Fui descendo involuntariamente, pois minhas pernas já não me obedeciam mais, e logo estávamos deitadas no chão. Ela sugava a minha língua com força enquanto procurava o fecho da minha calça.
Eu estava completamente louca de desejo, queria aquela mulher tanto quanto ela me queria, mas a imagem de Kelly inerte naquela cama me fez sentir uma enorme pontada de culpa, mesmo chupando e apertando os seios de Nicole, que gemia sobre mim.
Nicole conseguiu finalmente se livrar da minha calça e calcinha e começou a beijar aquela região, me fazendo esquecer a culpa por Kelly no segundo em que senti sua língua me penetrar devagar e com força.
Contive um gemido com a mão, pois temi que Hugo pudesse nos ouvir. Foi questão de segundos para eu chegar a um alucinante orgasmo naquele chão.
Eu estava sem fôlego, completamente suada, quando Nicole encaixou seu corpo nu no meu e me beijou sem pressa. Meu sexo se acalmava, diminuindo os espasmos gradativamente a cada beijo nosso. Passaríamos a noite ali grudadas, mas eu a queria mais que tudo. Ouvi o gemido ofegante dela na minha boca e senti seu corpo todo reagir ao orgasmo.
Depois de uns minutos, acalmando-se sobre mim, Nicole se levantou, se vestiu e deixou a sala rapidamente. Eu me vesti também, mas fiquei ali por uns minutos, pensando na burrada que havia feito. Não poderia ficar me culpando para sempre. Precisava ter uma conversa séria com Nicole. Precisava entender tudo aquilo.
Entrei no quarto de Kelly e fechei os olhos, suspirei fundo e, enquanto mudava sua posição na cama, contei a ela o que havia acabado de fazer com a esposa dela. Pedi perdão, avisei que estava arrependida, que foi mais forte do que eu. Minhas lágrimas estavam determinadas a sair, apesar de toda a minha luta contra.
— Eu nunca fiz isso, Kelly. Te juro. E saiba que jamais me aproveitei da sua situação. Só aconteceu. Espero que possa me perdoar um dia. — Limpei meu rosto e relatei no bloco o que havia feito com a paciente.
Peguei vaselina e passei suavemente nos lábios dela e ao redor da boca.
— Você é linda demais e não merece um segundo do que fizemos. — Coloquei a tampa da lata do produto e recolhi algumas coisas.
Olhei de súbito para o monitor cardíaco quando o ouvi acelerar os bips. Peguei o estetoscópio e auscultei o coração e outros órgãos. Estava tudo certo, com exceção apenas do coração acelerado fora do normal dela.
Enfiei a mão no bolso do jaleco e peguei a lanterna, verifiquei pupilas, tudo certo. Depois de uns segundos os batimentos voltaram ao normal.
Senti o meu coração acelerado quando estava escrevendo o ocorrido. Minha mão estava trêmula. Olhei para Kelly e seu rosto sereno me tranquilizou.
Eu precisava de um banho, mas precisei esperar a hora do meu intervalo para fazer isso. Entrei no meu quarto já me despindo. Tomei banho e ao sair do cômodo embaçado, Nicole estava sentada na minha cama. Recuei subitamente, assustada, e ela se levantou.
— Desculpa. Eu bati, mas como você não atendeu resolvi entrar. Estava aberta.
Devo ter esquecido de fechar, na pressa.
— Tudo bem. O que deseja?
— Conversar sobre tudo isso.
— Eu posso só me vestir?
— Claro — respondeu e saiu do quarto, fechando a porta atrás de si.
Depois que me vesti, sentindo que nem coração tinha mais, pois ofegava como se ele houvesse parado, eu fui procurá-la e a vi no jardim, na espreguiçadeira de sempre.
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Soneto
Short StoryColetânea de contos LGBTQ+ Esta obra é o primeiro volume do projeto Soneto misturando música, drama, comédia, Sci-fi em romances clichês. Todas as cores, todas as letras e vários amores.