Capítulo 5

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Na manhã seguinte, assim que abri meus olhos logo fui em busca do meu celular, mal dormi à noite na espera de uma resposta de Samuel; e assim que o encontrei tive minha primeira decepção do dia. Nada, não havia absolutamente nada.

Levantei-me chateada e dei início a minha rotina matinal, mas a cada cinco minutos conferia as notificações do celular. Talvez ele não tivesse visto o bilhete, ou teria não ido naquela tarde à cachoeira, portanto eu deveria ser paciente e esperar. Ou então... eu simplesmente deveria ir até lá e conferir.
Desci para o café e costumeiramente a mesa já estava posta e tia Anne acabava de fazer as torradas.

— Bom dia Car, dormiu bem? Você me parece um pouco cansada?— indagou colocando as torradas sobre a mesa.

— Bom dia, tia. Realmente não tive uma noite muito boa, me revirei o tempo todo na cama.— o que não era mentira.

— Posso saber o por quê? Espero que não esteja com a mente focada em garotos Carolina!— exclamou já levantando a sobrancelha; tia Anne parecia muito aborrecida com a ideia.

— Não! Eu só estava preocupada com as provas dessa semana.— menti descaradamente, torcendo para que ela não notasse.

— Estude bastante e não precisará se preocupar, mas não sabote seu descanso!— disse com um sorriso tão suave que me senti confusa com sua troca rápida de personalidade e apenas assenti, comendo uma das torradas.

Terminamos nosso café e antes de subir tia Anne me pediu para ficar novamente na floricultura para ela, o que me desanimou totalmente, afinal eu não iria à cachoeira mais uma vez.

Havia muitas encomendas naquela manhã, fiz tantos buquês, cestas e arranjos que não conseguia mais distinguir uma tulipa de um lírio. Estava exausta e ainda faltavam as encomendas para o entregador das 10:00 horas, como não havia jeito de me livrar a não ser preparando, fui conferir a lista novamente e enquanto lia, o sino da entrada ressoou.
Não sei descrever qual foi a minha reação, mas com certeza foi de pura confusão e surpresa. Samuel acabava de entrar na loja e pela sua expressão, estava tão confuso e surpreso quanto eu.

— Ah, oi Carolina! Não sabia que estava aqui de manhã disse friamente.

 Bom dia, Sam, posso te ajudar em algo?— decidi ignorar completamente o fato dele não gostar de ter me visto. Será que ele havia lido o bilhete e resolveu me ignorar? Quão bipolar ele poderia ser? Senti minhas bochechas arderem de irritação.

— Vim buscar uma encomenda que meu pai fez... Henrique Mander. Ligou hoje mais cedo. disse mal olhando para mim, apenas colocou as mãos nos bolsos e observou a bancada à sua frente.

— Irei montá-los agora, pode aguardar naquela poltrona.— apontei para o assento mais distante do balcão, não queria que ele percebesse como eu estava incomodada.

Ao que parecia, ele estava mais incomodado ainda com minha presença, pois ficou de costas para a bancada o tempo todo, passeando pelas prateleiras.
Por que raios ele estava me ignorando? Por que não me mandou uma mensagem, nem nada? Pareceu tão preocupado antes e agora me trata com desdém.

Enquanto montava sua cesta de rosas e enchia minha mente de interrogações, resolvi me distrair e apenas o observei. Ele continuava com as mãos nos bolsos, seus cabelos escuros estavam cuidadosamente penteados, sua rotineira expressão triste estava presente, mas não impedia sua beleza de se ressaltar. Ao observá-lo toda a irritação se dissipou e senti apenas vontade de abraçá-lo.

Terminei a cesta e o chamei, ao se aproximar notei o quanto seus olhos estavam inchados, o que me deixou de coração partido.

—  Obrigado! apenas pegou a cesta e se dirigiu a porta, deixando o pagamento sobre o balcão.

Agora eu quero partirOnde histórias criam vida. Descubra agora