Capítulo 13

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Assim que acabei meu banho fui falar com tia Anne, ela estava jogada na cama com o celular na mão, provavelmente jogando.

— Tia, teria algum problema se o Samuel viesse aqui hoje?— perguntei receosa, afinal, eu ainda não estava convencida de que estava tudo certo com a proximidade entre mim e Samuel.

Ela levantou levemente sua sobrancelha esquerda o que me deixou certa de que receberia um não.

— Tudo bem, querida — respondeu me deixando surpresa. Apenas sorri mas meu sorriso logo foi engolido pelo o que veio a seguir — A propósito, seu pai vem te buscar amanhã, sua mãe achou melhor você voltar antes. E eu tirarei umas férias também.

Agora eu entendia o por quê dela ter concordado tão rápido com a visita. Ela sabia que seria a última por um tempo.

— Bom, vou deixar vocês sozinhos um pouco, preciso voltar a floricultura —disse já se levantando — Vamos, eu te ajudo chegar até lá embaixo.

Assim que me sentei no sofá a campainha tocou.

— Essa é a minha deixa, juízo garota! — deu um beijo leve em minha cabeça e foi em direção a saída abrir a porta — Oi, Samuel, não é? Entre, a Carol está na sala, já estou de saída, divirtam-se!

Assim que Samuel entrou, seu rosto demonstrava confusão. Ele estava lindo, com uma blusa vermelha de mangas compridas, estas erguidas até o cotovelo, jeans escuros. Seu cabelo estava desordenado o que deixava ele mais bonito ainda. No pulso a mesma pulseira de antes, Beta1803. Nas costas trazia uma mochila preta de couro.

— Pensei que sua tia fosse menos simpática — disse sorrindo, depositando a mochila ao chão e se sentando em frente a mim, no mesmo lugar que Leo sentara-se mais cedo.

— Digamos que ela esteja um pouco mais doce por esses dias... — retruquei também sorrindo. — O que vamos fazer? - perguntei olhando em direção a mochila.

— O que você quiser, trouxe alguns jogos, o violão, que deixei no carro... — disse com um semblante divertido. Nem parecia alguém que havia tentado suicídio no dia anterior.

— Sam, como você está se sentindo?

— Eu estou bem, por que a pergunta?

— É que...­ — antes que eu pudesse terminar Sam continuou

— Eu te entendi, não precisa explicar. Emocionalmente, eu nunca vou estar bem, eu acho. Mas eu preciso aprender a ficar. O que eu tentei fazer ontem foi fugir, eu estava angustiado, sufocado, desesperado e a única coisa em que pensei foi em tirar o sofrimento de mim. Eu nunca havia conseguido ir até ele, nunca, sempre tive uma crise de pânico só de imaginar em vê-lo sob uma lápide e pensei que conseguiria sozinho, no entanto acabei surtando com a ideia. Foi um grito de socorro. Mas como eu disse, eu hesitei graças à você. Afinal eu havia te prometido, não é?­— deu um sorriso desanimado e continuou ­— Mas ter ido finalmente visitar o túmulo dele, de certa forma me fez me sentir menos angustiado, me ajudou um pouco. Então não se preocupe comigo, ok?

— Você sabe que não funciona assim... — disse mais para mim mesma do que para ele­ — Bem, que tal um filme?—sugeri, deixando meus pensamentos quietos por ora.

— Boa ideia! Gosta de terror?— perguntou de maneira maliciosa

— Adoro!— retruquei.

Escolhemos um filme sobre bruxas e antes de começarmos assistir, Sam sugeriu fazer um balde de pipocas. Mesmo afirmando que estava tudo bem e que poderia chegar a cozinha sozinha, Samuel me pegou no colo, seu perfume amadeirado era inebriante e a proximidade de nossos corpos me fez corar. O que tinha de errado comigo? Será que realmente eu não pensava nele ou no Leo apenas amigavelmente? Não, era só coisa da minha cabeça. Fizemos as pipocas e um suco e voltamos a sala; pelas 2 horas seguintes compartilhamos o sofá e a comida. Nunca ri tanto com alguém tomando sustos como ri com ele, a cada susto ele apertava minha mão e dizia estar tudo bem, como se fosse eu a medrosa dos dois.

Agora eu quero partirOnde histórias criam vida. Descubra agora