O fato de Lorenzo ter viajado e ter me deixado sozinha nessa casa foi um pouco amenizado com a chegada da Valerie, ou melhor, da Giulia. Eu ainda não havia me acostumado com sua nova identidade, mas respeitava que ela teve que fazer isso depois de tudo o que passou.
Mas sua chegada também mexeu com sentimentos adormecidos em mim, principalmente sem o Lorenzo por perto.
Ficar ali, naquela casa, longe de tudo, com seguranças e câmeras a toda parte ainda me dava a impressão de estar em um cativeiro, um lindo e luxuoso cativeiro que me dava a ilusão de estar segura, mas ao mesmo tempo me lembrava que minha vida estava nas mãos de pessoas poderosas. Talvez agora eu entendesse o que um pássaro sentia quando estava em uma gaiola. Por maior e mais segura que ela fosse ainda sim não era a mesma coisa que a liberdade e isso estava me sufocando.
O deslumbre e os elogios da Giulia naquele lugar ocupava um pouco minha mente, a presença dela me fazia bem, mas eu via que nada mais era a mesma coisa.
Tentei falar com ela, falar o que eu sentia dentro de mim, da aflição que eu sentia e a coisa mais estranha aconteceu. Ela me disse para agradecer e parar de ser boba, pois eu estava segura e quem em sã consciência ia querer sair dali?
Por um lado ela poderia ter razão, eu tinha quase tudo ali, mas eu não tinha minha família nem a sensação de liberdade. E querendo adormecer novamente aquele turbilhão de sensações, querer me sentir como eu me sentia quando Lorenzo estava por perto topei fazer uma festa nossa na piscina, e assaltando a adega da casa peguei vários vinhos e espumantes que me ajudariam a aliviar minha cabeça. E isso aconteceu, por um tempo aconteceu e eu consegui voltar a me divertir, o que era estranho para alguém que estava passando por tudo isso.
Mas quando descemos para a praia, olhando a imensidão escura do mar eu senti tanta falta de sair daquele lugar e ir até às praias de Nice a noite apenas para ver o mar e as ondas escuras se quebrarem a minha frente.
E com a agonia voltando dez vezes pior do que antes eu olhei as pedras e tive a brilhante e péssima ideia de ir até lá.
Eu lembrava do helicóptero ver que o limite da própria era bem próximo do fim das pedras, e talvez se eu atravessasse elas eu encontraria o caminho para sair dali, e como se tivesse um capetinha em meu ouvido me mandando ir até lá eu fui. Meus pés me carregaram pelas pedras. Eu ouvia os avisos da Giulia que com sua voz embreagada me dizia o quanto era perigoso, mas eu não pensava naquilo, eu só queria saber onde aquelas pedras iam dar, até eu escorregar e cair em outras pedras do outro lado.
Vi as ondas se quebrando ao meu lado me molhando, e sentindo o vento frio cortar minha pele molhada eu tremi e tomei consciência do tamanho da idiotice que eu havia feito.
Está bem! Se eu conseguisse atravessar aquelas pedras com perfeição e alcançasse os limites da propriedade eu poderia me sentir livre, mas para onde eu iria? A fazenda era distante da cidade e até lá não havia casas nem nada. Sem falar que eu não poderia ir para a casa dos meus pais e colocar eles em mais perigo do que minha fuga ja os colocaria, e também não poderia deixar a minha melhor amiga nas mãos do Lorenzo. Ele pode ter dito que estava apaixonado por mim, mas eu não sabia o que ele era capaz de fazer se eu o revoltasse.
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Mundo Cor de Rosa
RomanceE se, você tivesse um grande sonho? E se, para realizar esse sonho exigisse grandes sacrifícios da sua família? E se, de repente, surgisse alguém com uma bela proposta que poderia resolver todos seus problemas e que ainda poderia facilitar seu camin...