A Saga de Arietis. Livro 2 - Heresia (Completo)

25. Troca de Favores

— Sua história é um grande exemplo para os ex-escravos, Sir Dingarel — comentou Cael. — Creio que entende muito bem como me sinto em relação ao governo de Cancri.

— Mais do que ninguém, majestade — confirmou Nicolas. — Mas falar sobre tragédias do passado não é o foco aqui.

— Você tem razão — declarou o rei. — Vamos ao que interessa. Vocês precisam de madeira e eu preciso que lidem com três problemas para mim. Se os resolverem fornecerei quanta madeira vocês precisarem.

— Parece plausível — disse Edward. — Mas de que tipo de problemas estamos falando?

— Vamos falar sobre um de cada vez — disse Cael. — Então, príncipe Edward, queira me acompanhar até o bordel.

— O quê?!

Poucos minutos depois os três anterianos estavam em frente a um edifício de cores chamativas e cartazes estravagantes. Uma placa  com o nome "Beijo da Sereia" se destacava.

— Nome interessante — comentou Nicolas.

— Gostou? — perguntou o rei. — Foi sugestão minha, mas fiquei surpresa quando a dona acatou.

— Majestade, que tipo de problema iremos resolver neste estabelecimento? — perguntou Edward.

— Isso só a dona pode dizer — respondeu. — Agora vamos, não podemos deixá-la esperando.

Ao passar pela porta o príncipe se deparou com a visão de uma mulher de olhos castanhos e cabelos pretos e ondulados os recebeu. Usava um vestido vermelho elegante e decotado. Ela os encarou com um sorriso acolhedor.

— Boa tarde, cavalheiros — disse educadamente. — Em que posso lhes ser útil?

— Mandy, querida, como vai? — saudou o rei.

— Majestade, que alegria recebê-lo — disse mordendo os lábios. — Estavamos mesmo a sua espera.

— Me desculpe pelo atraso. Pode nos levar até sua senhora?

— É claro.

Enquanto o grupo atravessava o salão principal dezenas de belas mulheres vestidas de forma provocante encaravam os visitantas, algumas fazendo gestos convidativos, outras os encarando de forma tímida e umas poucas apenas expressavam curiosidade. Mandy guiou seus convidados por uma escadaria que seguia para o andar superior e passou por um corredor, parando em frente a uma porta dupla vermelha. Bateu levemente, anunciando a chegada do grupo, então abriu a porta e, após convidar todos a entrarem, retornou o seu posto. Ao entrar Theomar sentiu um cheiro forte de perfume e tentou identificar de onde vinha. Olhou para a larga cama no fundo do quarto na qual uma figura feminina se debruçava.

— Então vocês chegaram — disse a mulher se levantando. — Eu já estava me sentindo abandonada, majestade.

— Senhores, esta é...

— Majestade, seu cavalheirismo é encantador, mas eu mesma posso me apresentar aos cavalheiros.

— Ah, queira me desculpar — disse constrangido.

— É um prazer conhecê-los, senhores — disse arrumando a barra do elegante vestido de seda preto. — Eu sou Samantha, chefe deste encantador estabelecimento. Agradeço por terem se dado ao trabalho de nos visitar.

— Eu sou Edward Tellas, encantado — disse fazendo uma reverência.

— Ah, sei bem quem o senhor é e os seus charmosos amigos também. Algumas das minhas meninas os viram quando chegaram ao porto. Devo dizer que as descrições delas não lhe fazem justiça. Especialmente as de um jovem príncipe estrangeiro. — Ela piscou de forma charmosa enquanto se aproximava de Edward e fez questão de exibir seu decote para lhe chamar a atenção. — Diga-me, alteza, você e seus belos companheiros estariam dispostos a ajudar um mulher necessitada a resolver um problema sério que a vem importunando há meses sem fim?