-- Então foi apenas um susto? -- Serkan perguntou pela quarta vez ao médico, fazendo Rosália - ou Aydan - revirar os olhos.
-- Mas se ele já disse que sim por que insiste nessa pergunta, criança? -- Perguntou. Serkan a olhou rapidamente.
-- Quero me certificar de que esteja bem. Só me deixe fazer meu trabalho. -- O rapaz disse sério e a mulher mais velha assentiu resignada.
-- Ela está perfeitamente bem, sua pressão apenas caiu e a dor no peito deve ter sido emocional. Provavelmente fazia algo importante demais para ela, o que resultou a dor psicológica, já que nos exames não apontou nada. -- Eda, quem estava mais atrás encostada no batente da porta, automaticamente pensou na caixa. Aydan deveria estar vendo fotos de Serkan minutos antes e por Serkan ter mencionado sua mãe para a mulher no dia anterior isso provavelmente aumentou a pressão psicológica em sua mente.
-- Certo. Então posso voltar a trabalhar hoje? -- A mulher mais velha, que estava recostada na cama, perguntou apressadamente.
-- Sugiro que repouse o dia de hoje para amanhã estar nova em folha. -- O médico disse.
-- Eu não lhe permitiria trabalhar hoje de qualquer forma. -- Serkan avisou.
-- Enfim. Já que não precisam mais de mim vou me retirar. Tenham um bom dia, senhores. -- O médico disse saindo do quarto da mulher. Aydan suspirou e olhou para Eda, quem lhe sorria mansa.
-- Serkan... -- A voz da mais velha saiu incerta e Serkan percebeu a insegurança em sua voz, a olhando confusa.
-- Está tudo bem? Precisa de algo?
-- Estou bem, filhinho. Apenas... -- Tomou ar e se ajeitou na cama. -- Precisamos conversar.
-- Sou todo ouvidos. -- Disse se sentando na beira da cama. A mulher lhe encarou fixamente. Com olhos nostálgicos um sorriso lhe brotou no rosto.
-- No dia em que você nasceu chovia tanto. -- Serkan a olhou surpreso. Rosália nunca lhe contava nada de sua infância. -- Eu me perguntava como seria seu rostinho. -- Falou sorrindo. -- Passei os nove meses imaginando como seriam seus traços... Como seria o som do seu choro... Como seria a maciez de sua pele... Se você gostaria da cor das paredes do seu quarto.
-- Eu fico feliz de saber que você acompanhou a gravidez da minha mãe. -- Serkan disse inocente.
-- Eu acho melhor eu... -- Eda começou, mas foi interrompida pela mulher mais velha.
-- Prefiro que fique, querida. -- Seu olhar de súplica fez Eda entender que ela queria Eda ali para confortar Serkan. Eda apenas assentiu e permaneceu no lugar.
-- O que está acontecendo? -- Serkan perguntou. A mais velha suspirou e lhe tocou as mãos.
-- No dia que conheci seu pai eu fiquei encantada. -- A mulher disse nostálgica. -- Imagina só. Um militar lindo daquele jeito me cortejando.
-- Você foi apaixonada por meu pai? -- Serkan perguntou sem reação. A mulher apenas apertou o toque em sua mão e prosseguiu.
-- Na época eu não sabia que ele era rico e poderoso. Ele para mim era apenas ele. Apenas Alptekin. -- Falou calma. -- Por um minuto eu pensei que o lixo de vida que eu era obrigada a ter poderia ficar no passado. "Oh, alguém me deu atenção. Devo valer algo, devo ser mais do que um encosto na vida dos outros. Alguém se importa comigo." Eu pensei.
-- Rosália...
-- Ele me cortejou por meses. -- Falou com a voz embargada. -- Eu parei de fazer o que fazia porque ele jurou que me protegeria de qualquer um e eu? Bem... Eu acreditei. -- Disse enxugando uma lágrima teimosa com uma de suas mãos, enquanto a outra ainda segurava a de Serkan. -- Eu fugi de onde eu estava e caí nos gracejos do seu pai e me entreguei a ele... de corpo e alma, mas um dia... -- Suspirou. -- Um dia ele se apaixonou por outra.
-- Minha mãe, certo? -- Serkan perguntou apenado. A mulher apenas mordeu o lábio e continuou.
-- Meu tio, que era o homem de quem fugi, me achou... -- Seus olhos desviaram para Eda, quem também não conhecia a história. A menina lhe sorriu e assentiu, como se dissesse para prosseguir. -- E eu fui espancada a chibatadas por uma semana. -- Os olhos de Serkan se arregalaram, uma mistura de raiva e surpresa faiscaram de seus olhos. -- Mas duas semanas depois as marcas sairiam do meu corpo e eu teria que voltar ao trabalho. -- Serkan escutou um soluço vindo de sua esposa, mas não sabia o que dizer. Estava horrorizado. Jamais havia escutado sobre o passado da mulher por quem tinha tanto apreço.
-- Por que você...
-- Mas não deu tempo de voltar ao trabalho, graças a Deus, porque... um dia eu comecei a passar mal e meu ciclo estava atrasado. -- Serkan entortou a sobrancelha em confusão. Aydan engoliu em seco e fitou seu filho nos olhos. Viu confusão, mas também viu um homem lindo e honrado. Nada poderia ser mais gratificante. Perderia seu filho, mas não abriria mão da felicidade dele com Eda. Jamais! -- E então descobri que a prostituta estava grávida.
-- Não pode... Não pode ser. -- Serkan disse soltando a mão de Aydan e se levantou atarentado. -- O que você... o que está me dizendo, Rosália?
-- Que você foi o melhor presente que seu pai poderia ter me dado em toda a vida miserável que eu tinha... Filho. -- Serkan balançou a cabeça em negação e olhou para Eda.
-- Diz para ela que não, Eda. -- Pediu com os olhos já cheio de lágrimas. -- Diz que não pode ser. -- Eda pressionou um lábio junto ao outro e pelo olhar Serkan soube. -- Você... -- Olhou para Rosália - Ou Aydan. - E logo para Eda novamente. -- Você sabia! -- Não foi uma pergunta. Eda tentou se aproximar, mas Serkan saiu correndo do quarto da mulher.
Lágrimas eram o que mais se via em Aydan, mas mesmo assim, quando Eda lhe olhou desnorteada, criou coragem para dizer algo firmemente.
-- Vá! Acerte-se com ele.
-- Mas você...
-- Eu ficarei bem. -- Eda lhe olhou ainda sem saber se deveria ir, mas Aydan voltou a falar. -- Eu só contei por vocês, criança, então preciso que se acerte com ele para eu ver que o que fiz valeu de algo. -- Eda se aproximou e beijou seu rosto.
-- Desculpe se eu te forcei...
-- Ninguém me forçaria a isso. Meu coração precisava dessa paz. -- Sussurrou a última parte. -- Agora vá. -- Eda assentiu, limpando as lágrimas com as mãos e saindo correndo disparada atrás de Serkan.
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Over the rainbow(Além Do Arco-íris) - Edser
Romance[Concluída] Over the Rainbow é uma história romântica que se passa no século XX. A protagonista Eda, contrariando as regras da aristocracia a que pertence, se apaixona por Cenk, um camponês da classe baixa, mas sua mãe, Aysun, deseja que a filha con...