𝙲𝙰𝙿 𝟷𝟺

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- Ai, meu Deus, esse suflê é incrível. É como se o paraíso estivesse na minha boca. Céus, Noah, você está me ouvindo? - Eu lambia o restinho de chocolate da minha colher, tentando encontrar mais. A porcaria da colher estava vazia, mas era melhor verificar novamente apenas por segurança.

- Eu ouvi. - Seu olhar seguiu a minha língua até o comprimento da colher e ele engoliu em seco.

Hum.

O astro do rock em questão se sentou à mesa na minha frente, já tendo tomado o seu café havia algum tempo. Ele provavelmente levantou ao romper da aurora, em forma e cheio de energia. Foi para a academia do porão, já que os paparazzi estavam à espreita do lado de fora em função da entrevista de sua mãe. Dois rapazes da segurança estavam lá fora, de olho nas coisas. Então, definitivamente estávamos sem corrida por várias razões, mas por causa do meu tornozelo machucado eu tinha que ficar na cama de qualquer jeito.

Na minha própria cama menor, infelizmente.

Assim que a bota chegou, na noite anterior, ele me expulsou de seu quarto. Bem, ele me ajudou a mancar para o meu. De qualquer forma, o resultado final foi o mesmo, eu dormi sozinha.

Na hora em que mandei uma mensagem para ele vir me ajudar a descer as escadas, ele já tinha tomado banho e estava vestindo jeans e uma camiseta preta lisa. E agora eu provava os restos abundantes de seu grande jantar da noite anterior. Dane-se o cereal do café da manhã, a sobremesa era definitivamente melhor. Nós estaríamos jantando sobras por dias, massa caseira com cogumelos selvagens e panceta, alguns pratos exóticos de peixe e o melhor maldito suflê de chocolate com calda de frutas vermelhas que eu já provei em toda a minha vida.

Melhor. Café da manhã. De todos.

- Eu quero ter filhos com esse suflê.

- Ótimo - ele disse, me observando enquanto eu devorava aquela sobremesa inocente com muito zelo.

O olhar em seu rosto me preocupava com tantos segredos. Seu olhar estava reservado, mas havia outra coisa lá também, algo mais. Uma intensidade a que eu não tinha certeza se poderia corresponder a essa hora da manhã.

- Precisamos conversar - ele disse.

Haveria outras palavras tão temidas em toda a linguagem humana? Eu achava que não tinha feito nada, mas ainda assim...

- Sobre a sua mãe? - perguntei, esperançosa.

- Não. - Seus olhos fecharam. - Não há nada a ser feito sobre isso. Ela fez sua jogada e eu só quero esquecê-la por enquanto.

Era mais do que justo.

- Ok. O quê, então?

- Você decidiu se vai sair com Dean novamente ou não?

Isso não foi tão ruim. Eu bati a colher de prata contra os meus lábios, pensativa. Nosso primeiro encontro tinha ido tão bem, mas então eu corri dele na noite passada. E ainda teve aquele de que eu me esqueci, porque estava tomando sorvete com Noah. A probabilidade era que ele não estivesse interessado em me ver novamente.

- Acho que não - respondi. - Ele é um cara legal, mas... Talvez em outras circunstâncias, sabe? Em uma outra vida.

- Tanto faz. Precisamos falar sobre o ponto cinco em sua lista. O ponto quatro não está funcionando, então vamos desistir dos encontros.

- Hmm. - Coloquei a colher no meu prato infelizmente ainda vazio. - Não havia um ponto cinco na minha lista. Havia apenas quatro, namorar outras pessoas, focar em suas falhas, não ser patética, ter uma vida etc.

𝐒𝐀𝐕𝐄 𝐌𝐄/𝐍𝐨𝐚𝐯𝐚𝐧𝐢 (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora