Capítulo 23

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Já fazia uns 10 dias de todo aquele ocorrido, William nem olhava mais na minha cara, ele e Lagarto pareciam ter discutido e mal se falavam, e eu ficava dia e noite em um quarto, o prato de comida que me traziam duas vezes por dia sempre estavam quase ou totalmente intocáveis.
Me arrependi de não ter escapado quando pude, tentar estabelecer minha vida normal novamente bem longe daqui, bem longe de William.

- Nem precisa deixar o prato. - Falei quando ouvi a porta sendo aberta, sem nem me dar o trabalho de olhar na direção.

- Já me disseram que você não está comendo. - Era Lagarto.

- Não tenho fome.

- Mas hoje a comida está irresistível, tem o purê que eu sei que você adora. E se você não quiser eu como, sem problemas. - Falou dando de ombros enquanto colocava a bandeja em minha frente.

Eu o peguei e dei a primeira garfada, realmente estava divino.

- Você e William brigaram?

- Eu tive que contar a ele como você conseguiu a chave, e falei tudo sobre aquela noite. Da nossa conversa... Da minha confissão, da bebida e então as chaves.

- Me desculpa, não queria te colocar numa situação dessas com William, sei como o tem em consideração.

- Eu fiquei furioso com você, mas eu já sabia que mais cedo ou mais tarde você tentaria algo, é da sua natureza tentar ajudar. E William também sabe disso, por isso eu falei para ele te soltar a muito tempo atrás, mas ele gosta demais da sua companhia.

- E o que vai acontecer? Será que Eugênio vai encontrar a gente?

- Provavelmente, mas estamos nos preparando para quando isso acontecer.

- Eu quero que você me treine.

- O que? - Perguntou confuso.

- Quando Eugênio aparecer eu quero estar pronta, serei eu que irei matá-lo. - Falei decidida.

- William nunca aceitaria e...

- Eu sempre consigo o que eu quero, e com ou sem a sua ajuda eu vou tentar, e eu juro que os dias daquele imundo estão contados.

E pela primeira vez vi Lagarto me encarar com orgulho.

- Se William descobrir ele literalmente me mata, mas que se dane, você vai se tornar a melhor daqui, A MELHOR! - Gritou e juntos caímos na gargalhada.

Eu estava empolgada para essa nova Maite que estava surgindo, a coitadinha morreu, quem pisasse em mim seria esmagado, quem me fizesse de idiota arcaria com as consequências depois, eu não iria mais lamentar pela minha decisão errada que tomei a um tempo atrás, apenas irei aceitar o rumo que minha vida tomou e me tornar um deles.

O AgiotaOnde histórias criam vida. Descubra agora