𝙲𝙰𝙿 𝟷

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Noah estava enlouquecendo.

A porta do quarto de hotel estremeceu e foi possível ouvir um ruído alto de colisão do outro lado. No interior do cômodo uma voz se ergueu; no entanto, as palavras eram incompreensíveis. Talvez fosse melhor ficar no corredor um tempo.

Era tentador. Tudo isso era minha maldita culpa; eu deveria ter ido embora há duas semanas.

O fato era que, apesar da grana, não me dei bem com esse trabalho. Porém, toda vez que eu abria a boca para pedir demissão, as palavras sumiam.

Eu não sabia explicar.

– E aí? – Sabina se moveu em minha direção vestindo apenas um vestido preto simples. Seus dedos se moviam nervosamente. Os cabelos dela estavam arrumados para trás, formando um coque elegante.

– Oi.

– Joalin está falando com ele.

– Tá. – Eu devia ter posto um vestido também, para dar um ar mais tradicional. A última coisa que eu queria era envergonhar Noah em público, em especial num dia como aquele.

Em novembro, na região norte de Idaho, só podia estar fazendo um frio de lascar. Como eu era nativa de uma região mais quente, não tinha meias-calças quentes o suficiente para aquele frio todo.

A banda e sua comitiva já estavam em Coeur d’Alene havia mais de uma semana e o humor de Noah estava terrível desde a nossa chegada. Ainda pior que o normal.

A mãe de Lamar havia falecido quatro dias antes, perdendo a batalha contra o câncer.

Até onde eu tinha entendido, Lori tinha sido uma espécie de mãe substituta para os irmãos Urrea, já que a mãe biológica deles tinha sido desprezível e os abandonou quando ainda eram crianças. Cheguei a ver Lori umas poucas vezes.

Ninguém podia negar que ela era uma pessoa maravilhosa.

Mais gritos abafados. Outra batida.

– Acho que eu não deveria ter saído para tomar café da manhã. – Café, torradas e mais xarope de bordo do que eu deveria ter consumido estavam revirando meu estômago. Comer pra se sentir melhor era uma merda. – Achei que tinha voltado da academia com ele.

– Não dá pra você vigiá-lo o tempo todo.

– Mas sou paga para tentar. – Encolhi os ombros. – Deus me ajude.

– Só que se você o fizesse, ele te despediria por ficar enchendo o saco dele, do jeito que ele fez com as outras. Conceder espaço para ele respirar é uma boa coisa. – Sabina se encolheu ao ouvir o barulho de um novo impacto vindo do quarto da destruição. – Geralmente.

– Hmm.

Noah não tinha demitido todos os cinco profissionais que me antecederam; alguns ele coagiu a se retirarem. Ou, pelo menos, foi assim que ele descreveu. Mas não me preocupei em corrigi-la.

– Joalin vai acalmá-lo – Sabina completou, com certeza na voz.

Era fofo como ela adorava a esposa e a via como uma heroína.

Joalin e Sabina tinham se casado em uma noite de bebedeira em Las Vegas. A história estampou todos os noticiários. Parecia ser uma bela de uma história, embora não a tivesse ouvido inteira ainda. Sabina tinha me convidado para sair com ela e as amigas umas duas vezes, mas eu sempre arrumava uma desculpa.

𝐒𝐀𝐕𝐄 𝐌𝐄/𝐍𝐨𝐚𝐯𝐚𝐧𝐢 (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora