ᕮu estava tonta, com uma enorme dor de cabeça e no pescoço pela posição que me encontrava, que era extremamente desconfortável, abri meus olhos aos poucos tomando conta da realidade.
Encarei o teto por alguns segundos ainda atordoada, minha garganta estava seca, tentei puxar minhas mãos para tomar impulso e levantar, mas elas estavam presas, por algo crespo que deixava meus pulsos doloridos, provavelmente ficariam marcados, também. Com pânico, tentei entender que porra estava acontecendo, observei ao redor, percebendo que graças a Deus ainda estava no meu quarto, mas eu estava amarrada a uma cadeira! com mãos e pés presos por uma corda, minha boca estava tampada por um pano, também, me impossibilitando de gritar ou pedir socorro, e isso me deixou apavorada e prestes a chorar de medo pelo que poderia vir a acontecer. Olhei ao redor, com o coração acelerado, e tentando desesperadamente me soltar, ignorando a dor e me debatendo.
Mas paralizei ao sentir mãos pegajosas tocarem a pele do meu braço por trás, me gerando agonia, e quando a figura se fez presente a minha frente, eu apavorada, tentei gritar, pedir ajuda, mas não consegui.
Era a mesma coisa que eu vi antes de desmaiar, ainda sorria de modo perturbador, mostrava muitos dentes, brancos demais, ela estava completamente nua, me possibilitando ver mais detalhes da pele carbonizada, algo que me deixava com o estômago embrulhado e com tremores na pele. Fechei os olhos com força, eu não era do tipo religiosa, mas pedi ajuda a Deus, para ele me salvar. Creio que as pessoas quando se viam nessa situação, com algo que visivelmente não poderia ser humano, buscavam ajuda divina, e era oque eu estava recorrendo.
Eu não tinha ideia do que estava acontecendo, de onde estava ou que porra era essa criatura, eu só sabia que não era algo bom, não podia ser pelo modo que ela sorria e me olhava, era algo perturbador.
— Quero.vocês — ouvia a voz extremamente grave, que parecia arranhar meus tímpanos, se tornar clara, furiosa — longe.daqui. ESSE É O MEU LAR! — não abri os olhos, mas senti a proximidade da coisa, que estava jogando palavras contra meu rosto, respirando pesado, o cheiro de carne humana queimada era horrível, fazia meu estômago se não parar de embrulhar e querer jogar tudo para fora — ESTÁ me ouvindo, garotinha?! Não se faça de retardada como nas outras vezes —senti algo frio e pontiagudo tocar meu pescoço, não precisei abrir os olhos para saber que era uma faca — Está me ouvindo?! — passou o mesmo objeto no meu braço com força, me cortando, eu somente pressionei os olhos com mais força e grunhi de dor, meus olhos já estavam ardendo, querendo deixar lágrimas cair, eu apenas não queria morrer, eu ainda era virgem! completava dezessete anos no próximo mês, ao menos tinha vivido ainda — Inferno! Olhe para mim! — a voz saiu ríspida e perigosamente impaciente — Olhe para mim! — repetiu com mais ódio e um pouco mais alto.
Eu tremendo, abri os olhos, encontrando a figura desfigurada a minha frente, a centímetros no meu rosto, sentada em cócoras, ela ainda sorria. Ficou alguns segundos apreciando meu desespero, até que, suspirou, e tão rápido, que eu nem pude me dar conta, ela se transformou em uma garota de pele muito clara, e felizmente parecia em perfeito estado, devia ter em torno da minha idade.
— Sei que gosta dessa forma —comentou cinicamente — pelo menos pareceu gostar a algumas horas atrás — a voz, agora, era rouca e parecia humana. A "mulher" era atraente, olhos claros, cabelos escuros, volumosos e compridos, ainda sorria, mas agora era algo perturbador e belo ao mesmo tempo. Eu tinha certeza que era um demônio, afinal eles podiam fazer isso, não? Mudar de uma figura agonizante para uma estupidamente atraente em segundos. Foi então que pedia ainda mais ajuda mentalmente para Deus. E perdão. Afinal, se ela me matasse, algo que infelizmente eu tinha quase certeza que ela faria, eu queria ir para o céu.
Eu sentia minha garganta fechada, enquanto algumas lágrimas caiam de meus olhos sem que eu pudesse controlar e meus lábios tremiam.
— Oh garotinha, não parece tão segura agora, não é? — limpou o sangue que tinha na faca com o dedo indicador e levou até a boca, o chupando — não chore, somente me obedeça que tudo irá ficar bem, OK? — sorriu e piscou —Quero vocês, as duas — ficou séria e gesticulou com a faca — fora daqui. Não grite se quiser continuar respirando — me alertou e arrancou o pano de meu rosto de maneira bruta, chegando a machucar meus lábios.
— Eu... — gaguejei , como sempre fazia quando ficava extremamente nervosa — eee-u nã-oo posso... po-r favor nã-o mee-me ma-ma-mata — senti as lágrimas grossas inundarem meu rosto sem eu puder evitar e soluços saírem da minha garganta. Me deixando ainda mais ridícula.
— Não vou garotinha, somente me obedeça — sorriu novamente, apertando uma das minhas bochechas.
— Mi-mi-nha maa-ma-mãe n-ão...
— Para de gaguejar! — disse impaciente — Não entendo absolutamente nada! — se irritadou, respirou fundo e se levantou, para segurar meu pescoço com uma das mãos, apertando com força — se até o final da semana não estiverem longe... Ah gracinha, vai se arrepender tão amargamente....
Abri os olhos com a respiração pesada, mãos trêmulas e coração acelerado, olhei ao redor apavorada, com medo, tentando achar a figura. Mas não achei, eu estava deitava na minha cama, com a mesma roupa que eu estava no jantar, não parecia ferida , estava coberta e tudo parecia absolutamente norma...
— Talvez seja o cansaço... — levei as mãos ao rosto, respirando fundo — é, é o cansaço — murmurei

VOCÊ ESTÁ LENDO
BRASAS DE FOGO
RomansaOnde Camila e sua mãe se mudam para uma casa que já tem dona. Michelle Morgado, uma fantasma centenária. G!p +18 Não permito versões O.K.