𝙲𝙰𝙿 𝟷𝟶

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- O Adrian já mandou as informações dos primeiros lugares de shows, reservas de hotel etc. - Passei meu iPad para Sabina.

Estávamos sentadas na escada, assistindo aos rapazes trabalharem no novo estúdio do porão. Os toques finais tinham sido dados na véspera e Noah tinha caprichado. As paredes estavam cobertas do chão ao teto alternadamente com vidro e revestimento à prova de som, bem como reluzentes equipamentos de ponta. A alegria em seus olhos quando os rapazes aprovaram o trabalho foi adorável.

Tive a impressão de que o estúdio e o equipamento eram a sua forma de se desculpar pelo passado, sua forma de tentar consertar as coisas.

De uma forma ou de outra, o estúdio era uma boa coisa.

- Parece que a campanha publicitária só começa pra valer depois do Ano-Novo. Não tem muita coisa agendada até lá. Umas duas entrevistas, acho que só.

- Isso é bom, eles precisam de um intervalo.

- Sim.

Um australiano esquelético chamado Taylor e sua deslumbrante esposa Pam, de ascendência nativo-americana, nos esperavam na porta quando voltamos da corrida (entre tropeços e caminhadas) pela manhã. Normalmente, depois de me torturar, Noah costumava sair pra correr de verdade sozinho. Hoje, no entanto, ele ficou deslumbrado em receber esses convidados. Seus momentos mais amigáveis que eu já testemunhara eram breves sorrisos trocados com Sabina, volta e meia.

Ele até suportou um ligeiro abraço de Pam, apesar de seus braços enrijecerem e da expressão de desagrado. Nunca conheci alguém tão avesso a deixar as pessoas se aproximarem.

Taylor aparentemente era um amigo de longa data, e também auxiliar de turnê/técnico de som/guru das gravações. Sua esposa, Pam, era fotógrafa. Ela prontamente sacou uma câmera muito legal e começou a fotografar os rapazes em ação no novo estúdio. Eu a segui, fazendo uma série de perguntas.

Por sorte, ela não se importou com isso.

Pam disse que eles pensavam em usar as fotos no encarte do próximo álbum. Ela até me deixou brincar com a câmera, dando dicas de quais botões usar. O jogo de luzes em fotografia e a forma com que altera o clima de um ambiente era incrível. Eu nunca tinha estado perto de um fotógrafo profissional antes. O dia inteiro, sempre que tive chance, andei junto dela. Era divertido, interessante e desafiador de uma forma que administração simplesmente não era, pelo menos não para mim. Fora que brincar com a câmera afastou meu mau humor.

- Segure assim - Pam recomendou, reposicionando meus dedos ao redor da Nikon.

Levei a câmera aos olhos novamente, observando atenta o zoom automático focar e desfocar diversos objetos.

- É incrível. O mundo parece tão diferente. Os detalhes, as luzes e tudo.

- Sim - sorriu Pam. - Parece mesmo.

- Eu não vou querer saber quanto custa uma destas, né?

- Não - confirmou ela. - Não mesmo.

Noah ofereceu a Pam e Taylor um quarto de hóspedes desocupado, mas eles recusaram, pois já tinham reservado um hotel na cidade. Uma pena, pois eu ia gostar da chance de passar mais tempo com ela e a câmera.

- Então... - começou Sabina. - Noah ligou tarde da noite ontem. Me pediu pra organizar uma noite das meninas, me disse algo sobre você precisar se animar um pouco.

Rangi os dentes. Havia várias coisas me deixando ansiosa e agitada o dia inteiro, e o rumo dessa conversa não parecia ajudar.

- Ele não precisava fazer isso.

𝐒𝐀𝐕𝐄 𝐌𝐄/𝐍𝐨𝐚𝐯𝐚𝐧𝐢 (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora