-- Onde está meu marido, Rosália? -- Eda perguntou após procurar por toda a casa.
-- Engin passou aqui agora a pouco, madame. Tiveram que ir para uma batalha. Parece que os mesmos que sempre tentam nos atacar feriram um dos nossos desprevenido. -- Disse negando com a cabeça. -- saíram às pressas. Tem um enorme exército a caminho daqui, pelo que ouvi. -- Eda bufou. Uma onda de preocupação tomou posse dela, afinal Serkan não havia ido tomar chá com um amigo, tinha ido para uma batalha.
"É bom manter o equilíbrio em tempos de guerra. Perder a cabeça pode ser perigoso." Lembrou da frase que Serkan lhe disse poucos dias antes do casamento, e espantou a lembrança tentando não entrar em pânico. Isso era apenas sua mente culpada pela briga fazendo-a alucinar.
-- Tudo bem. Avise-me quando ele chegar. -- Pediu.
-- Não acho que ele volte logo dessa vez, madame. As coisas pareciam feias de acordo com o senhor Engin.
-- Obrigada. Vou subir então. -- Eda anunciou.
-- Não quer comer algo? A festa foi cancelada porque a maioria foi para a guerra, mas ainda sobrou comida de monte. -- Agora sim Eda entendia por que todos estavam correndo às pressas na rua. Iam para a batalha.
-- Não, obrigada, Rosália. Vou descansar.
-- Tenha uma boa noite então, senhora. -- Disse. -- Oh, espere! -- Pediu, fazendo Eda se virar para ela novamente. -- Serkan pediu hoje de manhã para eu te entregar isso a noite. Era para estarem juntos, mas ele precisou ir. -- Disse, entregando um pote totalmente decorado, dentro do recipiente havia as melhores trufas da cidade, Eda reconheceria de longe seu doce favorito.
-- Obrigada. -- E, com o pote em mãos, foi escada a cima.
[...]
Seis dias já haviam se passado. A raiva de Eda já havia se convertido em pura preocupação. Não podia negar que ainda sentia um pouco de mágoa, mas admitia ter pegado pesado demais com o que havia dito à Serkan. Ainda queria acabar com o casamento, mas não queria perder o contato com o mais velho. Não havia sido uma atitude nobre lhe enganar daquele jeito, mas pelo menos Serkan nunca lhe forçara a nada.
Já era noite e Eda olhava no céu, através de sua grande janela de vidro, o imenso Zepelim regressando. Sabia que Serkan poderia estar nele e se permitiu criar expectativas.
Quase trinta minutos depois escutou o mesmo barulho de coisas se quebrando na biblioteca, mas preferiu não ir até lá dessa vez. Talvez sua presença só piorasse as coisas. Ela mesma não tinha ideia de como reagiria frente à seu marido depois das barbaridades que lhe havia dito.
Entendeu em seu interior que, provavelmente, não sentia mais as mesmas coisas por Cenk, porque havia pensado nele em todos esses dias desde que Serkan se fora apenas nas vezes onde lembrava que havia sido vítima de uma grande mentira. Não com carinho, não com saudade. Saudade ela admitia estar sentindo de Serkan, seu agora talvez esposo ex- amigo.
O barulho da porta de seu quarto sendo aberta a fez olhar rapidamente na direção da mesma, sendo surpreendida por um Serkan completamente machucado, com o lábio cortado, um olho roxo, hematomas por todo o corpo e um curativo no ombro esquerdo, acompanhado de ninguém mais e ninguém menos que Selin.
-- Oh meu Deus, o que houve? -- Eda perguntou se aproximando. Serkan nada disse, apenas levou suas mãos à altura de seu peito, tentando abrir os botões de sua camisa, sendo impedido por Selin .
-- Deixa que eu te ajudo. -- Selin Falou rapidamente. -- Serkan levou um tiro, mas já foi tratado. -- Respondeu à Eda.
-- Não precisa. Deixa que eu faço. -- Eda disse se aproximando mais deles. Não era por ciúme nem nada, mas não queria que Selin visse Serkan em trajes íntimos. Ao erguer a mão na frente do peito de Serkan e cogitar a ideia de começar a abrir os botões, Serkan levantou seu braço direito rapidamente, segurando o pulso de Eda. Ela o olhou surpresa e Serkan reclamou baixo de dor pelo movimento brusco. Todo seu corpo doía, apesar do tiro ter pegado do lado esquerdo.
-- Você não! Ela! -- Impôs sério para Eda, fazendo a mesma se surpreender.
-- Eu não...não quero essa mulher no meu quarto. -- Mentiu o verdadeiro motivo de não querer Selin ali enquanto Serkan se despia. -- Olha, não quero brigar. Me deixa cuidar de você. -- Sussurrou para Serkan, mesmo ciente de que Selin a escutaria. Serkan manteve a expressão neutra.
-- Não precisamos brigar. -- O ruivo disse fitando o rosto de Eda. Seus olhos claros a encararam em silêncio, até sua voz ser escutada de novo. -- Selin, chame Piril, por favor?
-- Serkan, me deixe...
-- Eda, eu vou chamar a Piril, a Rosália, o capeta se for necessário... -- Se alterou. -- Mas em mim você não toca. -- Seu tom de amargura era notório. -- Não precisa sujar suas preciosas mãos com nada nojento. -- Eda abriu a boca várias vezes para dizer algo, mas nenhuma palavra saiu. Selin sorriu discretamente ao ver a relação dos dois se desmoronando. Se tudo continuasse assim, logo teria Serkan para ela. -- Por favor, Selin, faça o que pedi. -- E, sem dizer mais nada, a loira saiu do quarto.
Serkan respirou fundo e encostou a porta, logo depois caminhou com dificuldade até sua cama e se sentou ali, tendo levado mais tempo do que o normal e Eda reparou que mancava em uma de suas pernas, sentindo toda a culpa lhe invadir pelo que havia dito ao rapaz. Não era verdade o que havia falado, ela jamais sentira nojo de Serkan, disse apenas no calor do momento.
Sorrateiramente caminhou até a beira da cama e se sentou ao lado de seu marido. Analisou o rosto todo machucado do homem ao seu lado e fez mais uma tentativa. Levou sua mão até os cabelos do rapaz e lhe fez uma carícia calma.
-- Me deixa te ajudar. -- Sussurrou em um tom manso. -- Por favor. -- Sentiu Serkan querer ceder diante de sua declaração e vibrou internamente ao ver que seu toque tinha efeito nele.
-- Ajudaria se parasse de tentar se aproximar. Eu realmente não preciso da sua pena. -- Disse, com toda a dor no coração, para logo se levantar, caminhando para o banheiro. Eda sabia que Serkan não conseguiria tirar sua roupa sozinho, mas também sabia que ele estava ferido demais para aceitar qualquer coisa que viesse de Eda, e não era de feridas externas que estávamos falando.
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Ai, gente, que vontade de cuidar😭
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Over the rainbow(Além Do Arco-íris) - Edser
Romance[Concluída] Over the Rainbow é uma história romântica que se passa no século XX. A protagonista Eda, contrariando as regras da aristocracia a que pertence, se apaixona por Cenk, um camponês da classe baixa, mas sua mãe, Aysun, deseja que a filha con...