33. A Jornada de Maxwell

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O último ano havia sido penoso para Maxwell Vant. Desde que forjara sua morte para garantir a paz entre Arietis e Antares ele embarcara em uma viagem pelo mundo. Esteve em Geminor, terra dos elfos, para alertar seus governantes sobre uma grande ameaça que estava prestes a surgir. O mesmo fez em Tau, o reino dos anões, e Sadal, país dos orcs. Ele não esperava que assim que retornasse a Arietis receberia um pedido especial de seu velho amigo, rei Charles, para se empenhar em uma missão: encontrar a bruxa responsável por trazer os demônios ao mundo de Eclíptica.

Ciente de que os Sete Virtuosos poderiam ser uma ameaça e que Eliza poderia precisar de apoio, ele orquestrou um plano de emergência. Na noite anterior à partida da Cavaleira da Fé o velho guerreiro visitou Íntegra em seus aposentos e lhe entregou uma esfera de eco. Sua justificativa para tal era que ele não confiava em Harry e suspeitava que algo poderia dar errado durante a viagem a Vir. Naquela mesma noite o Cavaleiro da Justiça também se encontrou com Nicolas e Theomar com as mesmas intenções e orientações. Daquela forma todos os membros da Ordem das Cinco Estrelas estariam cientes dos eventos que ocorreriam no País da Devoção.

Quando Eliza e companhia partiram, ele os seguiu de longe, ocultando sua presença ao máximo ao impedir que o vento soprasse de modo a comprometer sua posição. Ao chegar em Spica ele não demorou a buscar informações, disfarçado como pedinte nas ruas. Ouviu a respeito da morte da família real pelas mãos da entidades malignas, mas algo lhe pareceu errado quando ele soube pelos civis o ano em que tal evento ocorreu. Segundo eles, a família real havia perecido há vinte e um anos. Isso deixou perplexo, pois Eliza possuía vinte. Sentiu-se motivado a tentar descobrir a verdade por trás daquele um ano a mais omitido pelos Sete Virtuosos, mas logo em seguida ouviu a respeito da bruxa.

Alguns diziam que ela havia partido para o outro lado do mar afim de fugir de sua punição, outros que foi morta em meio a confusão inicial provocada pela libertação dos demônios. Mas Maxwell preferiu acreditar em outra hipótese, a de que a mulher ainda vivia escondida em algum lugar do país.

Em meio a tantos rumores e teorias da conspiração o Cavaleiro da Justiça decidiu seguir uma pista que levaria até o Monte das Asas, localizado a alguns quilômetros de Spica. Lá, segundo diziam os boatos, um suposto fantasma aparecia às vezes após a meia-noite para roubar as almas dos desavisados. Sua experiência a cerca de relatos como aquele o levou a investigar. Antes de partir, porém, ele resolveu se encontrar com Eliza e Arda para as entregar esferas de eco também. Não revelou a natureza de sua missão para evitar que suas companheiras pudessem revelar algo aos supostos inimigos caso fossem capturadas e sofressem tortura.

Para garantir que ficaria informado sobre o progresso de suas aliadas, ele se dirigiu ao norte, até o Mosteiro de São Mika, construído em uma colina considerada sagrada para os habitantes de Vir. Adentrou o local no meio da noite, invadindo uma sala onde apenas um monge meditava em silêncio.

— Está bastante sorrateiro após sua morte, meu amigo — disse o sacerdote.

— Sabe como é, sacrifícios pela paz.

— Mentiras pela paz, você quer dizer.

— Não vamos ter esse conversa de novo, Ikibaco.

— Você está tenso hoje, Max? — disse o monge se levantando. — Talvez algumas horas de meditação o ajudem.

— Vou ter que deixar para uma próxima vez.

— A que devo a honra?

— Preciso de um favor.

— Interessante, prossiga.

— Tenho duas amigas em Spica. Preciso que você fique de olho nelas. Ainda tem uma boa relação com a capital, não é?

A Saga de Arietis. Livro 2 - Heresia (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora