CAPÍTULO 24 - JAIME

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Bato três vezes na porta.

Ana abre e me vê.

— E aí, tio.

— Posso entrar? — pergunto, encostado no batente da porta do seu quarto.

— Claro.

Ela vai para a cama, fecha o livro que parece estar lendo e me olha.

— Não fique triste comigo, Ana.

— Não estou.

— Te conheço desde criancinha, como a palma da mão. Sei que não gostou da Celina, mas... ela é legal.

— Ah, tio, sério que veio falar disso? Eu estive pensando e se é isso que você quer, quem sou eu para te atrapalhar, não é?

— Você é minha sobrinha. Sua opinião é importante, sim.

— Acredite, não vai querer ela agora.

Reviro os olhos e me sento na cadeira do seu computador.

— Sei que com um tempo você conhecerá Celina melhor e... quem sabe, virarão amigas.

Ela respira fundo e me olha. Sinto seu olhar e complacência.

— Quem sabe, tio.

— Mas não vim falar disso.

Ela cerra os olhos para mim.

— Vim para te dizer que amanhã vou te dar seu presente de aniversário.

Ela abre a boca surpresa.

— Mentira?

— Não!

— Vai me colocar na escolinha de surfe?

— Isso vem depois.

Ela não entende e fica com um sorriso abobalhado no rosto.

— Como assim?

— Amanhã iremos cedinho para a nossa casa em Angra e você terá uma aula particular com a garota do momento. Arrisca quem é?

Ela levanta com pressa e me abraça. Quase caio para trás.

— Lolla! É com ela? Diz que sim!

— E tem outra garota do momento? É ela sim. Ela aceitou ir conosco — conto. A felicidade dela me deixa satisfeito.

Sei o quanto Ana ama aquela casa. Henrique sempre as levava lá antes mesmo de se casar com Catarina. Era o nosso refúgio.

— Eu nem acrediiiiito!

— Só quero que diga que não está mais chateada comigo.

— Já disse que não estou. Eu só quero que você seja feliz. Sei lá, não pareceu...

— Estou com muita coisa na cabeça, mas não por causa da Celina. É com trabalho e... deixa pra lá.

— Estou tão animada agora, tio! Me deixa levar o Marquinhos?

Meu sorriso murcha. Tá de sacanagem?

— Por favor, tiiio!

Ela junta as mãos em uma súplica.

Eu não iria tirar essa felicidade.

— Ok.

— Yes!!!

Levanto-me e vou em direção da porta.

— Fique pronta às 6h. Temos que aproveitar o dia.

— Estarei. Aliás, estaremos! — Ela já pega o celular e liga para o namorado com animação.

AGORA OU NUNCA (Spin-off de Tudo ou nada)Onde histórias criam vida. Descubra agora