No dia seguinte a partida de Theomar e Edward da capital arietiana, Íntegra já se encontrava extremamente atarefada. Havia coordenado a reconstrução de Mesarthim durante meses e agora trabalhava junto aos principais economistas do país afim de bolar estratégias para reerguer a nação. Durante uma dessas reuniões um homem entrou na sala e pediu para que todos saíssem. A loira o olhou com uma expressão de rejeição, mas pediu educadamente para que os presentes se retirassem. O homem a encarou furioso e jogou alguns papéis sobre a mesa.
— O que signifiva isso, Íntegra? — gritou ele.
Ela pegou calmamente os documentos e os leu sem pressa.
— Uma certidão de nascimento, outra de casamento e uma declaração de direito a herança.
— Exatamente. Pensei que tinhamos um acordo.
— E tinhamos, pai. — confirmou ela. — Mas depois do que você fez, não temos mais.
— Eu não fiz nada! — declarou ainda irritado.
— Não sou burra. Sei muito bem que você fez parte do complô para acusar o Theo.
— Você está maluca?!
— Minha bênção me confere pensamento estratégico e não devaneios sem embasamento? Consigo elaborar pelo menos cinco maneiras pelas quais você seria beneciado com a saída de Theomar da academia.
— Pare de falar bobagens! Não fuja do assunto. O foco aqui é que você está quebrando o nosso acordo. Eu escondi de todos o fato de você ter tido uma filha com um Cavaleiro Elemental, convenci o Ruben a assumir a paternidade da criança e é assim que você me retribui? Se não fosse por mim, aquele pirralha estaria morta.
— Não se vanglorie, seu velho ganancioso. Eu garanti o título de marquês aos Blodbrand, não foi? Não é como se você tivesse feito tudo por caridade.
— Foi um acordo justo. Você não tem o direito de sujar o nome da nossa família assim. Isso é um absurdo!
— Absurdo, meu caro pai, é o senhor barganhar o bem estar da sua própria neta para benefício próprio. Que tipo de avô faz isso?
— Não fale comigo desse jeito. Eu sou seu pai. Ponha-se no seu lugar!
Ao dizer isso ele bateu na mesa com a palma da mão. Íntegra se recordou do dia em que seu pai a havia ordenado a se casar apenas para melhorar suas relações políticas. A memória a fez se lembrar do quão impotente ela era naquela época. Mas lembrou-se que agora possuía força o bastante para revidar. A loira se levantou da cadeira e socou a mesa, quebrando o móvel ao meio. O impacto fez uma corrente de ar quente se deslocar pela sala.
— Ponha-se você no seu lugar! — declarou enquanto seus olhos tornavam-se vermelhos. — Lembre-se que eu sou a líder da família desde que me uni aquele rubi. Sou eu quem dá a palavra final e só tolerei sua presença desagradável pelo bem da minha filha. Não que você entenda alguma coisa sobre cuidar bem da sua prole, seu canalha.
— É isso o que eu recebo depois de tudo o que fiz por você? Eu que sempre tentei guiá-la pelo melhor caminho?
— Você chama aquele casamento arranjado de melhor caminho?
— Na época as circunstâncias exigiam aquilo! Os Júpiter eram e ainda são a família mais influente e poderosa abaixo da família real. Você teria tudo do bom e do melhor.
— Se você realmente quisesse o melhor para mim, não teria tentado me forçar a casar contra a vontade e a mamãe não teria morrido tão jovem pela sua insistência egoísta em ter um herdeiro homem.
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A Saga de Arietis. Livro 2 - Heresia (Completo)
FantasíaUm ano após o fim da guerra contra Antares o reino de Arietis tenta se reerguer aos poucos. A economia, a educação e o poder militar ainda estão precários e a paz ainda é mantida com dificuldade. Em meio ao estado delicado da nação Eliza se vê obrig...