Capítulo 24

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Era 4:00 da manhã quando a porta foi aberta com brutalidade me fazendo acordar assustada.

- Vai levanta, acha que isso é hora de estar dormindo? - Falou Lagarto parando ao pé da minha cama nervoso.

- O que você está fazendo? Me deixa dormir.

- Quer treinar ou não? Se desistiu me fala que já vou embora. - Disse já saindo, mas eu me levantei correndo e o segurei.

- Só deixa eu me trocar. - Falei o empurrando para fora. Rapidamente vesti uma blusa e uma legging, e abri a porta novamente.

- Preparada para aprender Judô, karatê, jiu-jitsu, Kung Fu, MMA?

- Ué, não é só pegar a arma e atirar?

- A arma é o último passo minha querida, se alguém estiver com uma arma na sua cabeça você precisa aprender a tirá-la, se alguém vai sacar a arma você precisa aprender a detê-la, e caso perceba que a pessoa vai atirar precisa desviar.

- Aí que saco. - Falei revirando os olhos.

- Nem começou e já está reclamando? Pelo amor de Deus viu. Vamos começar com a defesa pessoal, se te pegarem pelo braço você faz assim...

E então ele começou a me ensinar, no final até que era divertido. Ficamos treinando até umas 8:00h, quando paramos eu estava exausta, suada e com dores pelo corpo. Cai cansada sobre a cama ofegante.

- Para uma iniciante até que você mandou bem. - Disse sorrindo.

- Obrigada, também achei que seria pior.

- Otimismo é tudo. Eu já vou indo,  porque logo trazem seu café, e se chegar nos ouvidos de William que eu estava em seu quarto, aí que Deus nos ajude.

- Amanhã no mesmo horário?

- Sim. - Respondeu e saiu em seguida.

Aproveitei para tomar um banho, e quando me olhei no espelho reparei que meus cabelos haviam me atrapalhado em diversos momentos, eu os prendi, mas fios ficavam caindo, indo em meus olhos, eu tomaria alguma providência quanto a isso.

Eu saí do quarto e fui até onde parecia uma biblioteca improvisada, olhei todas as gavetas e na última achei uma tesoura. Segui novamente para o meu quarto, fui até o banheiro e eu mesma comecei a cortar minhas madeixas. Logo os longos fios já não existiam mais, dando espaço para um chanel improvisado, até que tinha combinado comigo aquele novo visual. Depois segui para o guarda roupa e vesti uma blusa de manga longa preta colada ao corpo e uma legging do mesmo jeito, me olhei no espelho e aprovei o que vi, uma mulher que abandonou aquele rostinho meigo e os vestidos floridos. Agora eu me sentia poderosa, uma mulher que passava confiança e determinação.

Era o horário do almoço e eu não iria mais receber um prato de comida pela porta como uma doente, eu iria para mesa.
Quando cheguei todos já estavam sentados só esperando William dar o comando, quando notaram minha presença todos me encararam surpresos, mas eu podia jurar que além de surpresa havia excitação no olhar de William também.

- Bom dia, amigos. Fico feliz que ainda não tenham começado a comer. Pegue uma cadeira para mim, querido. - Falei para um capanga qualquer.

- Eu não, pega você, folgada. - Respondeu dando de ombros. No mesmo instante peguei uma faca que estava sobre a mesa e coloquei perto de seu pescoço.

- Eu não perguntei se você quer ou não, eu mandei.

- Como se eu fosse ter medo de uma vadiazinha. - Falou rindo.

E então fiz um corte, não o suficiente para matá-lo, porém o suficiente para assustá-lo e lhe fazer levantar e sair correndo rumo ao banheiro. Se antes já me encaravam surpresos, agora pareciam estar vendo um fantasma.
Peguei um guardanapo e passei no sangue que havia pingado na cadeira e me sentei em seguida.

- Acho que hoje William não irá se incomodar se eu fizer as honras, vamos comer pessoal. - Falei sorrindo e fui a primeira a começar a me servir, depois todos começaram a fazer o mesmo e almoçamos em silêncio, ninguém disse um "A". E William não parou de me encarar nem por um segundo, mas também não ousou dizer nada.

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