Nix

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Lorena trabalhava em um café, dentro de uma escola de música no centro da cidade. Adorava os sons que saíam das salas. Adorava também uma aluna, que fazia aula de guitarra lá, sempre passava atrasada no café pedia um biscoito de queijo e um café sem açúcar e entrava correndo na sala. Lorena não sabia seu nome, nem onde morava, só sabia das aulas de guitarra porque ela entrava todo dia com o case do instrumento e a vira ensaiando, por uma fresta da porta, certa vez.

A aluna vivia trocando a cor do cabelo curto e naquela manhã ele estava azul. Chegou ao café, pediu o de sempre e entrou correndo. A operadora de caixa olhou para Lorena e sorriu.

— A Biscoito de Queijo sempre correndo, acho que até pra dormir ela tem pressa!

— Boba! — Lorena disse, rindo, ao se lembrar que a colega colocara aquele apelido na musicista porque ela fazia aquele ritual todo santo dia, e Lorena não sabia seu nome, nem nada a seu respeito além de saber que era aluna dali. Suspirava pela musicista, desde que começou a trabalhar naquele café três meses antes.

— Você é boba, eu já teria perguntado.

— Com que cara eu vou chegar e perguntar qual é o nome dela? Você é atirada demais, Edna, não consigo. Se ela achar horrível e me der o maior fora do mundo?

— Vai ser melhor que ficar assim amando de longe e só vendo por sessenta segundos, porque os encontros de vocês sempre foram assim...

— E se ela me disser seu nome e começar uma amizade comigo?

— Pra tudo tem jeito, Lorena.

Duas horas depois, Lorena fitava a porta e como a moça não saiu ela pegava uma vassoura e foi limpar perto da saída. Foi usando essa tática que a viu ensaiando sozinha no palco da escola vazia.

Edna sempre observava a colega, sorria quando a musicista saía e Lorena suspirava com um sorriso no rosto.

— Acho que esse é o amor mais puro que existe porque você não sabe nada dela e ainda fica com esse brilho nos olhos. Ela paga o lanche com dinheiro, parece que é flanelinha, só paga com moedas. — Edna brincou, arrancando uma risada de Lorena. — Se não fosse isso daria para saber o nome pelo cartão.

O estabelecimento era pequeno, no balcão ficava apenas Lorena. Tinha duas cozinheiras que ficavam na cozinha, entregavam os pedidos por uma janela e eram pegos por Lorena que disponibilizava no balcão e quem pediu buscava depois de escutar a senha gritada por ela; operadores de caixa havia dois, Edna ficava de seis às quinze horas e de quinze a meia-noite Plínio, dono do local assumia o posto. Plínio ajudava no atendimento também quando precisava.

Lorena atendia no balcão e cuidava da limpeza do lugar, com exceção dos banheiros, pois faziam parte da administração da escola.

Lorena atendia no balcão e cuidava da limpeza do lugar, com exceção dos banheiros, pois faziam parte da administração da escola

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Plínio chegou e chamou Lorena para passar umas tarefas extras.

— Você pode ir ao banco comigo na hora do seu almoço? Eu te libero mais cedo se quiser ou pago a hora extra. O Rafael fica no seu lugar aqui até voltarmos de lá. Se recusou a ir comigo, então vai ficar atendendo aqui.

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