AGORA OU NUNCA (Spin-off de Tudo ou nada)

CAPÍTULO 36 - JAIME

Ela não sabe. Não sabe o quanto foi angustiante vê-la sofrer ontem. Não sabe como foi tentador vê-la dormir na minha cama. Eu queria tirar a sua dor, a embalar em meus braços e fazê-la esquecer acariciando seu cabelos e beijando seus lábios. Eu estou louco. Louco de ciúmes, louco por essa mulher que não sai da minha cabeça nenhum minuto.

Eu não sei mais o que fazer, mas ontem foi o ápice dos meus sentimentos. Passei a noite praticamente acordado, apenas apreciando seu sono.

Jamais deixaria que a carreira dela acabasse. Eu lutaria até o fim para que Lolla seja o que sempre sonhou. Ela merece mais do que qualquer um que eu já conheci.

Eu quis estraçalhar aquelas flores do Mateus. Queria que aquele sorriso fosse apenas dado por mim.

Passo as mãos pelos cabelos. Estou me sentindo frustrado por não conseguir controlar os sentimentos que insistem em permanecer.

Eu sei que tenho compromissos com outra pessoa. Sei que temos um trabalho a zelar, sei que tenho sonhos de um futuro para preservar, mas nesse momento, nada disso passa a ter sentido. Lolla parece que está marcada em mim e meu maior objetivo é cuidá-la de todas as formas possíveis.

No fundo, sei o que fazer, apenas tenho medo de estar jogando todas as minhas chances fora.

Lolla é diferente de mim. Eu gosto de calmaria de uma praia deserta, ela gosta da agitação de um mar de ondar revoltas. Eu não danço, ela é profissional. Sou discreto, ela extravagante.

Era uma versão diferente da relação que tenho com Celina. Ela é a minha versão feminina. Lolla é o meu oposto.

Meus pensamentos são egoístas. Se eu contasse a verdade para Celina, ela, provavelmente, me deixaria. E Lolla? E se Lolla não me quisesse?

Estaria de volta à estaca zero e seguiria o destino que há poucos meses eu já havia aceitado.

Lolla caminha até mim no saguão do hotel.

Meu coração sempre reage a sua presença de modo catastrófico. A vontade de tocá-la sempre é de uma forma aflitiva por conta do autocontrole.

Ela sorri para mim.

— Pronta.

Eu sorrio para ela.

— Não vá jantar com o Mateus, Lolla.

Seu sorriso cessa e sua testa franze.

— Mas eu não iria sozinha, Jaime. Você irá conosco.

— Não vou.

— Por quê?

— Porque está na cara, não é, Lolla? Ele quer você.

Ela dá um sorriso de lado.

— Que modo feio de dizer, Jaime. Ele é gentil, só isso.

— Não se faça de sonsa, Lolla.

— Não sou sonsa. Você está querendo dizer o quê? Que ele está a fim de mim?

Ela me olha e espera a resposta. Me recuso a responder isso.

— Eu não sou idiota, Jaime. Soube na primeira vez que ele me olhou. Ele não é o primeiro e não será último.

— E? — Minha voz sai sem força.

— E eu o achei um homem interessante. Você mesmo falou superbem dele, não foi?

— Falei profissionalmente.

— Conversamos pelo WhatsApp. Pelo que reparei, ele é bem legal particularmente também.