22 - "Incomodada"

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Ⴓueimei tudo que havia no baú, olhando as chamas destruírem tudo que havia ali, e me senti bem com isso, os Chapman's, não mereciam ser lembrado, e León Chapman em particular menos ainda. Lauren estava ao meu lado, pela visão periférica vi ela sorrir, então virei meu rosto na sua direção, ela sorria largo, os olhos brilhando em rosa.

— Ele está furioso — disse sem desmanchar o sorriso — Seu maior medo sempre foi o fim dos "guerreiros de Deus" e também não queria que a existência de sua família virasse cinza — comentou com deleite.

— Que bom — ela me olhou por algum tempo, depois umedeceu os lábios — Qual é sua verdadeira forma?

Essa — apontou para si mesma — Era assim que eu era, mas posso mudar, a minha aparência pode ficar igual a quando minha alma deixou o meu corpo.

Fiz uma careta me lembrando de como ela poderia ficar, a visão era perturbadora.

— Pode mudar quando quiser?

— Sim, agora sim, mas quando eu acordei depois de morrer, não conseguia, as coisas ficaram um pouco mais complicadas, nem conseguia controlar meus poderes mais simples, mas não demorou muito até que eu conseguisse mudar minha aparência foi fácil depois disso.

— Você tem todos os poderes que tinha quando era viva? Como Summa?

— Não, como disse, isso que está vendo é só parte do meu ser, meus poderes vão muito além dos que consigo ter hoje, eu era uma Summa Camila, filha de Cecília Morgado, meus poderes iam muito além do que possa imaginar.

— Você disse que ele pode fazer coisas que não podia fazer vivo... São coisas parecidas com as que você faz?

— Não, ele faz o que fantasmas podem fazer, possuir corpos por algum tempo, sem poder sair da propriedade, fazer você ter algumas alucinações, aparecer quando quer, e essas coisas, mas está fraco, não pode sequer ser ouvido pelos vivos, não importa o quanto se esforce para isso. Não imaginava que você era virgem.

— Isso não é óbvio? Digo, olhe para mim — revirei os olhos — Sabe que não sou normal.

O normal é desinteressante — sorri fraco olhando as chamas.

— Mas o diferente é rejeitado.

— Você sempre acaba achando o seu lugar, Camila, onde iram te acolher, é só ter calma.

— Mas de qualquer forma agora já não sou.

Virgem? — concordei, e ela sorriu fraco — Sim, não é. Sentiu minha falta.

Não foi uma pergunta mas eu me senti na obrigação de responder.

— Achei que tinha achado o caminho até o além — ouvi sua risada irritante — É diferente!

— Isso deveria te aliviar? Talvez tenha sido por isso que você tentou me contactar.

— Também, pelo jeito que você sumiu, eu estava perdida, não senti sua falta.

Ela negou com a cabeça, e então, segurou minha cintura, me puxando em sua direção, deixando nossos rostos muito próximos, roçou seus lábios nos meus.

— Não tente me enganar, garotinha —  eu senti mesmo, não era minha culpa, provavelmente era culpa da carência, eu nunca estivesse com ninguém, ela era a primeira, devia ser isso.

— É só porque você foi a minha primeira — ela sorriu e depois deixou uma mordida no meu lábio, se afastando.

Claro — revirou os olhos — Tem mais alguma coisa lá dentro? — neguei com a cabeça — Então acho melhor você entrar, tome um banho, para tirar qualquer resquício do que um dia foi dele — dito isso ela somente sumiu me deixando a ver navios.

                        • ✠•❀•✠ •

Eu não havia visto a minha querida fantasma irritante ainda, então como amanheci melhor, fui para a escola e depois da aula, decidi ir para o centro dar uma volta com Ali, ela tinha me levado para comer o famoso "Largado' da região, que não era nada mais que uma massa feita com queijo, recheada com ovo, parmesão, azeitona e calabresa, por mais estranho que parecesse era incrível, o gosto era maravilhoso, no fim comi três acompanhado claro, da cerveja da região, a que nível cheguei, apreciando o gosto da cerveja.

Quando cheguei em casa, já estava anoitecendo, mamãe tinha deixado um recado na geladeira avisando que havia saído, provavelmente com o tal Michael, como não conversei disso com ela?

Enchi um copo de água tomando ele em seguida. Quase derrubei ele quando Lauren se materializou a minha frente me encarando com os olhos cerrados.

Onde estava?

— Isso não é da sua conta — disse contorcendo os lábios, deixei o copo sobre a pia e já ia saindo da cozinha quando paralisei no lugar — Para de fazer isso! — disse irritada.

— Tem certeza que não vai me dizer?

— Com minha amiga — Bufei irritada — Você é minha mãe agora? Porque se importa tanto com oque faço.

— A mesma daquele dia? — me ignorou.

— Desfaz isso, eu quero sair daqui!

Camila?

— Inferno! É, é a mesma, Ali. Satisfeita?

Podia sentir seus olhos me fuzilando, ela bufou e desfez o feitiço ou sei lá o que, me possibilitando de voltar a me mover.

— Não gosto dela.

— Você não tem que gostar das minhas amigas! — me virei na sua direção — Quem tem que gostar sou eu.

Somente me encarou com uma das sobrancelhas arqueadas, com um daqueles seus olhares superiores, por fim revirou os olhos, pegando impulso para se sentar no balcão. Cerrei os olhos na sua direção, depois soltei uma risada, com a possibilidade que me veio à mente.

Está... Não me diga que está com ciúmes — dei alguns passos na sua direção, ela fez uma careta, levantando os lábios superiores, e depois riu negando com a cabeça — Está com ciúmes! De mim!

Que?! Óbvio que não, porque teria ciúmes de você?

— É, porque teria ciúmes de mim, Lauren? — fui me aproximando novamente, quando vi que ela iria descer do balcão, rapidamente a alcancei ficando no meio de suas pernas.

— Primeiro, se afaste de mim, depois, eu não sinto ciúmes de você, e terceiro, é apenas um incômodo, não quero que venha me beijar depois de estar com ela — disse tudo com um olhar frio na minha direção, respirei fundo e depois fechei meus olhos.

— Primeiro, não vou, porque você não quer isso, depois, está sim, acabou de confirmar isso, e terceiro ela é minha amiga, sabe oque é isso? — disse com ironia.

Claro — riu desacredita.

— Eu não tenho motivos para mentir para você, ela é minha amiga, hétero, ou seja, gosta de homem, e eu meio que não sou um apesar de ter um pênis.

Ela me olhou por alguns segundos, provavelmente pensando se deveria ou não acreditar em mim, por fim sorriu sem nenhum humor.

— Não estou com ciúmes — sorri concordando — Me beije, e se você esteve com ela eu vou saber, saiba disso.

Ri baixinho e atendi ao seu pedido, principalmente porque estava morrendo de vontade de fazer isso faz tempo.

Mas é claro que estava com ciúmes.



BRASAS DE FOGOOnde histórias criam vida. Descubra agora