15 - Energias

1.6K 154 25
                                    


ᘉão me lembro ao certo o momento no qual fechei meus olhos e cai em um sono profundo, só sei que quando  acordei num pulo pela manhã, a fantasma não estava ali.

— Vamos Camila, já são quase uma da tarde — minha mãe gritava do outro lado da porta, quase a colocando escada a baixo.

— Já vou! — respondi antes de me sentar na minha cama massageando meu rosto.

Será que foi um sonho? Talvez eu tenha chegado bêbada demais em casa.

Mil pensamentos rondavam minha cabeça, eu estava nua na minha cama e sozinha, após supostamente perder minha virgindade com uma fantasma! E sem camisinha ainda! Será que... Claro que não! Ela está morta... Se bem que ela sente dor mesmo estando morta...

— Puta merta! — exclamei, completamente apavorada.

— Falando sozinha? — ouvi a voz da fantasma vir de algum lugar, me obrigando a soltar um pequeno gritinho extremamente vergonhoso — Muitos diriam que isso é um indício de insanidade.

— O que...? — nem sabia oque falar, somente a encarei de boca aberta, Lauren, era estranho dar um nome para a fantasma, estava sentada sobre a poltrona que havia no meu quarto, a que ficava frente a minha televisão, eu costumava passar minhas tardes, antigamente, nela — Nós...?

Nós...? — ergueu uma das sobrancelhas, me olhando com curiosidade, ela parecia até muito alheia ao assunto, me obrigando a me questionar se o que eu acho que aconteceu realmente havia acontecido.

— A gente transou ou eu estou louca? — disse num fio de voz, completamente envergonhada, sentindo meu rosto esquentar.

Para minha surpresa, a fantasma somente jogou a cabeça pra trás, dando uma de suas risadas irritantes, conseguindo me deixar ainda mais preocupada, eu não sabia se preferia ter realmente transando com ela, isso provaria que pelo menos eu poderia confiar na minha mente ainda, ou se queria que ela falasse que eu estou louca e que jamais faria isso, pois isso colocaria algumas coisas no seu lugar novamente.

— Sim garotinha, "transamos" — fez aspas com os dedos na última parte, fechei os olhos suspirando — E não faça essa cara, pareceu gostar muito.

— Eu gostei... Mas, puta merda! Eu perdi minha virgindade com você! — abri os olhos para lhe encarar, ela somente me olhava com surpresa, isso não era tão chocante assim, afinal qualquer um que me olhasse suspeitaria que eu era virgem.

— Espere, você era pura? — perguntou engolindo em seco, eu fiz uma careta pelo termo mas acabei concordando com a cabeça, e isso a fez arregalar os olhos — Porque não me disse isso?! — se levantou num piscar de olhos.

— Não era você que sabia de tudo?! — disse com deboche, me enrolando no meu cobertor ainda mais quando ela me olhou novamente, sem paciência.

— Já disse para não usar esse tom comigo — rosnou — Deveria ter me avisado!

— Eu nem estava pensando nisso no momento! E porque você está se aterrando tanto a isso?!

— Primeiro, porque a virgindade de alguém é um momento especial, e outra que uma primeira vez tem energias muito fortes.

— Como assim?

Energias — revirou os olhos — Tudo envolve energias, e isso foi muito forte, muito forte... — engoliu em seco olhando para as paredes — Principalmente para alguém que usa de energias para se manter — sussurrou tão baixo que eu me perguntei se realmente havia escutado suas palavras — Teremos que conversar sobre isso, mas em outro momento — após dizer isso, sem mais nem menos sumiu me deixando olhar para o nada com cara de otária.

— E eu achando que ela iria me ajudar com minhas dúvidas. Pelo menos sei que não sou mais virgem... Será que transar com fantasmas conta?

                          • ✠•❀•✠ •

Eram sete e trinta e eu ainda não conseguia tirar ela da cabeça.

Tinham se passado uma semana! Uma semana inteira desde sábado que foi o último dia que eu a vi, sim eu estava me referindo a fantasma.

Nenhuma aparição repentina, nada, suspirei, largando o console na mesinha que havia na frente da poltrona e me levantando e dando algumas voltas sobre a poltrona de couro.

Porque eu estava tão preocupada com onde quer que ela estivesse? Deveria estar aliviada, ela não me importunava mais, o máximo que poderia ter acontecido era ela ter achado um caminho para onde quer que fosse que ela estivesse destinada a ir... Então porque eu estava preocupada? Ela nem pertencia a esse plano de qualquer forma... Mas o jeito pelo qual ela ficou quando descobriu que eu era virgem me intrigou, ela pareceu muito aérea após isso, e sumiu! Minha cabeça estava um amontoado de pensamentos e possibilidades! Nem conseguia me concentrar nas aulas, eu tinha que achar um jeito de saber se ela estava bem, tinha... Mas como? Se ela estivesse perto, deveria me ouvir, não é?

Lauren...? Você está aqui? — perguntei olhando ao redor e não tendo nenhuma resposta, respirei fundo — Preciso falar com você... Lauren?

Fechei os olhos percebendo que não teria resposta, Lauren... Nunca tentei obter nada com esse nome, será que eu poderia achar algo com ele?

Curiosa, fui até meu MacBook que estava sobre a mesinha e me sentei na poltrona com ele no meu colo, colocando o nome Lauren e Town Handsome para ver se achava algo, mas não consegui, mal havia notícias recentes sobre Town Handsome, quem dirá notícias antigas que pudessem me ajudar, então querendo saber sobre algo, coloquei como energias estavam relacionadas a fantasmas. Mas não consegui achar nada útil também, mordi os lábios pensativa, resolvendo mandar uma mensagem para Ali.

-Oi.

Demorou alguns minutos para que eu obtivesse alguma resposta, enquanto isso eu tentava achar alguma coisa útil para mim na internet.

- Oi! Como está?!

- Bem, Ali, sabe me dizer como eu tenho acesso a alguma notícia antiga da cidade? Como jornais?

- Pode tentar ver se acha na biblioteca da cidade, fica no centro, é bem fácil achar, pra quer quer isso?

- Trabalho de escola.

- Claro! Bom se quiser posso te levar lá.

- Bom, acho melhor eu ir sozinha, vai ser algo cansativo, sabe?

- O.K então, boa sorte.

- Obrigada!

Talvez eu conseguisse algo na biblioteca da cidade, alguma notícia antiga que relatasse a morte de Lauren ou algo do tipo, pois ela morreu na cidade não havia como sua alma ficar presa a essa casa se fosse diferente, a ideia de que lá disse herdeira dos antigos donos, e consequentemente alguém que já foi dona do casarão, passou pela minha cabeça, mas eu já havia pesquisado os donos mais recentes da casa e não cheguei a nenhuma conclusão satisfatória, respirei fundo, e então olhei para minha cama, me lembrando do que estava debaixo dela, o baú que eu havia achado no porão enquanto o limpava a algumas semanas atrás, me levantei indo até lá e o tirando de debaixo da cama, ele estava limpo, eu havia tirado o pó dele e das coisas ali de dentro antes de colocar debaixo da minha cama, por algum motivo não quis jogar fora, provavelmente curiosidade de saber como as coisas eram antigamente.

— Vamos ver oque achamos ai.

BRASAS DE FOGOOnde histórias criam vida. Descubra agora