Over the rainbow(Além Do Arco-íris) - Edser

17

Eda levava, naquele momento, sua xícara de chá até os lábios e provava o sabor forte de café recém preparado. Antes disso se permitiu inalar o aroma e soprar vagarosamente o vapor que saía do líquido.

-- Está calma demais. -- Piril disse desconfiada. -- Parece até deslumbrada.

-- Minha melhor amiga está a caminho, claro que estou feliz. -- Eda disse, colocando a xícara sobre o pires e os colocou na mesa de centro.

-- Não gosta de nossa companhia? -- Piril fingiu tristeza e Eda sorriu.

-- Não seja boba, Piril. É só que ela é como uma irmã para mim e gosto de tê-la presente em minha vida.

-- Ela deveria ter vindo antes. Estou ansioso para conhecê-la. -- Engin disse, sem malícia na fala.

-- Só você. -- Selin falou secamente.

-- Ela já deve estar chegando. -- Piril disse, ignorando, como sempre, as malcriações de sua irmã.

-- Eu ainda acho que ela não vem. -- Ferit disse verificando seu relógio de pulso. Era um domingo, então todos ali estavam de folga. Eda convidou Melo para almoçar em sua casa cinco dias após ter visto sua amiga na fazenda e ela aceitou o convite com gosto, no entanto, Eda pedira que ela fosse mais cedo para que conversassem e para apresentá-la para seus amigos.

-- É claro que virá. -- Serkan disse se sentando ao lado de Eda no sofá.

-- Falando no demônio... -- Selin disse, desviando seus olhos de suas unhas ao ouvir o barulho da carroceria parando em frente ao local. A imagem de Melo fez Eda sorrir animada. Estava imensamente feliz por Serkan não fazer ela ter que abrir mão de suas amizades. Se levantou e foi em direção à sua amiga. -- Ela se veste assim? Que horror! -- Selin censurou ao ver a amiga de Eda vestida em uma roupa humilde.

-- Respeito, Selin. -- Piril pediu censurando-a com veemência e a garota bufou.

-- Gente, quero que conheçam minha melhor amiga, Melek. -- Eda disse com o maior dos sorrisos.

-- Um prazer, pessoas. -- A garota disse sorrindo despojada, nunca foi do tipo de pessoa tímida. Os olhos de Eda foram para Selin, quem se levantou na hora.

-- O prazer é nosso, sente-se, por favor. -- Selin disse em um tom extremamente educado e gentil. Eda olhou surpresa para Selin; a garota oferecer seu lugar para alguém era mais do que um milagre.

-- Obrigada. -- Melo agradeceu animadamente. Eda finalmente entendeu o propósito do ato ao ver Selin caminhando e se sentando ao lado de Serkan, para logo em seguida deitar sua cabeça sobre as pernas do rapaz.

Eda odiava o fato de Serkan nunca dizer não para Selin. Claro que a moça tampouco pedia beijos ou algo assim, mas mesmo assim, Serkan permitia Selin lhe abraçar do nada, deitar em seu colo, acariciar seus cabelos.

Não é que sentisse ciúmes, mas era seu marido ali. Não era bom experimentar a sensação de todos estarem te olhando como se você fosse uma corna ciente.

Eda queria pedir a Serkan que parasse de deixar que Selin fizesse o que lhe desse vontade, contudo não se sentia no direito. Não exercia o papel de esposa, portanto não achava correto cobrar algo de Serkan. Se seu marido quisesse ter um caso com Selin poderia ela reclamar? Claro que não.

Serkan havia deixado claro que via Selin como irmã, mas e se a carência lhe batesse a porta qualquer dia? Eda não esperava que Serkan nunca mais voltasse a beijar alguém, afinal, o casamento deles era uma fachada. O ruivo, em um ato de piedade, lhe salvara das garras de algum tarado por aí, mas deveria ele abrir mão de sua vida assim?

Eda só queria que uma barreira magnética fosse capaz de mandar Selin para o mais longe possível de Serkan. Que tipo de idiota se insinua para alguém casado? E, pior... na frente de todos.

Selín. Esse tipo de idiota, pois naquele exato momento a garota brincava com a bainha de sua blusa, deixando sua barriga completamente exposta. A garota tampouco usava sutiã, deixando à mostra o formato dos seios.

Serkan não se atreveria a olhar, pensou ela, mas quase morreu entalada na própria saliva ao ver os olhos de Serkan desviarem para a região. Poderia jurar que estava vermelha, mas quem se importava? Serkan estava olhando para seios alheios.

Os de Selin.

Na frente de Eda.

Descaradamente.

-- ...E foi isso, Eda. -- Ouviu a voz de Melo e voltou a realidade.

-- Eu?

-- Não ouviu nada do que eu disse, certo? -- A garota perguntou rindo e Eda assentiu, envergonhada.

-- Desculpe. É que estava pensando... -- Falou caminhando até Serkan. -- Poderia dar licença, querida? -- Perguntou sorrindo falsamente para Selin, quem se sentou novamente, mas não deixou lugar para Eda se sentar no sofá, sorrindo cinicamente.

-- Creio que não cabe. -- Selin disse com uma falsa ingenuidade.

-- Não tem problema. Para isso tenho o colo do meu marido. -- disse se sentando no colo de Serkan, enlaçando seus braços no pescoço do mais velho, pegando o rapaz de surpresa. -- Obrigada mesmo assim. -- Deu um sorriso triunfante antes de continuar. -- Como eu dizia... Conversamos horas aquele dia, mas meu marido nem sequer te deu atenção.

-- Oh, eu entendo totalmente que ele seja um homem ocupado. -- Melo disse e Eda negou com a cabeça.

-- De jeito nenhum. -- Falou se inclinando e deixando um beijo no rosto de seu marido. Serkan se viu um tanto aturdido ao inalar o cheiro do shampoo de Eda. O aroma adentrava-lhe as narinas fazendo-o se perguntar como Eda conseguia ser tão cheirosa. -- Serkan é o homem mais atencioso que conheço. Faço questão que se conheçam, afinal ele adora dar atenção para as pessoas, não é, amor?

Serkan engoliu em seco diante do apelido, mas não por alegria, igual deveria ser, e sim por medo. Algo no jeito de Eda lhe dizia que ele havia feito algo muito, muito errado.

-- Sinto muito, senhorita. No outro dia quis apenas deixar vocês conversarem no sossego do ambiente para colocarem os assuntos em dia. -- Se retratou. -- Minha esposa fala muito bem da senhorita e pensei que deveriam querer matar a saudade. Em momento algum quis parecer desinteressado de conhecer as amizades de minha esposa e perdoe-me se assim fiz parecer.

-- Não tem problema, não há necessidade para desculpar-se. -- Melo disse e Serkan sorriu-lhe, porém, algo na expressão solene de Eda lhe dizia que as coisas ainda não estavam bem.

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Mas eu me mooooordo de ciúuume🎵😂😂😂