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||1560 palavras.

Regulus não conseguia entender como a conversa com Remus fluiu tão bem.

Primeiro: Remus foi muito gentil com ele e, com certeza, Regulus não está acostumado a gentileza. Segundo: ele é amigo de seu irmão, pensou que os amigos de seu irmão o odiariam e ele os odiaria de volta.

Quando Sirius recebeu sua carta e foi para seu primeiro ano em Hogwarts, ele enviou cartas, muitas cartas. Nunca recebeu nenhuma resposta. Sua mãe dizia que Sirius havia feito novos amigos, e que tinha esquecido dele, então ele parou de escrever.

Já Sirius, achava que seu irmão o ignorava. Ele é que mandava cartas, ele que se lembrava, ele que nunca havia recebido uma resposta. Ele mandava diversas cartas para Regulus, mas o irmão nunca o respondia.

Nenhum dos dois sabia. Cada um pensava que estava sendo ignorado um pelo outro. Mas Walburga… ah não, ela sabia. Ela sabia muito bem o que estava acontecendo.

Toda vez que Regulus escrevia uma carta, Walburga não a enviava. Sempre que alguma carta de Sirius chegava a primeira coisa que ela fazia era jogá-la na lareira.

Ela fazia Regulus pensar que Sirius não se importava mais com ele, e Sirius pensava que seu irmão o ignorava.

Mas, extraordinariamente, a conversa correu muito bem. Foi legal conversar com alguém de verdade. Fazia tempos que Regulus não tinha uma conversa civilizada com alguém.

Ele se sentiu… bem. Era bom conversar com Remus, ele sabia escutar, mas também sabia quando falar.

Quando Remus virou as costas dizendo que deveria terminar seu trabalho de Aritmancia, Regulus se sentia leve. Sentiu-se em paz por alguns minutos. Pode até parecer bobagem, mas uma conversa pode mudar muito a cabeça de uma pessoa.

Sabe a sensação de andar de carro à noite? Quando você olha pela janela e consegue ver a lua, o vento batendo no seu rosto. Algumas pessoas passam pela rua e você se pergunta como elas são, o que fazem da vida, como o dia delas foi, você imagina tudo. E então, você coloca uma música, uma música calma. A música, o vento, a lua. Tudo junto. Parece que, por um instante, você flutua. Você sai do seu corpo e olha pelo lado de fora. Observa a sua imagem completamente em paz e sente-se bem.

Essa era a sensação.

Sirius passou vários minutos, talvez até mesmo horas, tentando imaginar o que Remus e seu irmão conversaram.

Tento falar com ele a 3 anos e não consigo, e então Remus chega um dia dizendo que, simplesmente, conversaram?, ele pensava.

Não era ciúmes… não! De nenhum dos dois. Era apenas uma sensação de inquietação. Como se estivesse perdendo algo, como se ele não soubesse de algo que estava acontecendo bem na sua frente.

Ou talvez só estivesse exagerando. É, pode ser isso.

— Sirius, que é isso? — questionou James curioso.

Sirius piscou saindo de seus devaneios.

— Isso, — começou ele batendo no objeto — querido Jay, é um toca-discos.

— E o que ele faz?

— Bem... ele toca discos.

James franziu a testa olhando confuso para o toca-discos.

— Sirius, onde você arranjou isso? — perguntou Remus chegando por trás de James.

— Comprei — respondeu dando de ombros.  

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