Paola acordou com o barulho ensurdecedor do despertador tocando. Desligou o aparelho e passou as mãos no rosto. Suspirou profundamente e desejou:
— Só queria poder dormir por mais meia horinha! — Esfregou os olhos e acabou dormindo de novo.
Acordou meia hora depois com a batida de sua mãe na porta, seguida de um:
— Vê se não se atrasa, hein? — Andreza, mãe dela, gritou do outro lado da porta.
Paola pulou da cama e correu para o banheiro. Depois do banho rápido, arrumou-se e foi à cozinha.
— Come. — disse, um tanto ríspida.
— Não dá tempo, mãe. Eu acabei dormindo depois do despertador... — olhou para o relógio e franziu o cenho.
Só havia se passado dez minutos da hora que o despertador tocou.
— Que estranho. — Sentou-se à mesa e pegou o pão francês do dia anterior e passou margarina.
Observou a mãe por um momento e a notou distante com o semblante sisudo de sempre. Olhou para aquele pão endurecido e desejou:
— Só queria que a minha mãe fosse diferente. Se abrisse para a vida e parasse de sofrer por alguém que ficou com ela por uma noite. Aprendesse a sorrir mesmo nas horas difíceis. — Naquele momento, lembrou-se da avó.
A mulher conseguiu estar feliz até mesmo doente. Não queria deixar ninguém triste por ver sua tristeza e sofrimento.
— Se rezar por muito tempo vai perder a entrevista. — Andreza falou saindo da mesa e colocando a xícara que usou, na pia.
Andreza era professora e sempre saía junto com a filha todas as manhãs. Era ótima no que fazia, mas em casa parecia viver no automático, pois não se esforçava para deixar o ambiente agradável. Comprava pão suficiente para a semana inteira para não precisar ir à padaria todo dia.
Paola cursava publicidade e marketing e estava procurando estágio. Estava com a mãe havia pouco tempo, pois se separara da esposa, Taís, e precisou voltar a morar com ela, pois sua prima ocupou seu antigo quarto na casa da tia.
Desejou muito conseguir aquela vaga, pois era ótima e tinha oportunidade de ser efetivada. A sala estava cheia, mas tinha apenas três mulheres, contando com ela.
— Quero que todas nós ganhemos! — pediu de olhos fechados e ficou assim por um momento.
Lembrou-se da experiência ao acordar e sorriu. Se fosse verdade, pediria muitas coisas boas naquele dia.
Uma moça que estava ao lado dela, foi chamada e ela sussurrou para que a menina ouvisse:
— Boa sorte! Você vai passar.
Ao sair da sala, a jovem sorriu para Paola e deixou o local. E isso aconteceu com a outra garota presente no lugar. Paola estava muito feliz. Fez uma ótima entrevista e começaria o trabalho numa agência na segunda-feira da semana seguinte.
Saiu do prédio quase onze da manhã, precisaria fazer uma prova na faculdade e depois tentaria buscar sua filha na casa da ex. A mulher a chantageava, então contava com a sorte sempre que tentava.
— Não vou deixar você ver a Scarlet nunca mais. Quer acabar com nosso casamento por causa de uma bobagem, então vai embora sozinha. — Taís gritara quando Paola começara a arrumar suas coisas no dia da separação delas. A estudante estava em lágrimas.
Paola se lembrava daquele episódio ainda com mágoa. Mas sentia muita saudade de Scarlet.
Fez a prova, almoçou em um restaurante simples e se dirigiu à casa da ex, que também voltou a morar com a mãe. Paola suspirou ao chegar perto da casa da outra.
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Soneto
Short StoryColetânea de contos LGBTQ+ Esta obra é o primeiro volume do projeto Soneto misturando música, drama, comédia, Sci-fi em romances clichês. Todas as cores, todas as letras e vários amores.