Ao Seu Alcance

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Eu nunca fui uma pessoa que idolatrasse artistas. Na minha pré-adolescência eu queria ser uma Rebelde, mas nunca achei que fosse morrer caso me deparasse com a Dulce Maria ou a Anahí na minha frente como as minhas amigas. Mas tem uma pessoa que eu fico admirando sempre que tenho tempo ou sempre que ela posta fotos. Se eu fosse capaz de sonhar com alguém seria com ela, mas eu não me atrevo nem a isso.

Tem muitos anos de carreira, mas só ficou conhecida de poucos anos para cá e não alimento também vontade de a conhecer pessoalmente ou coisa do tipo, pois canta um gênero que não gosto e não vou gastar dinheiro indo a um show que não vou curtir. Até escuto quando não tenho alternativa, mas no meu Spotify não existe nem menção.

Sua voz é rouca, gostosa de ouvir. Ouço alguns covers que posta em seu canal do YouTube, alguns milhares de vezes. Tem várias tatuagens. Assim como eu gosta de malhar, tem um corpo lindo e definido. E um sorriso de parar qualquer coração saudável.

Dona do maior hit do ano passado, May Carrilo, encontrou seu merecido sucesso. Sigo suas redes sociais, comento alguns posts no Twitter, algumas fotos no Instagram, mas não escuto suas músicas de sucesso. Estou sendo intransigente? Sim, mas ainda não me agarrou para eu sair das minhas convicções.

— Beatrice, preciso desse relatório antes das três, tá? — Minha chefe entra na minha sala no primeiro segundo depois do retorno do almoço e coloca na minha mesa uma pilha de trabalho para ser entregue em menos de uma hora.

Curto a foto da May que ela acaba de postar e recomeço o trabalho. Sim, eu ativei as notificações das postagens dela.

Mergulho no trabalho, pois preciso sair no horário. Não malhei naquela manhã como sempre faço, então vou quando sair do trabalho.

Depois de terminar aquele relatório chato, vou à copa pegar um café e vejo minha colega e melhor amiga, Telma, vindo em minha direção, toda sorridente. Ela também é fã da May, mas fã completa de escutar tudo e beber sofrendo com as músicas.

— Bea, vamos ao show da May amanhã!

— Quem vamos? — pergunto, rindo da empolgação dela.

— Nós, eu e você. Vou encontrar um boy e você não vai me deixar ir sozinha.

— Ah, não, Telminha! De novo isso? — Ela já havia tentado me fazer ir a um show dela, mas consegui arrumar uma desculpa para não ir.

— Por favor, cara. Se quiser levar alguém, tudo bem, mas quero conhecer esse carinha e sozinha não dá, né?

Coço a cabeça e suspiro profundamente, Telma consegue ser bem chata quando quer.

— Por favor! Pode me pedir o que quiser que faço.

— Tá, tudo bem, vai. Mas quero aquele vestido verde.

— Eu ia com ele — faz uma cara de frustração e logo sorri. — Tá bom. Você pode ir com ele. — dizendo isso ela corre para a sala dela e eu volto para a minha.

Saio do trabalho e vou direto para a academia. Troco de roupa e começo meu treino. Há uma TV na frente do aparelho em que estou, segundos depois de começar minha série, May aparece na tela chamando para seu show no dia seguinte.

— Que mulher maravilhosa! Deus me livre! — resmungo e suspiro.

Talvez seja bom chegar perto dela. Respirar o mesmo ar. Ou talvez nem chegue. Esses shows geralmente são lotados e acabamos vendo as pessoas em telões.

Chego em casa e vou preparar algo para comer. Terminei um relacionamento com uma menina mais nova que eu, há um tempo e ainda estou num processo de superação.

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