CAPÍTULO 26 - JAIME

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Sinto o solavanco do mar. A falta de ar e os lábios dela.

Abro os meus olhos.

Seus olhos estão em mim.

Eu a senti me retirar do mar. Eu senti seus olhos em mim mesmo sem vê-la. Fiquei imóvel, sem conseguir me mover.

— Está tudo bem? — Tem certo pavor na sua voz. — Seus cabelos pingam em meu peito. Sinto seu hálito. Sua presença não me deixa desconfortável. Era ao contrário.

— Tio!!! — Ana vem para perto e me abraça.

— Calma, eu estou bem — digo, meio atordoado.

Lolla começa a gesticular e falar alto, mas nem a ouço. Parece brava comigo.

Ela fica linda dessa forma. Respiro fundo e tento controlar meus pensamentos.

— Vamos fazer de novo? — digo e ela para de falar e se senta na areia.

— Você é louco! Poderia ter morrido!

— Eu estou bem.

— Tem certeza, tio?

Faço que sim e me sento também.

— Você disse que não ia me deixar pagar mico, Lolla.

Ela me olha, audaciosa.

— Você não pagou mico, Jaime. Fique ciente que pagou um King Kong.

— Merda!

Ana e Marquinhos riem ao meu lado.

— Dizer que é igual ao Medina foi um pecado, tio. — Marquinhos se diverte, o chamando de tio.

— Ele disse que era melhor, Marquinhos — Lolla o corrige.

Torço os lábios, desaprovando a zoação deles.

Agora até ela ri.

— Acho que por hoje está bom, né? — Ana se levanta. — Agora eu vou fazer aulas com Helinho e Lolla vai ser a minha coach!

— Você pegou muito rápido, Aninha. Vai ver como o mar é o nosso melhor amigo. Sempre foi meu.

— No meu caso, ele foi meio perverso. — Levanto-me também.

— Ele exige respeito, Jaime. Na próxima, fica só na marola, tá?

Cerro os meus olhos para ela.

A cretina está me zoando ainda?

Vamos para a casa.

Sei que serei sacaneado por muito tempo esse ligeiro afogamento.

Sinto meu nariz arder.

Acho que me afoguei de verdade.

Um certo pânico me atinge só agora quando percebo a gravidade do assunto. Eu morreria!

— Obrigado. — Lolla me olha ao colocar a prancha no lugar. — Você me salvou.

— Não foi nada demais — responde séria. — O importante é que você está bem.

Penso em dar um abraço nela. O mesmo que a vi dar no Fabrício. Será que teria algum problema?

Antes que eu possa fazer, ela me interrompe.

— Não podia deixar você morrer, Jaime. Lutei por você, então, perdê-lo não está nos meus planos. — Ela me dá uma piscadinha e se vira.

Ela é linda. É sexy, é... Puta merda, estou duro!

Ana e Marquinhos entram para deixarem suas pranchas e me viro de costas.

AGORA OU NUNCA (Spin-off de Tudo ou nada)Onde histórias criam vida. Descubra agora