única coisa que faço é ficar preso aqui dentro?

- Você vai fazer falta.

- Logo vocês arrumam alguém, talvez até melhor.

- Isso nunca, mas você tem meu total apoio. Vai ser feliz, aproveite a praia, aproveite o mundo, porque você merece. E por favor, venha nos visitar sempre que possível. - Falei segurando suas mãos entre as minhas em forma de consolo.

- Claro que virei, William é como um irmão para mim, e não é porque estou indo embora que esse sentimento deixará de existir.

- Pode ficar tranquilo que eu vou depositar seu dinheiro, o suficiente para que você possa viver tranquilo pelo resto da sua vida. Só te dou um conselho, por mais apertado que sua vida financeira estiver, nunca pegue dinheiro emprestado com um agiota. - Falei rindo.

- Pode deixar. - Respondeu rindo também.

- Você foi um grande homem, Lagarto. Obrigada - Falei e o abracei.

O AgiotaOnde histórias criam vida. Descubra agora