𝙲𝙰𝙿 𝟺 𝙿𝚊𝚛𝚝 𝟸

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Na noite passada, quando eu estava a caminho da sala de estar, percebi que ele quase sorriu e mudou de lugar, de seu cantinho no sofá, como se estivesse esperando por mim ou coisa do tipo, numa previsão da minha chegada. Eu só podia estar interpretando os sinais do jeito errado. Retribuí um sorriso desajeitado, sentei-me e assisti a quinze minutos de futebol americano antes de recobrar os sentidos, de tão espantada que tinha ficado.

Mesmo que estivesse errada, já tinha dado tempo de desistir do afastamento de homens, sexo e romance. Ou ao menos da parte referente a homens e sexo.

Eu não podia ficar seguindo o Noah como uma adolescente apaixonada. A questão era que o tempo que eu passei com ele acabou me amolecendo, de algum modo. Uma necessidade de companhia ou anseio pelos amigos que abandonei quando decidi cair no mundo, uns anos atrás, quando tudo deu errado.

Se ao menos ele não fosse tão bom de secar...

Cruzei minhas pernas, espremendo uma coxa na outra. O suor escureceu a camiseta de algodão fino dele e o tecido grudado delineava cada um daqueles vários músculos. Cara, ele tinha muitos só nos braços!

Sem contar no resto do corpo...

- Shivani!

- O que foi?

- Pare.

Minha boca cerrou-se.

- Você fica me olhando o tempo inteiro e é estranho pra caralho. Não aguento mais.

Deus do céu, ele estava certo.

Eu o observava com frequência, não conseguia evitar. E, quando eu não podia contemplá-lo, pensava nele. Pensava basicamente em como não queria sentir nada por ele, mas mesmo assim sentia. Estava enlouquecendo. Na verdade, eu já tinha enlouquecido em Coeur d'Alene, para ser absolutamente sincera.

Meu coração imbecil entrava em êxtase, como se autorizasse o sentimento. Todos os sentimentos bobinhos com relação a ele cresciam progressivamente dentro de mim, espremendo os últimos resquícios de bom senso.

Isso tinha que acabar.

Eu não podia passar por isso de novo.

- Preciso ir - balbuciei.

Quando pensava em deixá-lo, era como se cravassem um garfo de plástico no meu coração, mas o que eu poderia fazer?

Ele se deteve um instante.

- O quê?

- Quero dizer... Estou cansada e trabalho pra caramba. Acha que é fácil lidar com os e-mails dos fãs?

- Ninguém te pediu para fazer isso. Você começou por conta própria.

- Bom, não dá pra eu ficar te seguindo o dia todo pra lá e pra cá, sem fazer nada. Preciso de estímulos mentais.

Com um ruído de irritação, Noah se colocou em pé de um jeito exageradamente atlético.

Exibido.

Aposto como ele era incrível na cama.

Não, esquece, ele devia ser um amante egoísta, do tipo que fica ocupado demais se admirando no espelho do teto para prestar atenção no acontecimento em curso. A região entre minhas pernas tinha é que sossegar o facho.

- Me conta como ficar vendo fotos de garotas dançando de lingerie por aí estimula a sua mente. Preciso ouvir sua explicação. - Ele franziu levemente a testa.

- Nem todas são assim. Algumas delas são bem legais e só querem uma foto sua autografada ou um "obrigado por entrar em contato, fico feliz que tenha gostado do novo álbum". Você as estava ignorando. Achei grosseiro.

𝐒𝐀𝐕𝐄 𝐌𝐄/𝐍𝐨𝐚𝐯𝐚𝐧𝐢 (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora