Capítulo 12

939 62 26
                                    

Eu perdi as contas de quantos dias eu estava ali, meu choro as vezes se misturava com gritos desesperados de homens que sabiam qual seria o seu destino. Uma vez por dia eu recebia uma fatia de pão de forma e meio copo de água, a fome não era tanto, mas a sede estava acabando comigo.
Minha vontade era de pegar a cabeça do William e bate-la na parede até se partir ao meio, filho da puta desgraçado!

- Como está minha prisioneira favorita? - Perguntou ele finalmente dando as caras depois de tantos dias.

- Você me enjoa.

- Poxa vida, naquela noite não pareceu que você pensava assim.

-  Só tem uma coisa que eu me arrependo mais do que ter te pedido dinheiro, e a coisa em questão foi beijá-lo. - Declarei nervosa.

- Aí tá bom, já entendi que você me odeia. Agora vamos.

- Para onde? - Perguntei receosa.

- Fique tranquila que não será hoje sua morte, apenas estou lhe tirando do castigo.

Minha vontade era de ajoelhar no chão e agradecer a Deus por sair daquele buraco, mas eu não daria esse gostinho a ele. Apenas me levantei calmamente, já no corredor dei de cara com um homem que vinha chegando vendado e pedia por misericórdia.

- O que vamos fazer com esse caloteirinho de merda, chefe?

- Acabei de desocupar o quartinho da Maite, joga ele lá por enquanto.

E então voltamos a caminhar, quando cheguei no meu quarto eu segui para o banheiro a fim de tomar um banho. Quando saí me lembrei de vestir roupas que não chamassem muito a atenção. Assim que deitei na cama acabei cochilando, um pequeno cochilo ao qual despertei em plena meia noite. Meu estômago estava roncando então decidi seguir até a cozinha para ver se achava algo para comer, notei que uma frecha do quarto de William estava aberta e a cena que vi me deu um misto de emoções, coisas que eu não deveria estar sentindo.
Ele estava em pé na beirada da cama enquanto socava com força seu membro na boceta de uma garota, ela soltava baixos gemidos como uma gata mia no cio em cima dos telhados, e ele a encarava de um jeito vazio, ele não demonstrava sentir algo nem se quer na hora do sexo, parecia uma máquina feita para matar e mais nada.
Eu só não entendia o porque de eu querer tanto dar na cara daquela loira aguada e na daquele maldito, traidor!
Eu precisava me controlar, não queria ir para aquele lugar que eu apelidei carinhosamente de poço, porque aquilo era literalmente a degradação humana.

- Que susto! - Falei colocando a mão no coração quando cheguei na cozinha e um dos capangas do William estava lá.

- Tá fazendo o que acordada agora?

- Senti fome. - Falei dando de ombros - Pra que essa bandeja?

- Vou levar um copo de água para o prisioneirinho, o desgraçado não me deixa dormir fica gritando o tempo todo que quer algo para beber.

- Pode deixar que eu levo.

- Você? - Deu risada.

- Ué, algum problema?

- Você é tão prisioneira quanto ele.

- A diferença é que eu bem dizer estou no time de vocês agora, mas você quem sabe apenas me prontifiquei porque estou sem sono e queria ajudá-lo.

- Tudo bem então. - Falou colocando a bandeja sobre a mesa e saindo em seguida.

Eu apanhei o objeto em mãos e segui rumo ao porão.

- Olá. - Falei em um buraco da porta onde nos era passado comida e bebida. - Trouxe sua água e um pedaço de bolo, mas por favor não conte aos guardas que te dei o que comer também, senão estarei muito ferrada - Falei lhe entregando.

- Obrigado. - Consegui ver que ele me lançou um fraco sorriso. - Como consegue?

- O que?

- Ser um deles, tão cruéis...

- Na verdade eu não sou, peguei dinheiro com eles, não tive como pagar e me fizeram prisioneira. Tenho que fazer tudo o que me pedem senão já sabe.

- Bem dizer teve sorte.

- É acho que sim. Qual é o seu nome?

- Eugênio e o seu?

- Maite, por que precisou pedir dinheiro?

- Minha sobrinha precisava de uma cirurgia de emergência, tentei um empréstimo no banco, mas me foi negado. Então pela vida dela eu faria qualquer coisa, e bom já vimos o resultado. Mas ela está viva, recuperada e feliz e é só isso que me importa.

- Parabéns pela sua atitude. - Falei sorrindo.

- E você, por que está aqui?

E então eu contei minha história para ele, e assim passamos longas horas conversando e se conhecendo, e eu havia gostado muito dele.

O AgiotaOnde histórias criam vida. Descubra agora