Na manhã seguinte, nós estávamos na metade do quarteirão quando Noah parou, com a respiração ofegante.
Não, tá bom, essa era eu.
A respiração de Noah não estava nem mesmo pesada, apesar de a corrida ter me bagunçado por dentro. Isso não podia ser saudável. Se bem que eu já tinha corrido bem mais do que ontem antes de desmoronar. O progresso era uma coisa lenta, gradual e agonizante.
- Você voltou tarde ontem à noite. - Ele inclinou a cintura para se alongar.
- Sim, nós fomos dançar. - Não é de se espantar que as minhas panturrilhas estivessem me matando de manhã.
Noah resmungou alguma coisa que eu não fazia ideia do que queria dizer.
Quando eu liguei no meio do meu encontro para saber se estava tudo bem, ele disse alguma coisa sobre estar brincando no violão. A conversa foi breve. Ele relatou basicamente que estava bem, me mandou voltar para meu encontro e desligou na minha cara. Uma típica conversa ao telefone com Noah.
Ele se ergueu.
- Andei pensando no que você disse, sobre eu voltar a sair.
Tentei não parecer surpresa.
- E?
As árvores do outro lado da rua deviam ser fascinantes, pois seu olhar estava fixo nelas.
- Liguei para uma velha amiga. Ela, err... ela ficou sóbria recentemente também, passou pela reabilitação. Conversamos um tempo. Ela está pensando em vir de Los Angeles para me rever.
- Noah, isso é muito bom. - Eu tentei sorrir. Juro por Deus, eu dei tudo de mim, mas meu rosto estava rígido e pareceu falso.
Rever pode significar muitas coisas.
Na minha mente distorcida, rever um astro do rock tinha tudo a ver com sexo e nada a ver com um café entre amigos. Afinal, estávamos falando de Noah Urrea. Sua abstinência ainda me surpreendia. Ele parecia um enorme animal mal-humorado rondando a casa, rosnando. Muito facilmente, minha mente produzia imagens sombrias dele, afundando os dentes em alguém, lambendo e arranhando.
Agora eu estava ofegante por outro motivo. Minha mente suja estava fora de controle.
Ele disse que só tocava as pessoas quando ele trepava. Aposto que essa velha amiga teria em pouco tempo a marca dos dedos dele por todo o corpo, moça de sorte. E pensar que eu dei essa maldita ideia.
Por Deus, como eu me odiava.
- Ótimo - soltei, tentando mentalizar Dean. Tão bonito e doce e tudo mais, bem mais perto do meu alcance. Ele não fazia o tipo destruidor de corações como Noah, não havia necessidade de pôr uma alerta de perigo em sua bela testa.
- Sim. - Quando ele finalmente olhou na minha direção, fiz um esforço para disfarçar minha miséria da melhor forma. - Escuta, Shivani. Sinto muito ter sido um idiota quando você sugeriu, acho que me pegou um pouco de surpresa.
- Você me pedindo desculpas? - ele fez aquela idiotice com o queixo. - Uau.
- Não aja como se fosse grande coisa - ele murmurou.
- Não. Não, tudo bem. Você pode apenas repetir mais uma vez para mim?
Ele revirou os olhos.
- Sinto muito.
- Eu te perdoo. Só não faça isso de novo ou eu chuto a sua bunda até a próxima semana.
- Você tem metade do meu tamanho.
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𝐒𝐀𝐕𝐄 𝐌𝐄/𝐍𝐨𝐚𝐯𝐚𝐧𝐢 (concluída)
Fanfic"A questão é: você nunca vai ter uma vida me seguindo por aí. Você está melhor sem mim, eu sei disso e não me importo. Esse, Shivani, sou eu."