— Carolina!De repente fui despertada do meu transe , Lucca me chamava do outro lado da margem. Atravessei-a e me juntei ao grupo que já estava saboreando os lanches que trouxemos, nem havia me dado conta de quando eles saíram da água.
— O que você estava pensando que ficou tão concentrada a pouco? — Daniela me perguntou.
— Apenas no quanto me divertia quando morava com minha tia —respondi ainda com o coração apertado.
— Eu iria adorar morar aqui perto, ter esse lugar maravilhoso para passar o tempo é uma dádiva — Karen acrescentou a conversa.
— Realmente...— sussurrei.
— O que foi Carol? Você está muito pensativa desde que chegamos aqui — Edu falou pela primeira vez desde que sentamos.
— Não é nada, não se preocupe, só estou nostálgica — respondi e me silenciei comendo uma pera.
— Que tal irmos ao roseiral que tem aqui perto? Ouvi dizer que é aberto a visitação, eles oferecem um tour pela plantação e as estufas — Lucca disse após todos terminarem de comer.
— Vale muito a pena conhecer, é um lugar maravilhoso — disse tentando me animar um pouco.
A aceitação foi unânime, começamos a juntar e a guardar as coisas. Eu estava ansiosa para ver o roseiral, deveria estar mais bonito e majestoso do que me lembrava, porém eu o havia deixado a tanto tempo que mal me recordava dele. Atravessamos a margem rapidamente e uma plaquinha já apagada pelo tempo apontava a trilha para o campo de rosas. Ver aquela placa com a caligrafia dele me fez sorrir.
Havíamos a pregado na árvore 3 dias antes do meu aniversário. Que saudade!
Assim que nos aproximamos do roseiral, lágrimas encheram os meus olhos, o meu presente de outrora ainda pendia na árvore, já estava manchado pelo tempo mas continuava sendo uma visão bonita. Enxuguei meu rosto disfarçadamente antes que alguém percebesse minha emoção. Ao me aproximar do balanço, não pude deixar de tocá-lo e lembrar dos dias felizes em que estive ali.
Quando começamos a caminhar pela primeira fileira de rosas, notei que meu colar havia sumido. Procurei na minha mochila e não o encontrei. Eu não poderia perdê-lo, era a coisa mais importante que eu tinha dele, além das cartas e a pulseira. Poderia ter caído onde eu havia deixado a mochila anteriormente e por isso decidi voltar.
— Galera, alcanço vocês daqui a pouco. Esqueci uma coisa onde estávamos — falei parando bruscamente de caminhar.
— A gente te espera. Precisa de ajuda?— Lucca perguntou.
— Não precisa. Vai ser rápido, podem continuar, eu sei o caminho — dito isso, me virei e voltei a cachoeira.
Fiz o caminho de volta quase correndo e quando cheguei, atravessei a margem e pus me a procurar o cordão. Aquele colar havia me acompanhado por 10 anos. Por 10 anos eu o guardei, por 10 anos eu o mantive em minha memória e coração.
Finalmente consegui encontrá-lo, havia caído em uma ranhura da pedra, por sorte eu soube onde procurar, pois talvez eu nunca mais o encontrasse. O coloquei no pescoço e quando pisei na água para atravessar ouvi algo que não ouvia a muito tempo.
— O que faz aí sozinha?— uma voz doce e aveludada ressou á minha esquerda.
Meu coração disparou, minhas mãos começaram a suar, fiquei petrificada da cabeça aos pés e o mundo a minha volta se silenciou. Eu estava alucinando, não poderia ser ele.
Assim que me virei lágrimas correram pelo meu rosto, sim era ele, finalmente ele havia voltado.
— Daniel!— sussurrei já quase em prantos.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Agora eu quero partir
Romance"E foi com lágrimas nos olhos que eu os deixei partir..." Carolina, uma típica adolescente em seu último ano escolar e Samuel, um jovem misterioso que guarda um segredo muito doloroso sobre seu passado, capaz de fazê-lo tentar contra a própria vida...