13 - Alucinação?

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ᕮmbora eu não fosse o ser humano mais sociável que existe, eu confesso que até me diverti nessa noite tão incomum, incomum pois, eu nunca, em toda a minha vida, fui a uma festa cheia de pessoas da minha idade, ou sequer pensei que iria gostar de ir, minhas noites de diversão com Shawn envolviam apenas filmes antigos e muita besteira gordurosa.

Mas a festa de comemoração da vitória de Daniel, sim ele realmente ganhou e Ali disse que foi de lavada dos outros, havia muito barulho, cerveja, jovens e até porcos assados de uma maneira que eu só tinha visto nos filmes, algo bem diferente das minhas outras experiências, era inegável que os amigos do primo de Persé eram muito receptivos e o próprio Daniel também era, mas eu preferi observar a comemoração de longe acompanhada com uma garrafa de cerveja, ainda não era a coisa mais atraente do mundo, mas era a única coisa que consegui achar para tomar além da cachaça artesanal da cidade (e essa segunda opção certamente causaria meu óbito). Não foi necessário muito para minha recém amiga já estar visivelmente bêbada, ela até tentou me levar para o meio dos jovens que dançavam, mas eu a convenci que estava com um mal estar e que esperaria passar, não foi fácil mas consegui a convencer, a verdade é que eu devia ter alma de uma pessoa ranzinza de idade, era a única explicação para eu, em meus plenos 17 anos, não gostar de curtir e nem de ficar no meio de tanta bagunça, mas me diverti vendo o processo gradativo em que alguns jovens terminaram em alguma moita curvados em meio aos vômitos e também com as vergonhas que o álcool resultava neles (não que eu fosse trocar meu videogame ou meu quarto por isso) mas como já era esperado, sentar bebendo cerveja entediada (principalmente quando você não bebeu nada) não era a melhor das ideias, visto que após três garrafas pequenas de cerveja, eu já estava bem tonta e no final quem acabou levando eu e Ali, e mais algumas pessoas que não faço a mínima ideia de quem eram, somente que estavam jogados um por cima do outro no carro dos pais de Ali em que ela tinha me buscado, foi Daniel.

— Entregue menina nova, espero que tenha se divertido — me ofereceu um sorriso simpático — Entendo que é difícil se acostumar com uma cidade nova, mas logo você se enturma... Menos com os Sutton, todos são uns babacas.

— Quem são eles?

— É só um leve desentendimento de família, mas quando os conhecer vai saber quem são — piscou um dos olhos — Acho bom sair, ou eu arranco o carro com você dentro — me deu um leve empurrão com os ombros.

— Ela vai ficar bem? — apontei para Ali que estava no banco de trás, dormindo.

— Depois de vomitar e tomar um remédio, sim, sempre quando ela toma qualquer álcool termina assim, não é a mais forte da família se é que me entende. Boa noite.

— Boa noite — Sorri me despedindo, e sai do carro, foi só fechar a porta do impala vermelho que Daniel saiu cantando pneus mas antes de chegar na esquina e sumir do meu campo de visão, buzinou alto, se minha mãe estivesse em casa, provavelmente teria acordado, mas eu duvidava disso... Mas quanto a minha adorável fantasma, certamente teria chamado sua atenção e ela viria me importunar.

Suspirando, tirei o molho de chave do meu bolso e abri o grande portão de ferro da minha nova casa, caminhando pela estrada de pedra depois de fechá-lo novamente.

Como imaginei, ao entrar em casa, estava tudo escuro e extremamente silencioso, nem parecia que uma fantasma por algum motivo habitava aquelas paredes, eu teria tomado um banho, mas estava com muito sono para subir as escadas até o segundo andar e não queria que a fantasma invadisse o banheiro, e tenho certeza que ela iria fazer isso. Então só desci as escadas que davam para o porão e quase gritei de alívio ao ver meu quarto vazio, então desesperada por algumas horas de sono, eu somente tirei a calça jeans justa, o shorts compressor e a camiseta de flanela, para sem nem pensar duas vezes cair na minha cama que me pareceu umas três mais confortável do que antes.

Você está cheirando a cerveja — coloquei minhas mãos sobre o rosto ao ouvirem tal voz me lamentando — Saber que minha presença te incomoda me deixa satisfeita, me farei presente ainda mais vezes — podia jurar que na sua voz, tinha um tom de divertimento, e eu não duvidava que ela realmente estivesse se divertindo em me importunar.

— Eu estou desesperada para dormir, fantasma...

Lauren.

— O que? — tirei as mãos do rosto e virei meu rosto em sua direção, a encontrei com a cabeça apoiada sobre os cotovelos e o corpo levemente inclinado ao meu lado na cama, me olhava com certa ironia, mas isso era algo comum dela.

— Você sempre me chama de fantasma, mas isso já está me incomodando, então me chame pelo meu nome.

— Seu nome era Lauren?

— Ainda é, a menos que deva adotar outro na minha morte.

— Certo — disse lentamente, ainda absorvendo essa nova informação acerca dela — Então, Lauren, pode por gentileza, me deixar dormir?

Deixe-me pensar... Não. — abri a boca indignada, ela não poderia me impedir de dormir! — A ideia de não deixar você dormir me parece mais atraente.

— Chamarei um padre para te exorcizar se não me deixar dormir! — falei já sem paciência.

— Como da última vez? — sorriu com sarcasmo — Se sinta no seu direito, só não serei tão compreensiva como fui.

— Arg! — peguei o travesseiro que estava debaixo da minha cabeça e o coloquei sobre o meu rosto.

Ela ficou um tempo em silêncio, e eu pedia a Deus incansavelmente para que ela tivesse sumido, mas quando senti um toque gélido sobre minha barriga me obriguei a tirar o travesseiro de cima do meu rosto para lhe olhar chocada.

O que está fazendo? — perguntei com espanto ao ver que sua mão ainda estava sobre a minha regata, com seus dedos cada vez mais perto de alcançar minha pele.

— Quer que eu pare? — perguntou com a voz, estranhamente mais rouca, eu teria dito um "Não" com todas as minhas forças, mas quando senti sua mão atrevida, apertar meu membro por cima da cueca, as palavras ficaram presas na garganta e a única coisa que saiu, foi um gemidos de satisfação baixo que eu me arrependi no momento em que vi o sorriso se formar nos lábios da fantasma.

BRASAS DE FOGOOnde histórias criam vida. Descubra agora